sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Trezentos cientistas denunciam o reconfinamento demente





                                                                                
É um segredo de polichinelo: em França, o reconfinamento estava a ser considerado desde o Verão passado. A estratégia de comunicação do Ministério da Saúde vinha a ser implantada em torno dessa perspectiva há mais de dois meses, de forma a ganhar a aceitação da maioria da população no Dia D.

A grande media forneceu-lhe uma ajuda decisiva. Eles são o relé e o instrumento privilegiado desta comunicação. E, infelizmente, é claro que eles desempenham muito bem o papel que lhes é atribuído.

Apoiando-se mecanicamente nos números, esta comunicação consiste em olhar apenas os indicadores mais alarmantes, alterando-os ao longo do tempo se aquele que estávamos a usar não permitisse mais veicular a mensagem desejada. E se um indicador tiver um padrão quadriculado, a comunicação só é feita nos dias em que os números estão a aumentar. Não existe senão uma mensagem possível.

Anteontem, 27 de Outubro, a manipulação ainda funcionava.

Todos os meios de comunicação noticiaram sobre os alegados 523 mortos: "Nunca vistos desde o confinamento". Ora, esse número era falso. De acordo com a Public Health France, houve 292 mortes em hospitais em 27 de Outubro, contra 257 no dia anterior (26) e 244 (abaixo, portanto) no dia 28. Mas adicionamos, uma vez de 4 em 4 dias, as mortes em lares de idosos, acumulando-as.

Pretender contar as mortes diárias naquele dia, portanto, equivale a aumentar artificialmente os números. E é surpreendente o que aconteceu na véspera do anunciado discurso do Presidente da República, que fez eco a este falsa número. É um detalhe? Não, infelizmente este é apenas um exemplo entre muitos.

Uma segunda vaga que se pretende « mais terrível do que a primeira”

Foi o presidente do "Conselho Científico" (M. Delfraissy) quem disse há poucos dias: uma segunda vaga chegaria "ainda mais forte que a primeira" e nós já estaríamos em "situação crítica". Esse tipo de previsão catastrófica é uma manipulação de conselho que não é científico, mas político.

Nada permite também afirmar que, salvo o confinamento, "dentro de alguns meses, haverá pelo menos 400.000 mortes adicionais a deplorar", como afirmou o Presidente da República na noite passada. Enfim, é igualmente falso dizer que agiríamos simplesmente como todos os nossos vizinhos europeus. Até ao momento, apenas a Irlanda e o País de Gales reconfinaram toda a sua população.

Seria urgente voltar à razão. Segundo dados da Public Health France, dos quase 15 milhões de exames realizados até o momento, 93% são negativos. E, dos 7% restantes da população com teste positivo, mais de 85% têm menos de 60 anos; trata-se, portanto, principalmente de pessoas que não correm o risco de desenvolver uma forma grave da doença. No final de contas, menos de 1% da população está, portanto, "em risco" e é apenas ela que deve ser protegida.

Outra maneira de dizer: no período recente (entre o 1º de Setembro e 20 de Outubro, dia em que fizemos este cálculo), 7.621.098 pessoas foram testadas. No mesmo período, 38.100 indivíduos foram hospitalizados (0,5%) e 6.593 foram internados em cuidados intensivos (0,09%) com teste de Covid positivo. Noutras palavras, desde o 1º de Setembro, dessa enorme amostra da população de 7,6 milhões, a probabilidade média de um indivíduo médio (independentemente da idade ou comorbidade) não ser hospitalizado é de 99, 5% e o de não internamento em cuidados intensivos é de 99,91%.

Justificar o reconfinamento de 67 milhões de franceses nesta base chama-se delírio.  

Ontem, 28 de Outubro, 3.045 pessoas estavam nos cuidados intensivos. Como falar de saturação quando nos lembramos que, no final de Agosto, o Ministro da Saúde anunciou 12 mil camas disponíveis se necessário (quatro vezes mais). Onde estão essas camas?

Dizem então : »Sim, mas o hospital está submerso pela Covid ». Ainda a manipulação, por três razões.

Desde logo porque, como os testes foram generalizados desde Julho, qualquer pessoa que entre num hospital com vestígios de Covid é contada como uma " hospitalizada Covid ", mesmo se realmente vier por causa do cancro ou da hipertensão.

E é o mesmo se ela for para a UCI ou se ela morrer.

Depois porque, se os números de internações e reanimações estão de facto a aumentar, isso não é nada de excepcional: pelo contrário, é o que acontece todos os anos na mesma época (Outono-Inverno), mas que fingimos ter esquecido. Um Alzheimer generalizado apoderou-se dos nossos políticos e jornalistas?

É preciso lembrar que em Janeiro de 2020, na véspera da crise de Covid, 1.000 médicos, incluindo 600 chefes de serviço hospitalar, ameaçaram renunciar para denunciar "um hospital público em extinção"? Finalmente, ontem, 28 de Outubro, havia 3.045 pessoas em cuidados intensivos. Como falar de saturação quando lembramos que, no final de Agosto, o Ministro da Saúde anunciou 12 mil camas disponíveis se necessário (quatro vezes mais). Onde estão essas camas?

A verdade é que os governos não querem investir em hospitais públicos onde os profissionais são maltratados e onde cerca de 70 mil camas foram perdidas em quinze anos, mesmo quando a medicina da cidade está saturada e os serviços de emergência vêm o seu atendimento aumentar ano após ano.

Sim, o hospital está sob tensão, mas isso não é fundamentalmente por causa do Covid!

Isso deve-se essencialmente aos maus-tratos políticos de que este serviço público tem sido objecto em geral há mais de vinte anos, e especialmente desde que os políticos introduziram ali como em toda a parte uma política dos números e dos lucros inspirada na gestão das grandes empresas (privadas – NdT).

A vida social amputada, a democracia em perigo

A verdade é que o bloqueio (que pode ser estendido além do 1º de Dezembro) cria muito mais problemas do que os que resolve.

O balanço mundial do confinamento não está associado a nenhuma redução mensurável da mortalidade, enquanto o seu principal resultado observável é, em primeiro lugar, colocar centenas de milhares de pessoas sem trabalho e possivelmente milhões de pessoas amanhã, sobretudo evidentemente entre os mais frágeis (empregos precários, contratos a termo, trabalhadores temporários, pessoas pagas por serviço, trabalhadores sazonais, etc.), e ameaçar com o desaparecimento da maioria dos pequenos negócios, muitas vezes familiares, que não sejam comércios, cuja actividade diária é a única fonte de rendimento. Podemos apostar que os grupos muito grandes ficarão satisfeitos, porque sem dúvido os irão recomprar  amanhã.

Essas medidas de confinamento têm então o efeito de cortar a vida social da maioria dos laços sociais, excepto a família. Um certo modo de vida e pensamento gentrificado certamente ficou satisfeito com isso na Primavera passada, com cada criança a ter o seu quarto para viver a sua privacidade, o seu computador para ficar em contacto com a escola e o seu smartphone com um pacote ilimitado para comunicar constantemente com os seu amigos, pais em teletrabalho, saindo todos os dias para correr nas ruas e espaços verdes "onde podíamos ouvir os pássaros de novo", e tendo as refeições entregues em suas casas se tivessem preguiça de cozinhar ou o medo de ir misturar-se com a população num supermercado.

Mas que proporção da população vive esse quotidiano em confinamento? Quem não vê que o confinamento faz explodir as desigualdades sociais, o fracasso escolar, a violência doméstica, os transtornos psicológicos e a renúncia aos cuidados de saúde?

Quem não sabe que já estão a suceder-se levantamentos e rebeliões de fome noutros países? E quem compreende que os pássaros costas largas e que esses pequenos momentos de trégua proporcionados pelo pânico dos humanos não são nada se comparados à sua lenta extinção?

Quanto à democracia, ela está vedada pelo estado de urgência permanente e pelo confinamento.

O que é uma democracia sem liberdade de ir e vir, de reunir e de se manifestar? O que é uma democracia onde quase não sobrou ninguém nos hemiciclos das assembleias parlamentares? O que é uma democracia onde a justiça está paralisada por não ser capaz de ouvir? O que é uma democracia onde, em última análise, só existe o poder executivo? O que é uma democracia onde tudo isso é imposto por medo e culpa, até mesmo a censura e a acusação de quem se recusa a ceder?

Cada qual, em consciência, tirará as consequências que deseja de todas essas constatações dramáticas. Não clamamos pela revolução e não fazemos política partidária. Mas queremos dizer que já suportámos mais do que o necessário do que nos é exigido para nos comportarmos como as ovelhas de Panurgo, em nome de um princípio de precaução completamente distorcido e de interpretações estatísticas que podem ser manipuladas.

Exigimos que acabem com este pânico sanitário, que dêm aos cuidadores os meios para cumprir as suas missões de saúde pública, que parem de violar sectores inteiros da sociedade e que saiam deste estado de urgência permanente pela construcção democrática de uma política de saúde consensual.

 


SIGNATÁRIOS

 

Laurent Mucchielli, sociologue, directeur de recherche au CNRS ; Laurent Toubiana, chercheur épidémiologiste à l’INSERM, directeur de l’IRSAN ; Jean Roudier, professeur de médecine, rhumatologue, directeur de l’unité INSERM-UMRS 1097 ; Paul Touboul, professeur de cardiologie à l’université Lyon 1 ; Pierre-Yves Collombat, ancien sénateur du Var, ancien vice- président de la commission des lois ; Emmanuel Krivine, chef d’orchestre, directeur honoraire de l’Orchestre national de France ; Jean-François Tous- saint, professeur de physiologie à l’université de Paris, ancien président des États généraux de la prévention ; Marc Rozenblat, président du Syndicat national des médecins du sport-santé ; Christian Celdran, directeur régional des Affaires sanitaires et sociales (DRASS) honoraire ; Chantal Brichet- Nivoit, médecin et correspondante de l’Académie d’éthique à l’université de Paris ; Dominique Eraud, médecin, présidente de la Coordination natio- nale médicale santé environnement ; Louis Fouché, médecin anesthésiste, réanimateur hospitalier ; Bernard Marsigny, médecin anesthésiste réani- mateur hospitalier ; Gilles Perrin, médecin anesthésiste réanimateur ; Bernard Swynghedauw, biologiste, directeur de recherche émérite à l’IN- SERM ; Fabrice Bonnet, professeur d’endocrinologie au CHU de Rennes/uni- versité Rennes 1 ; Jolanta-Éva Amouyal, psychologue clinicienne et du travail, expert de la Commission européenne ; Alexandra Henrion Caude, chercheur, généticienne, directrice de l’Institut de recherche Simplissima ; Andréa Soubelet, enseignant-chercheur à l’université Côte-d’Azur ; Édith Galy, professeure en ergonomie à l’université Côte-d’Azur ; Bruno Péquignot, professeur émérite de sociologie des universités de Paris ; Jean-Loup Mouysset, oncologue médical, Hôpital privé de Provence ; Bernadette Mei- gnan, médecin généraliste ; Sébastien Lagorce, médecin généraliste ; André Quaderi, professeur de psychologie, université Côte-d’Azur ; Olivier Soulier, médecin ; Gilles Guglielmi, professeur de droit à l’université Paris II Pan- théon-Assas, directeur du Centre de droit public comparé ; Éric Desmons, professeur de droit public, université Sorbonne Paris Nord ; Alain Wurtz, professeur émérite de chirurgie thoracique, université de Lille ; Bernard Dugué, ingénieur des Mines, docteur en pharmacologie, docteur en phi- losophie ; Elizabeth Oster, avocat à la Cour, ancien membre du Conseil national des barreaux ; Arnaud Rey, chercheur en psychologie au CNRS ; Mathias Delori, politiste, chargé de recherche CNRS ; Alexandra Menant, docteur en biologie, chercheuse au CNRS ; Alain Deville, physicien, pro- fesseur émérite à l’université Aix-Marseille ; Thierry Oblet, maître de conférence en sociologie, université de Bordeaux ; Éric Plaisance, professeur de sociologie à l’université Paris-Descartes ; Thierry Flaget, conseiller prin- cipal d’éducation ; Marc Cognard, professeur de biologie et physique- chimie en lycée ; Malick Abubakr Hamid Diallo, journaliste ; Virginie Bauer, journaliste-enseignante ; Cesare Mattina, enseignant/chercheur à Aix- Marseille université ; Nathalie Chapon, enseignante et chercheure à Aix- Marseille université ; Elise Carpentier, professeur de droit public à l’université d’Aix-Marseille ; Marc Roux, professeur honoraire de zootechnie ; Pascale Gillot, maître de conférences en philosophie, université de Tours ; Cha- ralambos Apostolidis, professeur de droit international à l’université de Bourgogne ; Didier Blanc, professeur de droit public à l’université de Tou- louse ; Christophe Leroy, biologiste, docteur en biologie moléculaire et cellulaire ; Dominique Domergue Anguis, gynécologue ; Evelyne Fargin, pro- fesseur de chimie à l’université de Bordeaux ; David Lepoutre, professeur de sociologie, université de Paris-Nanterre ; Isabelle Vinatier, professeur émérite de sciences de l’éducation à l’université de Nantes ; Marie Touzet Cortina, maître de conférences à l’université de Bordeaux ; Rose-Marie Castello, médecin du travail ; Sroussi Hubert, médecin généraliste (Mont- béliard) ; Cécile Bourdais, maîtresse de conférences en psychologie à l’université Paris 8-Vincennes à Saint-Denis ; Marie Estripeaut-Bourjac, pro- fesseur émérite à l’université de Bordeaux ; Rémy Marchal, professeur des universités à l’École nationale supérieure d’arts et métiers ; Marie- Laure Cadart, médecin et anthropologue ; Jean-Jacques Vallotton, médecin généraliste (39) ; Florence Lair, radiologue libérale, Blois ; Nassim Moussi, architecte ; Jean-Christophe Besset, réalisateur ; Luc Petitnicolas, responsable R&D, chargé de cours ; Murielle Dellemotte, médecin du travail ; Monique Lamizet, médecin ; Bernard Lamizet, ancien professeur d’université à Sciences-Po Lyon ; Monique Romagny-Vial, professeur des universités ; Jean-Jacques Robin, juriste ancien directeur d’établissements médico- sociaux ; Sébastien Aubert, professeur agrégé de génie mécanique, École nationale supérieure d’arts et métiers ; Laurence Maury, psychologue (psychologie sociale et cognitive) ; Isabelle Aubert, maître de conférences HDR à l’université de Bordeaux ; Thierry Gourvénec, pédopsychiatre ; Michèle Leclerc-Olive, chercheure retraitée CNRS-EHESS ; Hélène Banoun, pharmacien biologiste, docteur ès-sciences pharmaceutiques ; Pierre Grenet, écrivain ; André Cayol, enseignant-chercheur retraité de l’université de Compiègne-Sorbonne ; Shanti Rouvier, docteure en psychologie clinique et psychopathologie ; Jean-Michel de Chaisemartin, psychiatre des hôpitaux honoraire ; Gilles Mottet, enseignant artistique, compositeur ; Marta Barreda, médecin généraliste, spécialiste en santé publique ; Camille Allaria, sociologue, chercheuse associée au CNRS ; Pierre Duchesne, psy- chanalyste ; Michel Angles, médecin généraliste (12) ; Daniel Robinson, médecin généraliste (Écully) ; Jean-Pierre Eudier, chirurgien-dentiste ; Christian Perronne, médecin infectiologue ; Christine Claude-Maysonnade, avocate (Tarbes) ; Eugenia Lamas, chercheuse en éthique, INSERM ; Hervé Joly, directeur de recherche CNRS, Lyon ; Sylvie Laval, psychiatre ; Daniel Chollet, médecin pneumologue ; Brigitte Agostini, infirmière libérale, Pro- priano ; David Esfandi, psychiatre-addictologue, Bordeaux ; Thiou Sandrine, médecin généraliste à Besançon ; Ariane Bourgeois, avocat au barreau des Hauts-de-Seine ; Emmanuelle Lemonnier, médecin généraliste, Ville- nave-d’Ornon ; Jean-Jacques Coulon, médecin généraliste Bourges ; Frédéric Monier, professeur d’histoire contemporaine, Avignon université ; Marc Richevaux, magistrat, maître de conférences à l’université du Littoral Côte-d’Opale ; Jean-François Lesgards, biochimiste, chercheur au CNRS ; Bri- gitte Weiss, médecin généraliste ; Laura Giusti, médecin psychiatre ; Mylène Weill, biologiste, directrice de recherche au CNRS ; Eric Bouvier, pharma- cien ; Bernard Cornut, polytechnicien ; Sophie Tasker, traducteur et expert judiciaire ; Mohamed Zelmat, biologiste médical ; Dominique Jaulmes, médecin retraitée, ancien PHTP AP-HP ; Anne Marie Bègue-Simon, ancien maître de conférences des universités en sciences humaines, ancien médecin et expert honoraire près des tribunaux ; Tanguy Martinelli, médecin généraliste à Issigeac (Dordogne) ; Frédéric Hasselmann, professeur de musique, chef d’entreprise, responsable d’association ; Jean-Pierre Grouzard, retraité des Industries électriques et gazières ; Caroline Mécary, avocate aux barreaux de Paris et du Québec, ancien membre du Conseil de l’Ordre ; Bernard Banoun, professeur de littérature allemande, Sor- bonne-Université, faculté des lettres ; Hugues Debotte, conseiller en droit ; Sendegul Aras, avocat au barreau de Strasbourg, membre du Conseil de l’Ordre ; Amandine Thomasset, psychiatre, praticien hospitalier ; Lisbeth Girard Claudon, médecin généraliste ; Benoît Rousseau, juge des libertés et de la détention (Cayenne) ; Cécile Fortanier, docteur en économie de la santé, cadre hospitalier ; Delphine Rive, médecin généraliste (Rezé) ; Claude Gautier, professeur de philosophie, École normale supérieure de Lyon ; Nathalie Caradot, médecin généraliste ; Michel Soussaline, chirurgien AIHP-ACCAHP ; Nicolas Sembel, professeur de sociologie à Aix-Marseille université ; Roland Pfefferkorn, professeur émérite de sociologie à l’université de Strasbourg ; Maryse Esterle, sociologue, enseignante-chercheure hono- raire de l’université d’Artois ; Lucie Jouvet Legrand, maîtresse de conférences en socio-anthropologie ; Caroline Petit, chercheuse au CNRS ; Pascal Lar- dellier, professeur de sciences de la communication à l’université de Bourgogne ; Aurélia Vessière, chercheur en maladies infectieuses ; Nathalie Bauer, écrivain, traductrice littéraire ; Marie-José Minassian, philosophe ; Fausto Lanzeroti, ostéopathe DO ; Jean-Marc Le Gars, avocat au barreau de Nice ; Michel Deshaies, professeur de géographie, université de Lorrain ; Thierry Orsiere, Ph. D HDR, ingénieur de recherche en toxicologie génétique à Aix-Marseille université ; Jean-Luc Viaux, professeur émérite de psychologie à l’université de Rouen ; Jacques Bouaud, chercheur en informatique médicale ; Jean-Michel Crabbé, médecin généraliste (Besançon) ; Patrick Bellier, pneumologue ; Isabell Erhardt, médecin généraliste ; Franklin Joulie, chirurgie gynéco-obst (Nantes) ; Pascal Sacré, anesthésiste-réanimateur ; Pierre-Olivier Weiss, attaché temporaire d’enseignement et de recherche à l’université des Antilles ; Aurélien Dyjak, docteur en sociologie, formateur ; Pascal Pannetier, chef d’entreprise ; Jean-Luc Stanek, santé navale et chi- rurgien-dentiste ; Jeanine Jemet, médecin généraliste ; Rosa Gutierrez Silva- Lenud, infirmière, diplômée en santé publique ; Claude Amzallag, musicien ; Bénédicte Helfer, expert science de régulation ; Nicole Foulquier, avocat (Béziers) ; Claude Murtaza, médecin généraliste ; François Gastaud, chirurgien orthopédiste ; Amélie Castellanet, historienne de l’art ; Sara Melki, ouvrière agricole ; Léna Barbancey, infirmière ; Vincent Pavan, maître de conférences en mathématiques, Aix-Marseille université ; Ève Martin, psychologue de l’Éducation nationale ; Nicolas Védrines, kinésithérapeute diplômé en ingénierie ; Gérard Ostermann, professeur de thérapeutique, médecine interne, psychothérapeute ; Michel Boudet, médecin généraliste ; Anne- Elisabeth Migeon, diététicienne/nutritionniste ; Félix Giloux, critique d’art ; Béatrice Adam, kinésithérapeute ; Maylis Ferry, post-doctorante en science politique au Centre Émile-Durkheim ; Justine Schaal, infirmière diplômée d’État ; Idriss Abiola, infirmier anesthésiste, Paris ; Pierre Sonigo, directeur de recherche et développement ; Rik Verhellen, médecin généraliste ; Paul Rocchietta, directeur financier ; Pierre Concialdi, chercheur en science sociales ; Laurent Lederer, comédien ; Alain Le Hyaric, médecin de santé publique, Paris ; Koryna Socha médecin, PH, docteur en sciences médicales ; Jean-Baptiste Mouzet, praticien hospitalier gériatre, Maine-et-Loire ; Gérard Le Roux, médecin généraliste retraité ; Jean-Jacques Gandini, avocat honoraire, Montpellier ; Marie Monguet, psychologue clinicienne ; Jean-Marc Rehby, médecin généraliste (Lille) ; François de Chabalier, psychiatre, épidémio- logiste ; Cynthia Galand, infirmière diplômée d’État ; Christine Pavon, pro- fesseure des écoles ; Sophie Hélayel, accompagnante d’élève en situation de handicap (AESH) ; Jérôme Reynier, docteur en psychologie sociale ; Arthur Roncetto, bibliothécaire ; André-Pierre Bouillet, médecin généraliste (Talant) ; Jean-Dominique Michel, socio-anthropologue ; Maryse Pechevis, avocat à la Cour (Montpellier) ; Nadège Pandraud, enseignant-chercheur à Aix-Marseille université ; Didier Delaître, médecin légiste, Le Bourget ; Peter El Baze, médecin, ancien attaché des hôpitaux du CHU de Nice ; Heike Freire, philosophe et psychologue, spécialiste de la pédagogie verte ; Christian Castellanet, agro-écologue ; Dominique Leiber, médecin généraliste ; Margot Mottet-Caisson, étudiante à l’Université ; Pascal Roman, professeur de psychologie clinique, psychopathologie et psychanalyse à l’université de Lausanne ; Gaël Raimond, étudiant infirmier ; Joo Zim- mermann, ingénieur agronome, chargée d’accompagnement ; Maxime Langevin, doctorant en mathématiques appliquées ; Hélène Chollet, docteur en médecine ; Béatrice Petit, médecin généraliste ; Raphaël Sendrez, mas- seur-kinésithérapeute et ostéopathe ; Nicole Chaudière, pharmacienne ; Karim Souanef, maître de conférences en sociologie à l’université de Lille ; Vincent Manns, médecin généraliste acupuncteur ; Martine Mérour, pneu- mologue ; Myriam Balsat, médecin généraliste ; Yves-Marie Mattheyses, infirmier anesthésiste ; Anne Atlan, directrice de recherches au CNRS, généticienne des populations et sociologue ; Caroline Mouzet-Heaulme, médecin généraliste ; Christophe Sgro, avocat, barreau de Nancy ; Eliana Carrasco-Rahal, traductrice, autrice ; Gilles Moulard, chauffeur-livreur ; Adèle André, juriste ; Dominique Bouvier, pharmacienne ; Marie-Louise Chaix, micro-entrepreneur ; Ralph Lévy, étiopathe ; Nicole Roattino, pharmacienne praticien hospitalier ; Chantal Hecq, retraitée ; Évelyne Jaumary-Lapeyre, avocat, docteur en science politique ; Sybille Burtin-Philibert, médecin spécialiste de santé publique ; Laurent Durinck, médecin anesthésiste ; Véro- nique Ahari, médecin nutritionniste ; Nathalie George, médecin du travail et épidémiologiste ; Frédéric Schnee, médecin gériatre coordonnateur en Ehpad ; Dominique Crozat, professeur de géographie à l’université Paul- Valéry, Montpellier ; Thierry Medynski, médecin généraliste ; Teddy Francisot, avocat à Montpellier ; Blanche Magarinos-Rey, avocate au barreau de Paris ; André Bonnet, avocat au barreau de Marseille ; Hélène Palma, maître de conférences à l’université d’Aix-Marseille ; Jean-Luc Wabant, avocat ; Guy Chapouillié, professeur émérite à l’ENSAV de Toulouse : Évelyne Gandais, dermatologue ; Nicole Karsenti, médecin généraliste ; Fabien Giboudot,  médecin généraliste (39) ; Gwennola Nouet-Berthelot, docteur en médecine (49) ; Édith Delbreil, avocate au barreau d’Avignon ; Serge Rader, pharmacien, Paris ; Valérie Giraud, sage-femme sexologue ; Emmanuel Sarrazin, médecin généraliste ; Frédéric Barbe, maître de conférences associé à l’École d’ar- chitecture de Nantes ; Jean-Louis Pasquier, formateur pour adultes et pra- ticien en cohérence cardio-respiratoire ; Christine Pasquier, formatrice, coach et praticienne en cohérence cardio-respiratoire ; Franck Enjolras, psychiatre et anthropologue ; Anne-Catherine Martin, médecin généraliste ; Paul-André Bellot, chirurgien dentiste ; Francine Barouch, médecin homéo- pathe (Nice) ; Catherine Delmas, médecin généraliste, Toulouse ; Jean Emsallem, médecin angéiologue ; Morgane Miègeville, cadre de santé ; Jean-Philippe Golly, informaticien ; Patricia Melot, médecin généraliste ; Christophe Lemardelé, docteur en histoire des religions, chercheur associé au CNRS ; François Le Gall, musicien ; Sylvie Huitorel, infirmière libérale (56) ; Marc Arer, médecin généraliste (Saint-Étienne) ; Philippe Bos, anes- thésiste-réanimateur retraité ; Aline Hubert, hydrogéologue ; James Masy, maître de conférences en sciences de l’éducation à l’université Rennes 2 ; Benoit Marpeau, maître de conférences en histoire, université de Caen- Normandie ; Anne-Gabrielle Mottier, orthophoniste ; Lidia Wacheux, aide- soignante ; Laurent Toussaint, conseiller en investissements financiers, professeur à Montpellier Business School ; Bénédicte Dassonville, médecin généraliste ; Sylvie Imbert, informaticienne ; Elsa Ronchi, cheffe de projet développement social urbain ; Christophe Dargère, sociologue, chercheur associé au Centre Max-Weber ; Tamara Baron, psychologue ; Dominique Géraud-Coulon, médecin rééducateur (Gap) ; Pierre Maugeais, médecin généraliste (30) ; Françoise Giorgetti-D’Esclercs, médecin oto-rhino-laryn- gologiste, CHU Marseille ; Manuel Zacklad, professeur en sciences de l’in- formation et de la communication au CNAM ; Paul Report, retraité, ancien magistrat des tribunaux administratifs et cours administratives d’appel ; Marianne Bordenave-Jacquemin, maître de conférences en physiologie végétale, Sorbonne université ; Catherine Raulin, médecin ostéopathe ; Natacha Galet, psychologue clinicienne, psychanalyste ; Gérard Delépine, chirurgien cancérologue statisticien ; Nicole Delépine, pédiatre cancérologue ; Jutta Schicht, éducatrice spécialisée ; Ève Villemur, homéopathe, nutritionniste et praticienne en TCC ; Béa Arruabarrena, maître de confé- rences Conservatoire national d’arts et métiers (CNAM), laboratoire DICEN ; Sylvie Cagnin, médecin anesthésiste-réanimateur ; Claire Neirinck, professeur de droit émérite, université de Toulouse 1 Capitole ; Thierry Loloum, médecin, psychiatre (16) ; Véronique Le Gall, psychologue ; Alain Tortosa, thérapeute ; Colette Nordmann, médecin du sport-santé, Bures- sur-Yvette ; Aude Meesemaecker, infirmière libérale, naturopathe, Mont- pellier ; Noémie Garnier-Maugeais, professeure spécialisée pour enfants sourds ; Leila Gofti-Laroche, pharmacien et épidémiologiste, praticien hospitalier au CHU Grenoble-Alpes.

Retirado de:  https://les7duquebec.net/archives/259554

 


 

Sem comentários:

Enviar um comentário