sábado, 13 de outubro de 2012

A “indignação” de um Coelho acossado!


No “debate” ocorrido ontem na Assembleia da República, onde, como se sabe, os diferentes partidos do “arco parlamentar” se entretêm a discutir o sexo dos anjos, e a dar a primazia ao acessório em vez de à substância das coisas, Passos Coelho fez, uma vez mais, uma arrebatada defesa de que a dívida e a crise geradas pelo sistema capitalista, que servem os interesses dos grandes grupos financeiros e bancários, sobretudo alemães, deve ser paga pelos trabalhadores e pelo povo que, segundo o personagem, devem seguir o exemplo dele, Coelho, que pertence a “uma raça de homens que paga o que deve”!

 
Se Coelho considera que deve alguma coisa e, mais do que isso, que tem a obrigação de a pagar, ele lá saberá as razões por que faz tais afirmações! Se é por virtude dos benefícios e “favores” que obteve, enquanto gestor da Tecnoforma ou por se ter locupletado com os fundos europeus para a formação de trabalhadores camarários, alguns deles, sabe-se agora, nunca chegaram a concretizar-se, não sendo irrelevante, quando se discute uma Lei Geral do Orçamento para 2013 que agrava ainda mais o roubo dos salários e do trabalho, os despedimentos, a fome e a miséria, é tentar lançar “areia para os olhos” daqueles que são, precisamente, chamados a pagar uma dívida que não contraíram e de que não beneficiaram – os trabalhadores e o povo!

 
Afunilar a questão da dívida para uma questão de “ética” pessoal e “moral dos costumes”, como faz Coelho, tem como único objectivo escamotear a natureza da dívida, quem foram, de facto, os seus responsáveis, como é que a dívida se torna um instrumento que permite às nações industrializadas da Europa subjugarem os países onde, sagazmente, ao longo da últimas décadas, e em nome da “solidariedade europeia”, o imperialismo germânico induziu a destruição do tecido produtivo – aumentando a sua dependência e endividamento -, reproduzindo, hoje, as relações típicas dos regimes coloniais, isto é, dentro do continente europeu haverem países fornecedores de matéria-prima ou reservatórios de mão-de-obra barata, países receptores de produtos industriais acabados, com elevadas incorporações de mais-valia e países dominadores, imperialistas, com uma elevada capacidade industrial e tecnológica instalada que lhes permite sujeitar outros à condição de colónias ou protectorados.

 
Enquadrada, ainda, nessa patética táctica, de “fulanizar” o debate, e desviar a discussão dos seus pressupostos políticos para o patamar da defesa da “dignidade pessoal”, está o descabelado ataque que Coelho endereçou a Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, por este, na sua intervenção acerca do que se conhece – que é pouco – das intenções do governo de traição PSD/CDS em fazer abater sobre os trabalhadores e o povo português um ainda maior pacote de medidas terroristas e fascistas, ter considerado um roubo aquilo que a futura Lei do Orçamento Geral do Estado para 2013, e o orçamento rectificativo para este final de 2012, contemplam, classificando de “apelo à violência” a sua intervenção.

 
Claro que os trabalhadores e o povo português têm consciência de que tais acusações de Coelho não são endereçadas a Jerónimo de Sousa e ao PCP – que se prestaram de imediato, quer no hemiciclo da assembleia, quer nos seu corredores – a esclarecer que eles são contra a violência nas lutas dos trabalhadores. O alvo de Coelho são os operários e trabalhadores que se preparam para, na próxima greve geral – e recorrendo a todas as greves gerais ou sectoriais que sejam necessárias -, afrontar a violência com que o governo se prepara para implementar novas medidas que implicam um ainda maior empobrecimento, que agravam ainda mais as suas já miseráveis condições de vida, que agravam o desemprego e a precariedade, reunindo, assim, as condições para o derrube do seu governo de lacaios e serventuários dos interesses da tróica germano-imperialista.

 
É a luta da classe operária, dos trabalhadores, das massas populares que Coelho teme! Não as “diatribes” discursivas deste ou daqueloutro representante dos grupos da chamada “esquerda parlamentar”, pois ele sabe que “palavras leva-as o vento”, mas a luta na ruas, nas fábricas, nos locais de trabalho e nos bairros, essa sim, se for consequente, corajosa e combativa, se tiver um programa mínimo, baseado em princípios, a nortear as suas lutas, levará ao derrube do governo Coelho/Portas e à constituição de um governo democrático patriótico.

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