quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Porto de Setúbal: solidariedade com quem?!


Para quem tenha dúvidas sobre a natureza reaccionária e fascista do actual governo PS, que só se mantém no poder à pala das muletas do PCP, BE e Verdes,  as recentes declarações da ministra do Mar,  Ana Paula Vitorino, sobre a luta que os estivadores travam nos portos nacionais e, em particular, no porto de Setúbal, são esclarecedoras.

Certamente uma das ministras mais reaccionárias do actual executivo, a senhora, quando questionada sobre se o futuro do porto de Setúbal pode estar comprometido se não se chegar a um acordo entre os operadores e os estivadores daquele porto, afirmou que “...Pode, com certeza. É isso que está em causa. Se continuarmos por este caminho, o porto de Setúbal deixará de ser viável e ficarão postos de trabalho em causa, empregos directos e indirectos“.

Com este tipo de declarações é bem patente, por um lado, o medo que se deseja instilar para denegrir e desmobilizar a luta que os estivadores organizados em torno do SEAL travam contra a exploração e a precariedade de que são alvo por parte das operadoras portuárias e, por outro,  uma demonstração inequívoca de com quem a ministra está solidária.

Apesar de vir afirmando que não é aceitável a existência de um tão grande número de trabalhadores precários nos portos nacionais e, em particular, no porto de Setúbal, esta reaccionária e fascistóide ministra do Mar, lá vai debitando que não foi possível ainda chegar a um acordo no porto de Setúbal devido , veja-se bem, à intransigência dos representantes sindicais do SEAL que estarão, segundo ela, a utilizar os estivadores “...como moeda de troca para uma luta de poder sindical...”, quer naquele porto, quer noutros portos nacionais, mormente os de Sines e Leixões.

Numa demonstração de com quem estão solidários, os trabalhadores da Autoterminal e da Volkswagen , em Emden,  dificultaram as manobras de descarga das 2 mil viaturas que, graças à intervenção das forças repressivas enviadas pelo governo português, foram embarcadas por fura-greves escoltados pelas forças policiais, num “navio fantasma” – o Paglia.

No pólo oposto,PS, PCP, BE e Verdes, e as Centrais Sindicais CGTP e UGT,apesar de chorarem “lágrimas de crocodilo” àcerca da “precariedade” a que estão a ser forçados os estivadores dos portos nacionais – e em particular os do porto de Setúbal – continuam a ser solidários com um governo que entende colocar-se, sistematicamente, do lado das operadoras que impõem um regime de “jorna”, como nos piores tempos do regime fascista, no porto de Setúbal.

A unidade férrea que é necessário estabelecer na luta por melhores condições de trabalho nos portos nacionais, um contrato de trabalho digno e justo, passa pela exigência da renacionalização de todas as operações portuárias que, para satisfazer os ditames da tróica germano-imperialista, foram sendo privatizadas.

Portugal, ao perder a sua autonomia e independência no controlo e gestão da actividade portuária, perde a oportunidade de tirar o melhor proveito da sua posição estratégica única de porta de entrada e de saída do essencial das mercadorias que entram e saem da Europa. Perde um activo que pode garantir benefícios enormes para os operários e trabalhadores portugueses.

Quando ouvirem, pois, falar de solidariedade e de com quem, cada uma das partes envolvidas
, está solidária, é disto que estamos a falar. A expressão da luta de classes, também no sector portuário!


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