Para quem tenha dúvidas sobre a natureza reaccionária e
fascista do actual governo PS, que só se mantém no poder à pala das muletas do
PCP, BE e Verdes, as recentes
declarações da ministra do Mar, Ana
Paula Vitorino, sobre a luta que os estivadores travam nos portos nacionais e,
em particular, no porto de Setúbal, são esclarecedoras.
Certamente uma das ministras mais reaccionárias do actual
executivo, a senhora, quando questionada sobre se o futuro do porto de Setúbal
pode estar comprometido se não se chegar a um acordo entre os operadores e os
estivadores daquele porto, afirmou que “...Pode,
com certeza. É isso que está em
causa. Se
continuarmos por este caminho, o porto de Setúbal deixará de ser viável e
ficarão postos de trabalho em causa, empregos directos e indirectos“.
Com este tipo de declarações é bem patente, por um lado, o medo
que se deseja instilar para denegrir e desmobilizar a luta que os estivadores
organizados em torno do SEAL travam contra a exploração e a precariedade de que
são alvo por parte das operadoras portuárias e, por outro, uma demonstração inequívoca de com quem a
ministra está solidária.
Apesar de vir afirmando que não é aceitável a existência de um tão
grande número de trabalhadores precários nos portos nacionais e, em particular,
no porto de Setúbal, esta reaccionária e fascistóide ministra do Mar, lá vai
debitando que não foi possível ainda chegar a um acordo no porto de Setúbal
devido , veja-se bem, à intransigência dos representantes sindicais do SEAL que
estarão, segundo ela, a utilizar os estivadores “...como moeda de troca para
uma luta de poder sindical...”, quer naquele porto, quer noutros portos
nacionais, mormente os de Sines e Leixões.
Numa demonstração de com quem estão solidários, os trabalhadores
da Autoterminal e da Volkswagen , em Emden, dificultaram as manobras de descarga das 2 mil
viaturas que, graças à intervenção das forças repressivas enviadas pelo governo
português, foram embarcadas por fura-greves escoltados pelas forças policiais,
num “navio fantasma” – o Paglia.
No pólo oposto,PS, PCP, BE e Verdes, e as Centrais Sindicais CGTP
e UGT,apesar de chorarem “lágrimas de crocodilo” àcerca da “precariedade” a que
estão a ser forçados os estivadores dos portos nacionais – e em particular os
do porto de Setúbal – continuam a ser solidários com um governo que entende
colocar-se, sistematicamente, do lado das operadoras que impõem um regime de “jorna”,
como nos piores tempos do regime fascista, no porto de Setúbal.
A unidade férrea que é necessário estabelecer na luta por melhores
condições de trabalho nos portos nacionais, um contrato de trabalho digno e
justo, passa pela exigência da renacionalização de todas as operações
portuárias que, para satisfazer os ditames da tróica germano-imperialista,
foram sendo privatizadas.
Portugal, ao perder a sua autonomia e independência no controlo e
gestão da actividade portuária, perde a oportunidade de tirar o melhor proveito
da sua posição estratégica única de porta de entrada e de saída do essencial
das mercadorias que entram e saem da Europa. Perde um activo que pode garantir
benefícios enormes para os operários e trabalhadores portugueses.
Quando ouvirem, pois, falar de solidariedade e de com quem, cada
uma das partes envolvidas
, está solidária, é disto que estamos a falar. A
expressão da luta de classes, também no sector portuário!
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