A 5 de Outubro de 2013 propus à
leitura o texto que abaixo reproduzo. A chantagem, pressão e ameaça que o
imperialismo germânico neste momento exerce sobre o governo grego,
democraticamente eleito pelo povo que sufragou o programa do Syriza, demonstra
plenamente a apreciação que então se fazia e a saída que se continua a defender
para assegurar a independência, a soberania, a liberdade, a democracia e o
progresso para os países e povos da Europa.
Não é a Alemanha que é indispensável à sobrevivência do euro. É o euro que
é indispensável à estratégia de dominação do imperialismo germânico sobre a
Europa. E, para a Alemanha, há-de chegar o momento em que, depois de se ter
utilizado desse instrumento para dominar os povos e nações da Europa – assim
tenha sucesso com esta sua estratégia – pura e simplesmente o dispensará.
Lastro ou bote de salvação para os povos da Europa? |
As desesperadas tentativas de chantagem exercidas pela chefe do IV Reich, a
Srª Angela Merkel, que teve o apoio canino do seu valet de chambre,
o salta-pocinhas Sarkozy, antigo presidente francês e, pelos vistos, beneficia
dos silêncios ensurdecedores do socialista François Hollande, sobre os restantes países da
chamada zona euro, decorrem do facto de a Alemanha saber, de
há muito, que o projecto europeu só servirá
efectivamente os seus interesses de dominação sobre os restantes países
europeus, se conseguir impor a moeda única. Paulatinamente, foi
convencendo vários países a aderir a esta ideia, prometendo-lhes o paraíso do
leite e do mel em abundância, conseguindo que as burguesias vendidas de 17 dos
27 países que integram a União Europeia ao euro aderissem.
E de cimeira em cimeira – a dois ou com os seus serventuários – foi
acrescentando novos patamares para desferir novos golpes, encarregando a sua
tróica germano-imperialista de ir impondo memorandos e programas que visam, tão
só, dominar e espezinhar os povos e países da Europa, arrogando-se tomar
medidas absolutamente fascistas e antidemocráticas como depor governos e
colocar em sua substituição os seus homens de mão.
Mas, de facto, o euro foi desenhado, desde a sua génese, como o novo marco
ou o marco travestido de euro! Como a única entidade com capacidade e
autoridade para emitir esta moeda e controlar os seus fluxos é o BCE, um banco
privado onde os principais accionistas são bancos e grandes grupos financeiros
germânicos, melhor se entenderá a teia que a Alemanha teceu para vir a manietar
e dominar os restantes países europeus.
Muito antes de sugerir o euro, o imperialismo
germânico foi impondo a destruição da capacidade produtiva e do tecido
produtivo, sobretudo industrial, da esmagadora maioria dos países europeus,
sobretudo aqueles que são considerados os elos fracos da cadeia
capitalista, salvaguardando essa capacidade para a Alemanha, onde esta
não só foi mantida como cresceu e se fortaleceu. Com tal manobra a Alemanha
consegue ter superavits importantes, dominar em termos de capacidade industrial
e financeira todos os outros países que, entretanto, aderiram ao euro, por
virtude de terem passado a depender daquilo que importam para poder fazer funcionar as
suas economias, levando-os a graus de endividamento nunca antes atingidos.
Os factores combinados das crises orçamentais com a
crise do sub-prime americano, criaram as condições ideais para que uma entidade
como o BCE, cujo capital social é inteiramente privado, e em que os grupos
financeiros e bancários alemães, como já havíamos referido, predominam, mercê
da taxa de participação de cada país em função do seu PIB, se transformasse no
principal instrumento da dominação germano-imperialista. Desde logo porque foi
imposto que os estados não poderiam recorrer directamente a crédito nessa
instituição, a um juro de 1%, mas tão só os bancos que, depois, o emprestariam aos
estados a taxas de juro de 5 e 6%!
O euro asfixia e mata a soberania |
A bascularização da economia mundial, que se
caracteriza, por um lado, pela estranha inexistência de crises
das dívidas soberanas em países do chamado 3º Mundo – como é o
exemplo do que se passa em quase todo o continente africano – e, por outro, num
processo de acumulação primitiva capitalista nos países emergentes, como
a China, a Índia e o Brasil, entre outros, que passam neste momento
por um processo histórico muito idêntico ao que se vivia na Manchester do
sec.XIX, explicam o resto do quadro em que, a nível global, hoje nos
encontramos e de como ele influencia e condiciona a situação política e
económica da velha Europa e da burguesia europeia.
Com este processo de crescimento, fundamentalmente alimentado pela
migração massiva de agricultores e artesãos arruinados para os grandes centros
urbanos e encafuados em grandes unidades fabris, aceitando condições
desumanas de vida, ritmos de trabalho intensos e salários miseráveis, começa-se
a compreender como é que a bascularização da economia
influencia a estratégia da Alemanha e de outros países do dito 1º mundo.
Países com uma indústria avançada, com alto desenvolvimento tecnológico e
que apostam fortemente na investigação cientifica e que, tendo sagazmente
levado as outras nações do continente europeu à desindustrialização e à
liquidação da sua agricultura e pescas, têm por objectivo, agora, remeter esses
países para a terceirização da economia ou para fornecedores de
mão-de-obra-barata, ao nível dos praticados na Malásia ou no Bangladesh, para
se tornar competitivos, isto é, alinhando por baixo as
políticas assistenciais e salariais até agora praticadas e que tinham sido
fruto de intensas e duras lutas de operários, camponeses e outros
trabalhadores, na Europa dos séculos XIX e XX.
Imperialismo germânico substitui divisões Panzer por euro |
E, se aparentemente, parece que as condições para a revolução quer no nosso
país, quer a nível mundial são cada vez mais diminutas, o que se passa é
exactamente o contrário. No nosso país, bem como noutros países europeus, as
medidas terroristas e fascistas que têm sido impostas pela tróica
germano-imperialista, através dos governos serventuários dos seus interesses,
encontram cada vez maior capacidade de organização, mobilização e combatividade
por parte dos trabalhadores e dos povos desses países.
Nos chamados países emergentes, as condições em que a
classe operária é alocada à produção, em grandes unidades fabris, facilita a
sua organização revolucionária e a elevação da sua consciência de classe. O
processo histórico é imparável, a contradição antagónica entre burguesia e proletariado,
entre natureza social do trabalho e apropriação privada da riqueza gerada por
ele, será resolvida a favor de quem trabalha. E o ciclo das revoluções
socialistas rumo à construção da sociedade comunista do futuro será não só uma
realidade, como uma inevitabilidade histórica.
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