Histórias de salta
portinhas e de salta pocinhas!
Tantas e tão profusas em promessas de fidelidade foram as
cartas que Seguro enviou a Christinne Lagarde, presidente do FMI, ao BCE e à
Comissão Europeia, que Cavaco, perante o nado morto de um governo de traição
nacional, assente na coligação PSD/CDS, e a mando daquelas entidades que não
querem que esta oportunidade seja perdida, aproveitou o empenho do personagem
em colocar-se em bicos dos pés para demonstrar que está disposto a ser o
bombeiro voluntário da crise que a austeridade
e a inépcia de Cavaco, Coelho e Portas provocaram, para promover um compromisso de salvação nacional.
Muito antes de Mário Soares ter classificado Portas como salta-pocinhas, já nós havíamos
atribuído ao anterior presidente francês, Nicolas Sarkozy, essa função. O
facto, porém, é que se Portas é o salta
pocinhas, Seguro será o salta portinhas, pois anda a bater
de porta em porta, a colocar-se em bicos dos pés, para demonstrar que ele está
disposto a tudo fazer para assegurar que os termos do memorando que o seu
partido subscreveu com a tróica germano-imperialista serão cumpridos, desde que
haja lugar a …renegociação!
No debate sobre o estado
da nação que ocorreu esta 6ª feira, a meio de uma troca de mimos entre Coelho e Seguro, durante as
quais mandavam recados um ao outro sobre os termos
de referência das negociações para o tal compromisso patrocinado por Belém, e face a um manifesto impasse, Cavaco manda uma nota curta,
mas significativa, aos subscritores do memorando com a tróica
germano-imperialista, que espera deles maior rapidez em chegarem a um consenso.
Tal como sempre dissemos, uma vez pró-tróica…para sempre
pró-tróica! Seguro e seus pares fazem saber que reconhecem que “quem manda nos
destinos de Portugal e dita as medidas terroristas e fascistas que têm sido
aplicadas sobre os trabalhadores e o povo português, é a tróica
germano-imperialista e as organizações que os seus interesses defendem,
tornando-se, pois, necessário, este seu prestar de vassalagem ao invasor e
colonizador”.
Ao que o povo tem assistido é ao instilar do medo, à
chantagem de que ou se aceitam os ditames dos credores ou o que o espera a ele e aos trabalhadores portugueses
será a miséria, o não haver dinheiro para se pagarem as pensões e outras
prestações sociais, a total bancarrota do país, como se este não produzisse
mais de 15 mil milhões de euros de PIB mensal e como se o problema não
residisse no facto de não haver dinheiro suficiente para servir dois senhores:
o povo, o seu direito a uma vida condigna, o seu direito à saúde, à educação, à
habitação, a um salário digno e às prestações a que tem direito, e os grandes grupos financeiros e bancários
que acumulam fortunas à custa de juros faraónicos e dívidas ilegais, ilegítimas
e odiosas.
O paradigma do comportamento político do PS e seus
congéneres europeus, desde François Hollande até Bersani, líder de uma suposta
frente de centro esquerda, em Itália,
tão citado durante o supracitado debate sobre o estado da nação, como sendo um exemplo a seguir por Portugal, tem
sido sempre o mesmo. Isto é, face ao crescente descontentamento e revolta
popular, sobretudo a nível dos países do sul da Europa, aparecem estes
bombeiros do capital, cuja tarefa é a de abafar e apagar o fogo dessa
contestação e luta, a afirmar qualquer
coisa como o seguinte: existe dívida, logo tem de ser paga, pelo povo, mas em
prestações suaves e com uma carga fiscal menos
dolorosa!
A velha história do polícia bom e do polícia mau! Porque se deve, a quem se deve e quanto se
deve, continua a ser escamoteado, pois esta gente sabe que, no dia em que o
povo tiver uma resposta cabal a estas questões se recusará, em definitivo, a
pagar uma dívida que não contraiu, uma dívida da qual em nada – pelo contrário
– beneficiou.
Chegámos a um ponto em que é cada vez mais fundamental, do
ponto de vista estratégico, que se separem as águas entre aqueles que defendem
o fim e a expulsão da tróica do nosso país, daqueles que aceitam o
protagonismo, a liderança e os ditames que a mesma impõe aos trabalhadores e ao
povo português. E essa separação de águas é tanto mais necessária quando Seguro
e o PS, numa tentativa vã de cavalgar o descontentamento popular, pretendem
retirar dividendos políticos, já tendo no horizonte próximo a possibilidade de
Cavaco não ter outra alternativa do que confirmar a certidão de óbito que já
decidiu emitir para este governo de traição nacional moribundo, ferido de morte
pela luta intensa e sem tréguas que a classe operária, os trabalhadores e o
povo português lhe tem movido para o derrubar.
Desiluda-se Seguro.
Ninguém se deixará encantar pelo seu
canto de sereia nem pelo seu tacticismo oportunista e cobarde. Nesta cada vez
mais clara, intensa e mobilizada luta que opõe as forças democráticas e
patrióticas, anti-imperialistas, anti-tróica às forças pró-imperialistas,
pró-tróica, capitalistas, os militantes e simpatizantes do PS serão bem vindos
ao campo democrático patriótico porque é seu dever, e corresponde aos seus
interesses de classe.
Porque, esses sim, estão verdadeiramente empenhados na luta
contra as políticas e programa impostos pela tróica germano-imperialista. Porque,
esses sim, persistem no seu empenho na luta pelo derrube deste governo de
serventuários protagonizados por Cavaco, Coelho e Portas a que, pelos vistos,
Seguro pretende agora dar uma mão e uma preciosa ajuda. Porque, esses sim,
reconhecem que a única saída para o povo e quem trabalha consiste na constituição
de um governo democrático patriótico que assegure a expulsão da tróica germano-imperialista
do nosso país, a suspensão do pagamento da dívida e dos juros e a preparação do
país para sair do euro e da União Europeia.
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