Um dos
traços mais característicos das cerimónias da tomada de posse de Marcelo Rebelo
de Sousa, como 5º Presidente da República no período do pós-25 de Abril de
1974, foi a ausência total de elementos do povo.
Quer em
frente à Assembleia da República, quer em frente ao Palácio de Belém, passando
por outros locais onde o evento – que
mereceu honras de prime time das
televisões e rádios nacionais, quer primeiras páginas de jornais e revistas –
foi gritantemente visível o desprezo com que o povo acolheu o presidente dos afectos.
Tal
demonstra, por parte do povo e de quem trabalha, um crescente elevar da
consciência do que é que representam, de facto, os afectos que Marcelo pretende distribuir durante este seu mandato de
5 anos.
Se é certo
que as muletas do governo – PCP, BE e
Verdes – precisam de tempo para verificar se o que Marcelo diz se concretiza,
chegando Jerónimo de Sousa ao dislate de afirmar que só a prática revelará se as declarações não passarão de intenções, aos
trabalhadores e ao povo português não restarão muitas dúvidas àcerca do alcance
do discurso de posse de Marcelo:
·
Cumprir
e fazer cumprir a Constituição. Uma constituição revista e constantemente
depurada dos seus princípios fundadores, populares e, ademais, constantemente
rasgada – à sorrelfa ou às claras!
·
Assegurar
que serão respeitados todos os tratados subscritos por Portugal – leia-se,
pelos sucessivos governos vende pátrias – com os novos senhores coloniais, o imperialismo germânico e as instituições por este controladas ou influenciadas,
como sejam a Comissão e o Parlamento Europeu, o BCE e o FMI.
·
O
que pressupõe, da parte de Marcelo, da aceitação do princípio de que deverá
continuar a ser o povo a pagar uma dívida que não contraiu e da qual não
retirou qualquer benefício.
·
Revelando
que Marcelo está de acordo com os tratados coloniais que remetem Portugal para
a condição de colónia ou protectorado, mormente o Tratado da União Bancária e o
Tratado Orçamental – imposto pela aliança
nacional de PS, PSD e CDS/PP.
·
Afirmando
o seu acordo em que Portugal se mantenha no euro, uma moeda que capturou, a par
da adesão, primeiro à CEE e, depois, à União Europeia, a nossa soberania e
independência nacional, ao mesmo tempo que permitiu a destruição do nosso
tecido produtivo.
·
Pressupõe,
ainda, o discurso de tomada de posse de Marcelo Rebelo de Sousa, que está de
acordo com a política que levou o país a perder a sua autonomia e independência
no que respeita a vertentes tão importantes e fundadoras da nossa independência
nacional, como sejam a política orçamental e cambial.
Ao contrário
de todos os salafrários – mesmo aqueles que compõem a chamada esquerda formal
que está no parlamento -, o povo não precisará de 5 anos de execução do mandato
para perceber que Marcelo é apenas a outra face da mesma moeda. Cavaco era o
imbecil de Boliqueime, trauliteiro e conflituoso. Marcelo é o comentador dominical, o professor de
direito reaccionário, o beato hipócrita e piegas, disposto a distribuir afectos.
Uma espécie de retorno aos tempos do seu pai e último governador colonial de Moçambique, em que os democratas, patriotas e anti-fascistas se tinham que confrontar, nas prisões da repressão fascista, com a figura do pide bom que fazia aquela cena de teatro ensaiado com a figura do pide mau numa vã tentativa de quebrar a resistência dos que caíam nas suas malhas.
O militante bloguista Luis Júdice
Força Luis continua o belo trabalho nesse teu blog.
ResponderEliminarJLA
Belíssimo trabalho do Luís, vou coloca-lo no meu livro de leituras marxistas, o tablet.
ResponderEliminarMuita força amigo....
ResponderEliminarCompletamente certeiro, como eu aliás tinha comentado na minha página...afectos canalhas...
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