É necessário ter cada vez mais presente o contexto em que se
produz, como o vimos a denunciar desde há muito, uma taxa de desemprego real de
25,71% de desemprego, que corresponde a cerca de 1,5 milhões de desempregados,
apesar de o governo tentar iludir que, para além dos desempregados inscritos, o
desemprego regista outros números, que incluem aqueles que nunca tiveram acesso
ao mercado de trabalho ou que nunca se inscreveram num centro de desemprego e,
mesmo assim, dos cerca de 1 milhão de desempregados inscritos, que corresponde
a uma taxa de desemprego de 16,9% - a maior taxa registada desde que existem
registos “oficiais” -, apenas 26% recebem subsídio de desemprego ou outra
prestação social que lhe permita viver com um mínimo de dignidade.
Num quadro em que para os grandes grupos financeiros e
bancários se torna muito mais interessante para os objectivos de acumulação
capitalista a rentabilidade que lhe asseguram os juros especulativos e agiotas
que praticam sobre os “empréstimos” para “resgate” das “dívidas soberanas” do
que “investir” em áreas e sectores produtivos, o resultado teria de ser,
necessariamente, o aumento exponencial do desemprego e da precariedade, o
depreciar do valor trabalho e a destruição de todos os mecanismos que assegurem
o mínimo de prestações sociais que possibilitem aos trabalhadores e ao povo
viverem com um mínimo de dignidade.
Não surpreende, pois, que sendo a prática deste governo de
traidores servir caninamente os seus patrões da tróica germano-imperialista,
que todas as medidas terroristas e fascistas que têm vindo a aplicar contra o
povo, concorram para a salvaguarda dos interesses dos “mercados”, que passam
pelo pagamento de uma dívida ilegal, ilegítima e odiosa e pela destruição do
que resta do nosso tecido produtivo a fim de reforçar ainda mais o grau de
dependência e endividamento do nosso país, já que tem sido precisamente a
“dívida” que tem alimentado a acumulação capitalista desejada.
Ao destruir o tecido produtivo, ao preparar-se para destruir
o que dele resta, o que este governo de serventuários está a realizar é uma
agenda político-ideológica que passa pelo empobrecimento do povo, pela perda da
nossa soberania, não só a resultante do facto de todas as decisões serem
ditadas a partir de centros de decisão no exterior do nosso país, mas ainda
porque se tem vendido, a preços de saldo, tudo o que resta de activos e
empresas estratégicas e, logo, pelo agravar do desemprego, da precariedade, da
fome e da miséria.
Como prémio da prossecução de tal agenda, poder-se-ia supor
que os “mercados” iriam reconhecer os intensos esforços de genuflexão deste
governo; pois bem, hoje, os juros da divida portuguesa tornaram a subir,
desmentindo o "sucesso" destas políticas, tão apregoado por Coelho e
Gaspar. Do mesmo modo, a bolsa portuguesa também fecha em acentuada baixa,
provando a falta de confiança neste governo, até por parte dos seus pares
especuladores.
Bem pode Relvas vir afirmar que o desemprego “lhe tira o sono”
ou Coelho dizer que “dorme pouco…mas bem!” que se torna cada vez mais claro
para vastos sectores dos operários, dos trabalhadores e do povo e, sobretudo,
para aqueles mais conscientes, que este repetitivo ciclo de
austeridade/recessão, este genocídio fiscal a que este governo está a sujeitar
os trabalhadores e o povo só tem uma saída e uma solução: o seu derrube, a
constituição de um governo democrático patriótico e a suspensão da dívida e do
pagamento de juros da dita, a única saída para que o garrote da dívida, que
será ainda mais apertado se e quando os cortes de 4 mil milhões a efectuar até
2014 e de 3 mil milhões para 2015 for realizado, não asfixie ainda mais os
trabalhadores e o povo.
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