Jerónimo de Sousa, em mais uma das suas manifestações do mais puro reaccionarismo e oportunismo, próprias de quem há muito abandonou e
desprezou os princípios marxistas,criticou, num evento promovido pelo PCP em
Almada, os trabalhadores e sindicatos que recolhem fundos – foi mencionado o
exemplo dos enfermeiros que estão neste momento em greve cirúrgica, cujo sindicato conseguiu uma recolha de 400 mil
euros – para subvencionarem os seus filiados durante o período de paralisação.
Só ficará surpreendido com esta atitude quem não esteja
atento à práxis de décadas do partido revisionista de Barreirinhas Cunhal,
agora chefiado pelo bronco Jerónimo de Sousa. Este comportamento deriva do
facto de terem abandonado a prática marxista e o princípio da solidariedade
operária e comunista.
Quando os operários e trabalhadores começaram a perceber que
a greve é um instrumento importante na luta contra o capital que o explora,
imediatamente surgiram organizações – sindicais e de outra natureza – a recolher
fundos para suprir as necessidades dos grevistas. Mas, o objectivo não era só
esse. Era, por um lado, impedir que a luta travada por operários e
trabalhadores fosse derrotada por motivos financeiros e, por outro, criar mais
um factor de unidade entre todos os trabalhadores e operários – quer os
directamente envolvidos na greve, quer os outros
O bronco, para justificar
o seu ponto de vista reaccionário lá vai dizendo que até lhe teria dado
jeito terem sido pagos os dias em que, quando era metalúrgico, esteve em greve,
mas que foi preferível que isso não tivesse acontecido, pois o sacrifício
financeiro a que esteve sujeito ter-lhe-á despertado a consciência!!!
A consciência, para Jerónimo, como para qualquer
revisionista, social-fascista, é pois uma conquista individual que não tem de
derivar de um processo colectivo. A solidariedade operária e dos trabalhadores
é potencialmente geradora dessa unidade e, sobretudo, da organização férrea
necessária a levar a bom porto as lutas que se travam.
A citação que abaixo se reproduz do livro escrito por Lenine
em 1899 – Sobre as Greves – é bem reveladora da importância que ele dava às caixas
e aos fundos para apoio aos grevistas, ao mesmo tempo que demonstra a miserável
traição de Jerónimo de Sousa e do seu partido revisionista e social-fascista,
bem como da central sindical que dirige e influencia, a CGTP, ao movimento
sindical operário e trabalhador, e a um dos seus instrumentos de luta que é a
greve:
“As greves são um dos meios de
luta da classe operária pela sua emancipação, mas não o único. E, se os
operários não prestam atenção a outros meios de luta, atrasam o desenvolvimento
e os êxitos da classe operária.
Com efeito, para que as greves tenham êxito são necessárias as caixas de
resistência, a fim de manter os operários enquanto dure o conflito. Os
operários (comummente os de cada indústria, cada ofício ou cada oficina)
organizam essas caixas em todos os países, mas na Rússia isso é extremamente
difícil, porque a polícia as persegue, apodera-se do dinheiro e prende os
operários.”
E é precisamente pelo facto de em Portugal – ainda – não ser perseguida pela polícia a acção de recolha de fundos e a apropriação dos mesmos, quer por parte do patronato, quer por parte das forças de repressão, que parece indignar Jerónimo.
Jerónimo e o PCP revisionista e social-fascista, para além
de escamotear que os sindicatos e a Central Sindical que dirigem têm sido
factores de divisão entre operários e trabalhadores, e determinantes para a
desmobilização das lutas ao propor becos sem saída, pretende desvalorizar um
aspecto singular das primeiras lutas operárias que era o da solidariedade
consubstanciada nos Comités criados para a recolha de fundos para os grevistas –
as Caixas.
Mas, as críticas de Jerónimo têm outro alcance. Que é o de
tentar desarticular lutas e direcções sindicais que não tenham o selo de
aprovação da CGTP e do PCP. Bem que podem vir afirmar a sua solidariedade para
com os estivadores organizados em torno do seu sindicato nacional – o SEAL -,
que não lhes valerá de nada.
A esmagadora maioria dos estivadores portugueses já concluiu
que da CGTP e do PCP, palavras leva-as o vento e que, o que poderiam esperar dos
sindicatos amarelos, revisionistas, é aquilo que eles sempre lhes ofereceram: desmobilização, traição,
fazer o jogo do patronato, enfim, vender os estivadores, à jorna, às grandes
multinacionais da operação portuária, perpetuando a precariedade.
O mesmo quanto aos enfermeiros. A resistência em apoiar a
greve cirúrgica em curso, deve-se ao
facto de que, quer a Ordem dos Enfermeiros, quer as estruturas sindicais que
organizam e dirigem a greve, terem ousado sacudir a direcçáo conciliadora,
hesitante e errática do sindicato de enfermeiros afecto à CGTP que fez abortar
toda e qualquer luta por uma carreia digna, assente numa justa progressão, uma
classe que tem levantado a sua voz em defesa do Serviço Nacional de Saúde.
Excelente texto assino por baixo.
ResponderEliminarNem fascismo nem social-fascismo!