Na sua edição de hoje, o semanário alemão “Der Spiegel”
anuncia que o défice público do estado germânico não só chegará a zero, como
tal será conseguido à custa do aumento das receitas fiscais.
Só para quem não queira entender, é que o princípio dos
vasos comunicantes não faz sentido. Claro está que a consequência dos fabulosos
e especulativos lucros que os grandes grupos financeiros e bancários alemães
registam, à custa das “dívidas soberanas” da Grécia, de Espanha, da Itália, da
Irlanda e de Portugal, levando esses países a ficarem exauridos dos seus
recursos e os seus povos a serem atirados para a fome e a miséria, seria a de
terem um efeito muito positivo no orçamento germânico.
Como é certo que, enquanto montava uma estratégia que levou
à liquidação do tecido produtivo desses países, obrigando-os a importar cada
vez mais produtos industriais da Alemanha, criaram as condições ideais para,
por um lado, dar pujança à sua indústria – que atingiu superavits
extraordinários – e, por outro, criar um ciclo de endividamento progressivo e
impagável para esses países.
A cereja no topo do bolo desta estratégia laboriosa e
sagazmente montada pelo imperialismo germânico culmina na imposição do euro –
nada mais, nada menos do que o marco travestido – como moeda única e com uma
paridade cambial que mais defendesse os interesses da Alemanha.
Claro está que, enquanto ao imperialismo germânico, com uma
indústria e um sector financeiro e bancário pujantes não lhe interessa, sequer,
que se ponha a hipótese de uma desvalorização do euro, para países fragilizados
pela traição das camarilhas do tipo PS, PSD e CDS que se submeteram aos seus
interesses e ditames, muito interessaria poder agora valer-se da independência
quanto à política cambial, à qual, se ainda possuíssem moeda própria, poderiam
recorrer, quer para desvalorizar, quer para valorizar a sua moeda em
consonância com os seus interesses próprios e as necessidades da sua economia e
soberania.
Não surpreenderá ninguém, pois, que os cálculos que o
ministro das finanças do IV Reich, Wolfgang Schauble, fez, há uns mêses atrás,
de que o processo de consolidação orçamental na Alemanha atingiria o ponto zero
do défice em 2013, tenha sido antecipado para 2012, ano em que era expectável
ele representar, ainda, uma taxa de 0,5% do PIB.
Assim como não surpreenderá que o nível de endividamento da
Alemanha, que as mesmas projecções referiam poder ser, em 2012, de 83,5% do
PIB, se ficarem agora pelos 81,5%, sendo que a perspectiva para 2016 é a de que
se situe em 73%. Enquanto, claro, Portugal chegará, até ao final de 2012 com um
défice, no mínimo, igual a 5% do PIB e o seu nível de endividamento
ultrapassará os 125%!
Óbvio! O” líquido” que sai do “vaso” de uns, neste princípio
de comunicação e transferência de recursos, inunda o vaso de outros!
Entendendo-se por “líquido” os recursos e os activos que os países estão a ser
obrigados, com a prestimosa colaboração das camarilhas traidoras e ao serviço
dos interesses do IV Reich – no caso português, com a colaboração dos traidores
Coelho e Portas – a sacrificar no sacrossanto altar da dívida e da acumulação
acelerada de capital.
Quebrar este infernal ciclo dos “vasos comunicantes” passa,
no caso de Portugal, pela constituição de uma larga frente de todas as camadas
populares, com ou sem partido, disposta a construir um governo democrático
patriótico como consequência do derrube deste governo de traição PSD/CDS. Passa
por expulsar do nosso país a tróica germano-imperialista e suspender, no
mínimo, o pagamento da dívida e do “serviço da dívida”. Passa por preparar a
saída do euro, controlar o sistema bancário e pôr em prática um programa que
leve à reconstrução do nosso tecido produtivo e a um novo paradigma de economia
ao serviço dos trabalhadores e do povo.
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