100 mil esperam por uma habitação digna
e a preços acessíveis!
Dados
recentemente trazidos a público indicam que cerca de 32 mil famílias (ou seja,
cerca de 100 mil elementos do povo) estão inscritas em listas de espera para
uma habitação com renda social, em 30 concelhos das Áreas Metropolitanas de
Lisboa e do Porto.
Estas
famílias são a parte visível do iceberg que
são os chamados danos
colaterais que o PCTP/MRPP sempre denunciou que
iriam suceder, provocados por:
1.
Sucessivas leis das rendas, desde a que
foi elaborada e aprovada durante os governos de Sócrates, até ao refinado NRAU proposto pela fascista Cristas e aprovada
pelo governo de coligação da direita com a extrema-direita – do PSD/CDS-PP;
2.
Pelos sucessivos Planos Directores
Municipais (PDM) – o mais elaborado dos quais foi o primeiro PDM de Lisboa
proposto por Jorge Sampaio -, que privilegiaram a liberalização dos solos, ao invés de implementarem e consolidarem a sua municipalização;
3.
Benefícios fiscais – promovendo,
inclusive, a isenção de impostos para os chamados fundos imobiliários, com a premissa de que tais fundos ajudariam à reabilitação urbana e ao restauro de prédios degradados, sobretudo
nos grandes centros urbanos;
4.
Liquidação, esbulho e roubo das principais
plataformas e organismos com capacidade para se constituírem como reguladores
do mercado imobiliário – o caso mais paradigmático é o da EPUL, em Lisboa, cujo
património foi saqueado pela Câmara Municipal de Lisboa, quando António Costa
presidia ao seu executivo, o que lhe proporcionou, com a verba
extorquida, limpar o resultado negativo que o orçamento camarário
então apresentava.
Prosseguindo
os sucessivos governos e executivos camarários – onde, a sós ou coligados entre
si, estiveram TODOS os partidos do chamado arco parlamentar – estas políticas, não será de espantar que,
para as cidades de Lisboa e Porto, só existam 319
casas disponíveis para satisfazer uma procura que disparou na directa medida
com do brutal aumento do valor das casas e das rendas naquelas cidades,
provocado pela desenfreada especulação imobiliária que aquelas políticas
(facilitaram) estimularam e proporcionaram.
Sempre
que o governo ou os executivos camarários responsáveis pela execução de leis
como a das rendas ou da gestão dos solos urbanos
vierem propalar que a sua preocupação foi a de acrescentar valor às cidades, afirmando que tal foi conseguido, em
poucos anos, com a reabilitação de prédios urbanos degradados, o que estas
famílias de operários, trabalhadores e outros elementos do povo têm de
questionar é o seguinte:
1.
Acrescentar
valor para quem?
2.
Reabilitar edifícios urbanos para servir que interesses?
E, na
resposta, só conseguirão identificar os fundos imobiliários e
a especulação imobiliária como principais destinatários dos tão elogiados benefícios.
Sem que
seja levada a cabo uma política de municipalização dos solos, em que caiba a
cada município decidir sobre o destino a dar a cada uma das parcelas, isto é:
1.
O que em cada uma delas deve ser
construído;
2.
Que interesse social deve servir;
3.
Quais os custos e margens que quem aceitar
os cadernos
de encargos deve esperar.
Sem
esta política, o que continuaremos a assistir é ao agravamento da dimensão
destas listas
de espera, é ao agravamento das condições de acesso
dos trabalhadores e suas famílias a uma habitação condigna e a preços
condicentes com os seus baixíssimos rendimentos.
O que os fundos imobiliários nos trouxeram, a reboque da reabilitação urbana, foi a transformação de milhares de casas degradadas e devolutas em alojamentos locais, hostels e hotéis, e não à sua disponibilização para o mercado do arrendamento a preços acessíveis para os rendimentos dos trabalhadores.
É
impossível e insustentável para uma família com rendimentos médios como o
daquelas que integram as famigeradas listas de espera, aceder a qualquer
habitação, que um qualquer fundo imobiliário tenha reabilitado, pois o preço
por metro quadrado em cidades como Lisboa ou Porto, atingiram níveis
absolutamente galácticos, ao nível das capitais europeias mais caras.
Aliás,
por efeito desta especulação nos grandes centros urbanos, a pressão imobiliária
já se começa a fazer sentir nas suas periferias, o que vai agravar a situação e
atirar um número crescente de elementos do povo para a potencial condição de
sem abrigo.
Cada
dia que passa se torna cada vez mais clara para o povo a traição miserável de
PS, PCP, BE e Verdes, cada vez se torna mais evidente porque é que, ainda
durante a vigência do governo Coelho/Portas, tutelado por Cavaco, não mexeram
uma palha, não tomaram qualquer iniciativa, para suscitar a fiscalização
sucessiva do NRAU (Lei
dos Despejos de Cristas), junto do Tribunal
Constitucional, por manifesta inconstitucionalidade da mesma.
Traição
que prosseguiu durante a vigência do actual governo de coligação do PS com as
muletas do PCP/BE/Verdes que, face a uma Lei das Rendas absolutamente fascista,
a única solução que apresentam não passa de pura cosmética! Como, aliás, está à
vista!
Nenhuma
medida foi tomada para, de raiz, resolver o tremendo problema da habitação que
existe nos principais centros urbanos do país, e que se prende com a
desenfreada especulação imobiliária que serve os famigerados fundos imobiliários e toda a sorte de proprietários sem escrúpulos.
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