À medida que
parece assentar a poeira levantada
pelas famigeradas reuniões para um compromisso
de salvação nacional que Cavaco Silva, através do golpe de estado que organizou e
protagonizou, impôs ao três partidos do arco
da governação – PS, PSD e CDS – que
em 2011 assinaram o Memorando de
Entendimento com a tróica germano-imperialista, memorando que remeteu
Portugal para a condição de protectorado e o povo português sujeito à maior
hecatombe fiscal de todos os tempos, novas e reveladoras histórias vêm a luz do
dia.
Desde logo a
história agora vinda a público da existência de uma carta secreta , com o carimbo de confidencial e pessoal, que Cavaco alegadamente endereçou a Seguro,
Passos e Portas, dois dias após a sua pungente
e dramática alocução ao país – isto
é, dia 12 do corrente -, e na qual Cavaco,
de forma clara e meridiana, diz já não poder confiar no PSD e no CDS para levar
o PS a um pacto de regime conforme
exigem os grandes grupos financeiros e bancários que sustentam aquilo a que se
convencionou chamar de mercados,
designação que não passa do nome de código para banca, exploração e juros faraónicos, ilegítimos, ilegais e odiosos.
Recorde-se
que na supracitada alocução, Cavaco exigia, não um acordo vago e indefinido,
mas sim um compromisso que, para além
de promover a revisão do memorando,
assegurasse reformas duradouras. Isto
é, que o roubo do trabalho e dos salários, a facilitação e o embaretecimento
dos despedimentos, que o aumento dos impostos sobre os bens essenciais e sobre
os rendimentos do trabalho, a redução, temporal e em montante, de benefícios sociais como as reformas, o
subsídio de desemprego e de doença, entre outros, deixassem de ser temporários
para passarem a definitivos e ao arrepio das veleidades do Tribunal
Constitucional que, apesar de inconsequente e parcial, parece constituir uma força de bloqueio para aquelas forças anti-patrióticas
e anti-democráticas que persistem em vender o país a retalho e a sacrificar o
povo no altar de uma dívida que este não contraiu, nem dela tirou benefício
algum.
Ficámos
também a saber que a direcção do oportunista Seguro, que tem um espelho seu
sentado à mesa da concertação social,
disposto a estender a passadeira vermelha
da pactuação com os interesses da tróica germano-imperialista que o seu chefe
não pode ainda estender ao governo de traição nacional de Cavaco, Coelho e
Portas – falamos, claro está, de Carlos Silva, o inefável Secretário-Geral da
UGT –, esteve a um passo de não resistir à tentação de assinar esse compromisso de salvação nacional, não
tendo sido a menção feita por Coelho – ao bom estilo salazarista e fascista que
o tem caracterizado – à necessidade de uma união
nacional que terá impedido Seguro, para já, de assinar tal acordo.
Se é certo
que as contradições que estalaram entre os diferentes sectores representados
nessa autêntica federação de partidos que dá pelo nome de PS, incluindo um
valente puxão de orelhas do seu líder histórico, Mário Soares, que verberou a
forma como Seguro anunciou a ruptura das negociações com o PSD e o CDS,
considerando que este terá sido brando
e gerido mal a crise política
despoletada por Cavaco, parecem ter para já impedido que o tal compromisso para a salvação nacional se
concretizasse, não menos certo é que Seguro e a direcção do PS que encabeça
deixaram a porta escancarada a que o mesmo venha a ser uma realidade, isto se o
povo e todas as forças democráticas e patrióticas não derrubarem entretanto
este governo de traição nacional e o seu mentor Cavaco Silva e impuserem um
governo democrático patriótico.
Enquanto as
bases socialistas, onde se inclui um vasto sector de operários e, sobretudo, centenas
de milhar de trabalhadores, homens e mulheres com um passado de luta e defesa
da liberdade, da democracia e da independência nacional, não se mobilizarem
para exigir que se faça um balanço crítico, profundo e sério da governação de
Sócrates e da responsabilidade que o seu governo teve em abrir a Caixa de Pandora que levou o povo
português à situação política, económica e financeira actual, enquanto as bases
socialistas não se dispuserem a organizar-se para correr com a actual direcção
do PS, protagonizada por Seguro, que persiste em fazer do partido um dos
pilares que sustentam o problema que um governo democrático patriótico visa
resolver, este partido nunca poderá fazer parte de uma solução democrática e
patriótica que se recuse a pagar a dívida e prepare Portugal para a saída do
euro e da União Europeia.
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