Gato escondido com o
rabo de fora…
A
caridadezinha burguesa, para além de outros objectivos, visa sobretudo
adormecer e inebriar a consciência dos trabalhadores e do povo quanto às
verdadeiras causas das condições de fome e de miséria para que foram atirados
por um sistema que assenta na exploração do homem pelo homem e no sacrossanto
lucro.
Num momento
em que, fruto das consequências decorrentes das crises económicas e financeiras
do capitalismo, em que a planificação económica não se baseia nas necessidades
do povo, mas tão só nos lucros que os detentores do capital e dos meios de
produção poderão obter – nem que para tal tenham de morrer milhões de
trabalhadores em todo o mundo –, logo aparece um batalhão de “piedosas” almas,
as Jonets, as “santas” casas disto e daquilo, as “caritas”, muito afogueadas, a
organizar peditórios para tudo e mais alguma coisa, dizem eles que para
“aliviar” o sofrimento dos “pobres da terra”.
Se é certo
que milhares de voluntários se prestam a dar a sua genuína e generosa
solidariedade, participando activamente em todos esses peditórios – desde os
“bancos alimentares” à recolha de vestuário, passando por fundos para tudo e
mais alguma coisa -, não menos certo é que
quem se apropria da direcção e destino do resultado dos mesmos tem uma
agenda ideológica que assenta no pressuposto de “desculpabilizar” o sistema que
cria as condições de fome e miséria pelas quais o povo está a passar.
Isto, para
além de o controlo da esmola ser por si um instrumento de poder e dominação.
E o que
dizer, então, da suprema hipocrisia que é o facto de campanhas como as do
“Banco Alimentar contra a Fome”, entre outras, serem ansiosamente aguardadas
pelos “Pingos Doce” e “Continentes” do nosso descontentamento, que vislumbram nas mesmas uma receita adicional para os seus já abarrotados cofres e para as
suas já gordas fortunas?!
Quer as
grandes cadeias de supermercados – que, logicamente, se “disponibilizam” de
imediato para aderir a estas campanhas – quer o estado que defende os seus
interesses arrecadam, os primeiros, fabulosos lucros pela venda dos produtos
generosamente adquiridos por quem, de facto, quer ser solidário, e os segundos,
impostos directos como e IVA e indirectos como o IRC. Contas feitas, neste
negócio da caridadezinha, ao destinatário da mesma, se chegarem uns míseros 20
ou 30% do resultado das mesmas já estão com muita “sorte”, enquanto o estado
burguês e os grandes grupos económicos que exploram essas grandes superfícies,
abocanham mais de 80%!
Àqueles mais
“piedosos” que, ainda assim, poderão dizer que, então, se não organizarmos este tipo de campanhas é que milhares ou
centenas de milhar poderiam morrer à fome, nós respondemos que não é com
aspirinas que se curam cancros. O cancro do capitalismo que, ciclicamente,
provoca a destruição massiva das forças produtivas e atira para o desemprego, a
fome e a miséria, somente em Portugal, mais de 3 milhões de elementos do povo,
nunca será ultrapassado com este tipo de paliativo!
A
solidariedade operária é bem diversa da “caridadezinha” burguesa. Basta atentar
no exemplo da campanha de recolha de fundos levada a cabo pelos operários
mineiros britânicos para ajudarem os seus irmãos de classe das minas de carvão
em Espanha, particularmente os das minas das Astúrias, que entraram em greve
contra a política do governo espanhol de seguir servilmente os ditames do
directório europeu em encerrar as mesmas e lançar milhares de mineiros no
desemprego, sem outra alternativa que não fosse a fome e a miséria para os
mesmos e as suas famílias.
A sua cura,
em Portugal, passa pelo derrube de um governo de traição que se prestou a ser
um serventuário obediente dos ditames da tróica germano-imperialista, passa
pela constituição de um governo democrático patriótico que nacionalize todas as
empresas e sectores de importância estratégica para um novo paradigma de
economia, ao serviço do povo e de quem trabalha, um governo que recupere o
tecido produtivo que foi destruído à custa de uma política vende-pátrias levada
a cabo por sucessivos governos do PS e do PSD, por vezes acolitados pelo CDS.
Um governo
que tenha a coragem de expulsar do nosso país a tróica germano-imperialista,
que tenha a coragem de colocar o sector bancário sob controlo do estado, um
governo que imponha sem hesitações a suspensão, no mínimo, do pagamento da
dívida e dos juros dela decorrentes, um governo que tenha o discernimento e a
coragem de preparar o país para a saída do euro se tal se impuser como
indispensável para a defesa da nossa soberania nacional e o bem estar do povo.
Estou de acordo que: Isto, para além de o controlo da esmola ser por si um instrumento de poder e dominação...Onde está esse governo com coragem
ResponderEliminarde expulsar do nosso país a tróica germano-imperialista, que tenha a coragem de colocar o sector bancário sob controlo do estado, um governo que imponha sem hesitações a suspensão, no mínimo, do pagamento da dívida e dos juros dela decorrentes, um governo que tenha o discernimento e a coragem de preparar o país para a saída do euro se tal se impuser como indispensável para a defesa da nossa soberania nacional e o bem estar do povo...Tudo o que aqui foi escrito, é a pura realidade, deve de ser compartilhado para abrir os olhos a quem tenta manter fechados, com medo da verdade....Obrigada Luis Júdice....:)