sexta-feira, 5 de julho de 2013

Gaspar e Proença:

Mesmo defuntos ainda ensombram vida do trabalhadores!


A crendice popular afirma que até do mais profundo dos túmulos, por vezes existem mortos que, mesmo defuntos, ainda ensombram as nossas vidas, no caso vertente a vida dos trabalhadores e do povo. E foi o que aconteceu recentemente quando, no último dia em funções, Vitor Gaspar assinou um decreto que determina que o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social ( FEFSS) terá de adquirir 4 mil milhões de euros de dívida soberana.

E isto apesar de que, quando ainda era Secretário Geral da UGT, o traidor João Proença ter ameaçado um corte de relações com o governo de serventuários da tróica germano-imperialista, dirigido por Cavaco/Coelho/Portas, se este viesse a alterar o modelo contributivo da segurança social.

Mesmo tendo este traidor reclamado que a sua grande vitória teria sido assegurar que os acordos alcançados na concertação social favorecessem os interesses do povo e de quem trabalha e a segurança daqueles fundos, o que é agora evidente, tal como na altura denunciámos,  é que aqueles fundos estão comprometidos, como estão comprometidas as reformas que os mesmos suportam.

Sendo público, há uma semana, o conteúdo e intenções deste decreto assinado pelo  moribundo Vitor Gaspar, o que é certo é que não se conhece do  actual Secretário-Geral da UGT, Carlos Silva, nenhuma reacção àcerca das implicações da execução do mesmo. Lá diz o velho ditado popular que quem não quer ser lobo que não lhe vista a pele!


Tal como afirmámos no artigo  Quando um traidor se indigna com uma traição -http://queosilenciodosjustosnaomateinocentes.blogspot.pt/2012/12/quando-um-traidor-se-indigna-com-uma.html -, as principais alterações contempladas na Lei Geral do Orçamento para 2013, prendiam-se com a possibilidade de o governo roubar aos pensionistas cerca de 5% do montante das suas reformas, podendo, como pretende agora,  vir a recorrer ao Fundo de Estabilização Financeira (FEFSS) como garantia dos empréstimos a contrair pelo estado, fundo este que gere, actualmente, cerca de 10 mil milhões de euros.


Apesar de na altura afirmarmos que o personagem em questão aceitou, em sede da concertação social … vender os interesses dos trabalhadores, dos pensionistas, do povo em geral, apondo a sua assinatura em acordos que deram azo a legislação facilitadora e embaretecedora dos despedimentos, e de,  o mesmíssimo personagem,  apesar de ter aceite  pactuar com legislação laboral que promove o roubo dos salários e do trabalho, ter vindo, todo ufano, como se fosse possível branquear a história das suas constantes traições ao mundo do trabalho e ao movimento sindical, afirmar que dadas as nossas responsabilidades perante os trabalhadores e perante o país, se o governo não respeitar a autonomia da segurança social e o quadro constitucional e legal que o rege, a UGT assumirá a ruptura das relações com o governo, o que é certo é que os trabalhadores e o povo vêem-se hoje confrontados com a real ameaça de os fundos que garantem parte das suas reformas serem completamente alienados à dívida soberana.

Como se revelou tão certeira a nossa denúncia de então quando referia que a suprema hipocrisia de João Proença, ao serviço da burguesia e dos seus interesses, só visava paralisar e desviar a luta dos trabalhadores, sendo que  os inúmeros atropelos à constituição, o sistemático fechar de olhos do Tribunal Constitucional a esses atropelos, mancomunados com o governo de traição PSD/CDS, nunca fizeram Proença indignar-se... nunca fizeram o Proença dispor-se a participar na mobilização para a luta, mormente para a Greve Geral que tinha ocorrido a 14 de Novembro e da qual a UGT se havia demarcado, por indicação do traidor Proença, nem, muito menos, para aceitar o princípio de que deveriam ser convocadas todas as greves gerais que forem necessárias até ao derrube deste governo e à constituição de um governo democrático patriótico. No artigo em questão, e porque a ligação de um facto a outro era por demais evidente, denunciávamos, ainda, que a tudo isto, se devia somar a mais recente colaboração do mesmo Proença com o governo na medida tomada por este de distribuir metade dos subsídios de férias e de Natal pelos salários ao longo do ano, medida que visa camuflar o roubo do salário e do aumento do imposto sobre o rendimento do trabalho.

A confirmar o que na altura dissemos, isto é, que as ameças de Proença funcionavam como música – celestial – para os ouvido de Cavaco, Coelho e Portas, e de que estes não tremeriam como varas verdes face a elas, aí estão as consequências do ultimato do traidor João Proença! Para além de já estar a pagar uma dívida que não contraiu, nem dela tirou qualquer benefício, através do aumento dos salários, da facilitação e embaretecimento dos despedimentos, do aumento da carga horária, do roubo dos salários, do corte nas prestações sociais, do aumento do custo de vida e do que mais se verá,  o facto é que este arranjinho que o governo, com a colaboração de Proença, cozinhava, vai ser aplicado e uma vez mais, claro está, o pagante será o mesmo de sempre, isto é o trabalhador e o povo.

Este decreto não só confirma a justeza da denúncia que fazíamos na altura àcerca da miserável traição de Proença, como evidencia a razão que nos assistia quando afirmávamos que, relativamente à questão dos apetitosos 10 mil milhões de euros geridos pelo FEFSS,  sendo evidente que este governo está empenhado em acatar e impor os ditames da tróica germano-imperialista, em fazer o povo pagar uma dívida que não contraiu, nem dela beneficiou, sendo certo que, apenas em juros especulativos para encher os bolsos dos grandes grupos financeiros e bancários – sobretudo alemães -, foram roubados aos salários e ao trabalho, foram roubados à custa dos cortes na saúde, na educação e nas prestações sociais, mas também no aumento desbragado dos impostos directos e indirectos, mais de 9 mil milhões de euros em 2012 e que tal montante se deverá situar em mais de 13 mil milhões de euros em 2013, o mais certo é que este bolo, esta iguaria, toda ela fruto dos descontos de décadas de trabalho esforçado que os trabalhadores foram fazendo, está em risco de ser abocanhado, está em risco de ser sacrificado no altar da dívida.

A conclusão a retirar de mais este episódio é a de que só o derrube deste governo, só a expulsão da tróica germano-imperialista do nosso país, só a constituição de um governo democrático patriótico que, no mínimo, suspenda de imediato o pagamento da dívida e do serviço da dívida e prepare a saída de Portugal do euro e da União Europeia, poderá assegurar, não só a salvaguarda dos fundos alocados às merecidas e justas reformas a que os trabalhadores e o povo têm direito, como à prossecução de um plano económico independente e patriótico, ao serviço de quem trabalha e dirigido por quem trabalha.

E, tudo isto, claro está, terá de ser feito nem que para tal os trabalhadores e o povo, que já varreram com o traidor João Proença da história, o tenham de fazer, de novo, em relação a quem pretenda seguir-lhe os passos!

Cabe aos trabalhadores e ao povo exigirem dos seus dirigentes sindicais e dos seus sindicatos – sejam eles independentes ou afectos a uma das Centrais Sindicais, UGT ou CGTP – que organizem uma tenaz luta contra o desvio que está a ser programado dos fundos que asseguram o pagamento das reformas a que têm direito e que podem, assim este decreto venha a ser executado, estar comprometidas.

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