segunda-feira, 22 de julho de 2013

Alocução de Cavaco reafirma:

Um país na condição de protectorado, um governo desacreditado, isolado e sob tutela!


A alocução à nação que Cavaco Silva hoje fez para revelar a sua decisão quanto ao facto de, não tendo sido possível o compromisso de salvação nacional que lançara às lideranças de PSD, PS e CDS na semana passada, significa que era irrelevante para ele e para os grupos financeiros e bancários que representa o que quer que fosse que dessas negociações resultasse.

Só os oportunistas poderiam esperar que das negociações propostas por Cavaco resultaria algo que beneficiasse o povo e quem trabalha. Aliás, se algo de bom emerge desta crise política é o facto de ter ficado meridianamente claro que, fosse o resultado o que aconteceu ou o seu contrário, quem pagaria – como tem vindo a pagar – a factura da austeridade, agora com a necessária estabilidade associada, seriam sempre os suspeitos do costume – os trabalhadores e o povo português.

O que Cavaco pensa ter garantido é que, não tendo sido o esperado o resultado das alegadas negociações entre aqueles que o povo já classifica como os partidos do Memorando de entendimento com a tróica germano-imperialista, os chamados partidos do arco da governação, o trunfo da sua tutela sobre o governo agora remodelado, seria garantia bastante para a tróica germano-imperialista ver acautelados os seus interesses de rapina e dominação do país e exploração sem precedentes dos trabalhadores e do povo.

Tal como referiu na sua alocução, Cavaco conta com alguns trunfos na manga, mormente os apoios que foram tornados públicos durante esta semana de negociações por parte das diferentes associações patronais e por Carlos Silva, putativo candidato a traidor (substituindo-se nessas funções a Proença) que lhe asseguraram que, aquilo que não conseguiu obter do PS, o conseguiria à mesa da concertação social.

Melhor fora, é certo, que ao cenário um presidente, uma maioria e um governo, se associasse uma oposição dócil e amestrada que assegurasse a legitimidade da continuação da política de genocídio fiscal que o governo de traição nacional Coelho Portas, tutelado por Cavaco persiste em levar a cabo e, até, agravar. Cavaco e os interesses dos grandes grupos financeiros e bancários que representa têm consciência de que, não tendo sido possível – por questões meramente tacticistas – contar com Seguro para esta encenação, haverá um momento em que essa sua resistência colapsará.

A única vantagem que os trabalhadores e o povo português podem retirar da iniciativa do processo político protagonizado pelo ditador de Boliqueime é a de que ela serviu para clarificar campos, se é que ainda subsistiam algumas dúvidas. De um lado, alinham todos aqueles que, independentemente de dourarem mais ou menos a pílula, e apesar de divergirem entre uma política de austeridade mais musculada ou menos agressiva, consideram que a dívida tem de ser paga precisamente por aqueles que não a contraíram nem dela retiraram qualquer benefício, isto é, o povo. E são eles Cavaco, o PS, o PSD e o CDS.

Do outro lado da barricada está o povo e quem trabalha, que tem visto o seu salário e o seu trabalhado esbulhados e roubados, que sofre as consequências dos cortes drásticos nas prestações sociais, que vê agravadas as condições de acesso à saúde, à educação, aos transportes e agravados os custos dos bens mais essenciais devido ao aumento de impostos como o IRS, que sofre na carne uma política apostada na venda a retalho de activos e empresas estratégicas importantes para qualquer plano económico que se pretenda independente e favorável aos seus interesses, sujeitos ao despedimento em massa.

O que Cavaco não conseguiu na sua alocução escamotear é que o verdadeiro golpe de estado que protagonizou, com vista a impedir a única solução constitucional possível – a demissão do governo de traição nacional PSD/CDS e a convocação de eleições antecipadas – não obteve os resultados que esperava. O seu plano antidemocrático, que designou como compromisso de salvação nacional, ficou irremediavelmente comprometido, restando-lhe, agora, a solução alternativa de continuar a apoiar um governo que, apesar de tudo, sempre apadrinhou e cuja política nunca se cansou de apoiar.


A situação é cada vez mais clara, já não existindo as máscaras ou jogos de sombra que oblieterem a consciência de vastos sectores do povo. A única saída possível é a do derrube deste governo de traição nacional e do seu mentor Cavaco. O tempo dos diagnósticos e das manifestações já está ultrapassado. É necessário que as Centrais Sindicais, os sindicatos independentes, o povo em geral – trabalhadores, reformados, pensionistas, desempregados, precários, estudantes, intelectuais, etc. -, todas as forças democráticas e patrióticas, plataformas cidadãs, se mobilizem e elejam a Greve Geral Nacional, com ocupação dos locais de trabalho, por tempo indeterminado como instrumento de luta principal com vista ao derrube deste governo e à constituição de um governo democrático patriótico que suspenda de imediato o pagamento da dívida e prepara a saída de Portugal do euro e da União Europeia.

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