Esta semana vieram Passos Coelho e todos os opinólogos ao seu serviço destacar a preocupante redução da natalidade, tendo o PSD criado, inclusive, uma Comissão dita
independente para produzir um relatório que, escamoteando
claramente que essa redução está intimamente associada à promoção institucional
da emigração, aos cortes nas prestações sociais, ao crescente nível de
desemprego e precariedade que, primeiro o deposto governo de Sócrates, e agora
o governo de traição nacional que integra, aceitaram implementar quando
assinaram o Memorando de
Entendimento com os
grupos financeiros e bancários, sobretudo alemães, que beneficiam lautamente
com o negócio da dívida.
Para que os incautos possam uma vez mais ser enganados, a dita
Comissão chega, inclusive, a propor alterações e reduções a alguns escalões do
IRS para beneficiar famílias
numerosas! Santa hipocrisia, quando foi este e o anterior governo que se
encarregaram de praticamente eliminar o chamado abono de família, agravando com essa medida as condições de vida de
uma parte considerável dos trabalhadores e do povo português. À cautela, aliás,
quer Coelho, quer Portas, já vieram declarar que as conclusões de tal relatório
são meramente…indicativas!
Há uns tempos atrás denunciámos que a inteligência criminosa do actual ministro da saúde, Paulo Macedo,
que começou a revelar-se aquando da sua passagem pelo BCP/Millenium onde, como
gestor, foi co-responsável pela criminosa política de casino especulativo em que aquela entidade bancária privada se
envolveu, mormente a arriscada e desastrosa compra de dívida pública de outros países e a adesão a fundos de alto risco
que estiveram na base do estrondoso rebentamento da famigerada bolha imobiliária, estava a refinar-se
cada vez mais, sucedendo-se as mentiras que, tantas vezes repetidas, começou a
acreditar que seriam aceites pelo povo como sendo verdade.
Diligentemente, seguindo os planos – e aprofundando-os, até –
iniciados no governo de Sócrates, procede ao continuo encerramento de centros
de saúde, maternidades, serviços de urgência, etc., pretende encerrar hospitais
de referência como o de Santa Cruz para transferir activos públicos de grande
especialização para o sector privado – mormente para a Cruz Vermelha, mas
também para os Grupos Melo, Champalimaud e BES, entre outros - , aumentou para
o dobro as taxas moderadoras para as consultas médicas e para os que recorrem
às urgências hospitalares e caucionou um dramático aumento dos custos de
transporte em ambulâncias.
Pois é, tal como no passado se gabava dos fabulosos lucros que
ajudou o BCP a ensacar – e que agora os trabalhadores e o povo português estão
a ser obrigados a pagar -, tal como no passado se orgulhava de ter posto na
ordem o serviço de colecta de impostos, Paulo Macedo vem anunciar, todo ufano,
uma grande redução do recurso a consultas médicas e aos serviços de urgência
hospitalar.
Isto é, aumenta-se para o dobro o valor das taxas moderadoras,
reduzem-se os actos médicos, quer os decorrentes das consultas médicas, quer os
das urgências e internamentos hospitalares (nos quais se incluem as
intervenções cirúrgicas), despedem-se centenas de enfermeiros, auxiliares e
médicos, para se chegar à conclusão de que, do ponto de vista financeiro, o resultado líquido não só torna mais exequível o
SNS, como permite gerar poupança para
o erário público.
Estas acções, conjugadas com o roubo generalizado dos salários e
do trabalho, com os cortes em tudo o que sejam benefícios sociais ou no acesso à educação, habitação, transportes
e saúde para o povo, para os trabalhadores e suas famílias, estão agora a
revelar as consequências que prevíramos e denunciámos. Um impacto criminoso
cujos efeitos poderemos desde já elencar:
·
maior índice de mortalidade,
·
quebra dramática da esperança média de vida,
·
baixa abrupta do índice de natalidade,
·
rápido e progressivo agravamento do envelhecimento da população
com as implicações que tais fenómenos sociais terão nos fundos da segurança
social e na política de prestações sociais que são da responsabilidade do
Estado.
Bem pode Passos Coelho e o seu governo vende pátrias vir agora
chorar lágrimas de crocodilo e
afirmar-se apreensivo com a dramática quebra dos índices de natalidade que, a
não ser derrubado este governo e constituído um governo de unidade democrática
e patriótica que faça Portugal sair do euro, repudie a dívida e ponha em marcha
um programa de recuperação do tecido produtivo e um plano de investimentos
criteriosos, e em algumas décadas será a própria sustentabilidade de Portugal
como nação independente que estará comprometida.
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