sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Escola de Música do Conservatório Nacional:

Só com luta dura e prolongada os estudantes, pais e professores vencerão!


O Conservatório para a Música criado em Lisboa nasce de um projecto proposto pelo compositor português João Domingos Bomtempo (1775-1842), um pedagogo de reconhecido mérito na sua época. A sua pretensão era colocar em marcha a reforma do ensino musical em Portugal, contando para tal com as experiências e contactos que tinha acumulado, particularmente em França e na Inglaterra.

Apesar de o projecto inicial, que seguia o modelo parisiense, ter sido proposto em Junho de 1834, só quase um ano depois, por decreto de Junho de 1835, o Conservatório de Música, então como anexo à Casa Pia, foi concretizado, sendo atribuída a sua direcção ao próprio João Domingos Bomtempo.
Uma luta dura e prolongada contra os velhos do Restelo que naquela época, como hoje, vêm na cultura uma ameaça e um alvo a abater, pois contribui para elevar a consciência daqueles que a ela têm acesso.
Tanto o actual governo PSD/CDS, como o anterior, liderado por Sócrates e pelo PS, seguiram nesta matéria – isto é, na frente cultural – a mesma política que Goebels, antigo ministro de Hitler. Quem se atrevesse a falar de cultura ao pé de si era liminarmente abatido a tiro.

Só assim se compreende o estado de abandono, desprezo e destruição a que estes governos do chamado bloco central votaram a cultura e, no caso em concreto, o Conservatório Nacional. Há cerca de 75 anos que o edifício não é sujeito a qualquer obra de restauro, ampliação, conservação ou, muito menos, modernização. Está, pois, a cair aos bocados e ameaça tornar-se, muito rapidamente, mais uma das ruínas e destroços que abundam na capital.

A Escola de Música do Conservatório Nacional (EMCN), que representa uma parte significativa e significante da actividade desta instituição de ensino secular ocupa cerca de 50 salas. Na sequência de uma vistoria levada a cabo, e por iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa, esta tomou a decisão de mandar encerrar e selar 10 dessas salas, isto é, um quinto do espaço disponível para as suas actividades.

Hoje, segundo dia da concentração frente ao Conservatório Nacional para impôr o financiamento e realização de obras imediatas,  este vigoroso processo de luta obrigou a que a DGESTE (Direcção-Geral dos Estabelecimentos de Ensino, organismo tutelado pelo Ministério da Educação) se sentasse esta manhã com uma Comissão composta por representantes de professores, alunos e pais da EMCN.

Durante a supracitada reunião, a DGEST assumiu o compromisso de libertar as verbas necessárias à concretização urgente e imediata de obras de conservação e restauro que permitam a reabertura das salas encerradas e a prática do ensino com qualidade e segurança em toda a escola.

Como actualmente têm de contar com a generosidade de outras instituições de ensino vizinhas – como é o caso do Passos Manuel – que cedem salas para poderem leccionar as matérias curriculares ou , pura e simplesmente, praticar e ensaiar, professores, alunos e pais estão preocupados com a possibilidade de poderem surgir comportamentos de desânimo e abandono escolar, decorrentes do desconforto e insegurança que a situação que vimos a descrever provoca.

Para além disso, professores, alunos e pais revelam a sua preocupação em preservar um riquíssimo espólio, sobretudo de instrumentos musicais, mas não só, com grande valor histórico, que se degrada todos os dias, sujeitos que estão à humidade, à chuva, à queda de tectos e paredes, ao pó, etc.

Esta tarde decorreu uma Assembleia Geral onde professores, alunos e pais se congratularam pelo alegado compromisso que impuseram à DGEST e ao MEC. Mas, demonstrando ter consciência de que palavras leva-as o vento e de que de promessas têm um saco cheio, decidiram não baixar os braços, nem aliviar a pressão e a luta até que as obras, para cuja execução se exigia financiamento, estejam concluídas.

A consciência da necessidade de unir todas as forças e sectores do Conservatório Nacional – mesmo aqueles que, alegadamente, acreditam não estar a ser afectados pela presente situação – esteve bem patente no cordão humano que hoje envolveu todo o quarteirão onde se situa o edifício do Conservatório Nacional.


Para que professores, alunos e pais da Escola de Música do Conservatório Nacional possam vencer esta luta, essa unidade tem de ser aprofundada, alargada e cultivada todos os dias. Para ousar vencer, há que ousar lutar, há que ousar unir!















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