
Alega o governo que este “novo” passe social visa, por um lado, “aliviar” a carga financeira que os transportes representam para os “agregados familiares” e, por outro, promover o “descongestionamento” do tráfego automóvel que se regista nos maiores centros urbanos, na perspectiva do Tratado que Portugal subscreveu sobre a redução de taxas de carbono (CO2).
Eleito como o dia das mentiras, não foi certamente aleatória a escolha do primeiro dia de Abril para o início da entrada em vigor das novas tarifas. A mentira foi sempre de perna curta e, no caso vertente, não será diferente.
Qualquer cidadão, minimamente consciente, terá presente o velho ditado de que “...quando a esmola é muita, o pobre desconfia!”. E não é caso para menos! Já dissemos noutras ocasiões que o Estado não gera dinheiro, cobra impostos – impostos que representam sempre uma parcela da mais-valia extorquida a quem trabalha! Dessa cobrança de impostos, no contexto de uma Lei Geral do Orçamento – anualmente aprovada pela Assembleia da República – cabe ao Estado elencar os sectores, e respectivos montantes, para onde decide canalizar as verbas resultantes dessa cobrança – seja do IRS, do IRC, do IVA, de outras taxas e emolumentos vários.

Quando se trata de propor medidas de “encher o olho” e delas retirar “benefícios” eleitoralistas, Costa não olha a meios, sobretudo para escamotear as verdadeiras intenções e objectivos.
Isto é, tendo os sucessivos governos decidido pagar uma dívida privada, transformando-a em pública, o dinheiro dos impostos – sobretudo os do trabalho – são canalizados para o pagamento dessa dívida e dos juros, não havendo, por isso, dinheiro suficiente para investir na saúde, na habitação, na assistência social, nos salários e progressão das carreiras dos funcionários públicos, etc.

E o exemplo dos “novos passes sociais” é paradigmático dessa “filosofia” governativa! Anuncia-se uma “benesse” escamoteando que ela vai ser paga com o “pêlo do cão”, isto é, com as verbas resultantes da cobrança de impostos – sobretudo dos impostos sobre os rendimentos do trabalho.
O que pressupõe que, no quadro da recorrente prática de “cativações” levada a cabo por Centeno e o governo PS – com o beneplácito e assentimento das suas muletas – esta “bondosa” medida se vai traduzir numa ainda maior depreciação de outros sectores, tão ou mais importantes do que este dos transportes.

Mas esta é a outra realidade negra que é iludida e mascarada pelo governo de malabaristas reaccionários de Costa e dos seus comparsas do PCP/VERDES/BE – a situação calamitosa e verdadeiramente provocatória em que se acha a rede dos transportes públicos, por efeito das cativações de Centeno.
E é para esses transportes apodrecidos e com carreiras suprimidas diariamente e a circular a intervalos intoleráveis que o Costa, Jerónimo e Catarina, se mostram tão satisfeitos em atrair os cidadãos.
Sempre defendemos que os transportes deveriam ser pagos por quem deles beneficia. Ora, enquanto Costa, o governo PS e as suas muletas do PCP/BE/Verdes, elegem o trabalhador seu utilizador como o beneficiário último desta funcionalidade, nós defendemos que são as empresas, o sector público administrativo – onde se incluem as Câmaras Municipais, as Juntas de Freguesia, os ministérios, etc. -, as escolas e universidades, os verdadeiros e únicos beneficiários.
E são maioritariamente os trabalhadores e os estudantes os que se vêem forçados a utilizar uma rede de transportes – na maior parte dos casos obsoleta, insegura e indigna – para se deslocarem de e para os seus locais de trabalho.
É nesta perspectiva que sempre defendemos que a maior parcela dos custos dos transportes deve ser suportada pelas empresas, as universidades, as escolas e os serviços administrativos públicos, cabendo uma segunda parcela, menor, a uma verba orçamental e, finalmente, uma terceira, a mais reduzida (nunca ultrapassando 5% do salário mínimo nacional) aos trabalhadores utilizadores desses transportes.
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