sábado, 13 de julho de 2013

Um compromisso de salvação nacional:

Histórias de salta portinhas e de salta pocinhas!


Tantas e tão profusas em promessas de fidelidade foram as cartas que Seguro enviou a Christinne Lagarde, presidente do FMI, ao BCE e à Comissão Europeia, que Cavaco, perante o nado morto de um governo de traição nacional, assente na coligação PSD/CDS, e a mando daquelas entidades que não querem que esta oportunidade seja perdida, aproveitou o empenho do personagem em colocar-se em bicos dos pés para demonstrar que está disposto a ser o bombeiro voluntário da crise que a austeridade e a inépcia de Cavaco, Coelho e Portas provocaram, para promover um compromisso de salvação nacional.

Muito antes de Mário Soares ter classificado Portas como salta-pocinhas, já nós havíamos atribuído ao anterior presidente francês, Nicolas Sarkozy, essa função. O facto, porém, é que se Portas é o salta pocinhas, Seguro será o salta portinhas, pois anda a bater de porta em porta, a colocar-se em bicos dos pés, para demonstrar que ele está disposto a tudo fazer para assegurar que os termos do memorando que o seu partido subscreveu com a tróica germano-imperialista serão cumpridos, desde que haja lugar a …renegociação!

No debate sobre o estado da nação que ocorreu esta 6ª feira, a meio de uma troca de mimos entre Coelho e Seguro, durante as quais mandavam recados um ao outro sobre os termos de referência das negociações para o tal compromisso patrocinado por Belém, e face a um manifesto impasse, Cavaco manda uma nota curta, mas significativa, aos subscritores do memorando com a tróica germano-imperialista, que espera deles maior rapidez em chegarem a um consenso.

Tal como sempre dissemos, uma vez pró-tróica…para sempre pró-tróica! Seguro e seus pares fazem saber que reconhecem que “quem manda nos destinos de Portugal e dita as medidas terroristas e fascistas que têm sido aplicadas sobre os trabalhadores e o povo português, é a tróica germano-imperialista e as organizações que os seus interesses defendem, tornando-se, pois, necessário, este seu prestar de vassalagem ao invasor e colonizador”.

Ao que o povo tem assistido é ao instilar do medo, à chantagem de que ou se aceitam os ditames dos credores ou o que o espera a ele e aos trabalhadores portugueses será a miséria, o não haver dinheiro para se pagarem as pensões e outras prestações sociais, a total bancarrota do país, como se este não produzisse mais de 15 mil milhões de euros de PIB mensal e como se o problema não residisse no facto de não haver dinheiro suficiente para servir dois senhores: o povo, o seu direito a uma vida condigna, o seu direito à saúde, à educação, à habitação, a um salário digno e às prestações a que tem direito,  e os grandes grupos financeiros e bancários que acumulam fortunas à custa de juros faraónicos e dívidas ilegais, ilegítimas e odiosas.

O paradigma do comportamento político do PS e seus congéneres europeus, desde François Hollande até Bersani, líder de uma suposta frente de centro esquerda, em Itália, tão citado durante o supracitado debate sobre o estado da nação, como sendo um exemplo a seguir por Portugal, tem sido sempre o mesmo. Isto é, face ao crescente descontentamento e revolta popular, sobretudo a nível dos países do sul da Europa, aparecem estes bombeiros do capital, cuja tarefa é a de abafar e apagar o fogo dessa contestação e luta,  a afirmar qualquer coisa como o seguinte: existe dívida, logo tem de ser paga, pelo povo, mas em prestações suaves e com uma carga fiscal menos dolorosa!

A velha história do polícia bom e do polícia mau! Porque se deve, a quem se deve e quanto se deve, continua a ser escamoteado, pois esta gente sabe que, no dia em que o povo tiver uma resposta cabal a estas questões se recusará, em definitivo, a pagar uma dívida que não contraiu, uma dívida da qual em nada – pelo contrário – beneficiou.

Chegámos a um ponto em que é cada vez mais fundamental, do ponto de vista estratégico, que se separem as águas entre aqueles que defendem o fim e a expulsão da tróica do nosso país, daqueles que aceitam o protagonismo, a liderança e os ditames que a mesma impõe aos trabalhadores e ao povo português. E essa separação de águas é tanto mais necessária quando Seguro e o PS, numa tentativa vã de cavalgar o descontentamento popular, pretendem retirar dividendos políticos, já tendo no horizonte próximo a possibilidade de Cavaco não ter outra alternativa do que confirmar a certidão de óbito que já decidiu emitir para este governo de traição nacional moribundo, ferido de morte pela luta intensa e sem tréguas que a classe operária, os trabalhadores e o povo português lhe tem movido para o derrubar.

 Desiluda-se Seguro. Ninguém se deixará encantar pelo seu canto de sereia nem pelo seu tacticismo oportunista e cobarde. Nesta cada vez mais clara, intensa e mobilizada luta que opõe as forças democráticas e patrióticas, anti-imperialistas, anti-tróica às forças pró-imperialistas, pró-tróica, capitalistas, os militantes e simpatizantes do PS serão bem vindos ao campo democrático patriótico porque é seu dever, e corresponde aos seus interesses de classe.


Porque, esses sim, estão verdadeiramente empenhados na luta contra as políticas e programa impostos pela tróica germano-imperialista. Porque, esses sim, persistem no seu empenho na luta pelo derrube deste governo de serventuários protagonizados por Cavaco, Coelho e Portas a que, pelos vistos, Seguro pretende agora dar uma mão e uma preciosa ajuda. Porque, esses sim, reconhecem que a única saída para o povo e quem trabalha consiste na constituição de um governo democrático patriótico que assegure a expulsão da tróica germano-imperialista do nosso país, a suspensão do pagamento da dívida e dos juros e a preparação do país para sair do euro e da União Europeia. 

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