Governo para a rua… a
trote ou a galope!
As questões
de princípio nunca é demais repeti-las! Ainda antes, e durante as eleições que
haveriam de correr, em boa hora, com Sócrates, e eleger, na base da mentira, da
denegação da verdade, nomeadamente quanto ao montante da dívida, quais os
credores e a razão pela qual ela tinha sido contraída, o governo de traidores
Passos/Portas, afirmávamos que a dívida era um instrumento usado pelo
imperialismo germânico para fazer chantagem sobre os povos e os países mais
“fragéis”, do ponto de vista da economia capitalista, da Europa, demonstrando,
ao mesmo tempo, que essa dívida era IMPAGÁVEL!
E afirmámos
que, se o povo caísse no engodo de que era obrigado a pagar a dívida porque
estivera a “viver acima das suas possibilidades”, todos os dias, Passos,
Portas, o seu inefável ministro das finanças, Gaspar Dixit, ou os batalhões de
opinadores, politólogos e especialistas do regime, viriam anunciar que, afinal,
as medidas terroristas e fascistas que tinham aplicado não tinham sido
suficientes e seria necessário impor ainda, e sempre, mais, e mais e mais
medidas contra o povo.
Passos,
Portas e Gaspar Dixit que se haviam arvorado em paladinos dos “cortes nas
despesas”, querem fazer crer, agora, que o governo teria “congelado” a sua
bandeira dos “cortes nas despesas” pelo menos até 2014. Mas, o que Gaspar Dixit
quer escamotear é que, quando o
governo corta na despesa é para roubar os salários e despedir os funcionários
públicos e ainda para retirar o acesso do povo trabalhador à saúde, à educação,
à segurança social, etc. Neste âmbito, os cortes na despesa têm sido brutais,
mas contra os trabalhadores e o povo. Os cortes na despesa que se exigem são o
não pagamento da dívida, o não pagamento aos grandes capitalistas das mordomias
que as PPPs, as rendas ao sector da energia, entre outras, proporcionam.
Cavaco
“criticou” a iniquidade da desigualdade do esforço que estava a ser exigido
para que se pagasse a dívida e, até o Tribunal Constitucional, concordando que
havia uma “emergência nacional”, caucionou o confisco ilegal dos subsídios de
férias e de natal aos trabalhadores da função pública, pelo que autorizava o
roubo, mas “só” em 2012! E, o que é que mudou? Nada! Todos eles querem que
continue a ser o povo, o único que não foi responsável pela dívida, nem dela
retirou qualquer benefício, a pagá-la!
O que de
facto sucedeu foi um anúncio de novas medidas terroristas e fascistas
propositadamente vago, sobretudo no que diz respeito aos escalões do IRS. Mas,
do que foi dito dá para perceber que o aumento de impostos é de uma violência
enorme e muitíssimo mais gravoso que a revogada subida da TSU (quanto a esta, o
Gaspar anunciou que vai haver nova proposta, isto é, vão voltar à carga).
Apesar de termos de aguardar que mais dados sobre as medidas anunciadas nos
possibilitem fazer melhor as contas, arriscaríamos dizer que o roubo aos
trabalhadores com um ordenado médio, que as subidas no IRS representam, será
bastante superior a um salário, enquanto que para certos sectores, como os
professores e outros com rendimentos similares, se aproximará dos dois
salários. Quanto aos impostos sobre o capital, não há praticamente aumento
nenhum.
Para colmatar
o “buraco” de 2,5 mil milhões de euros que se previa para o orçamento de estado
de 2013, já que a TSU havia sido referendada nas ruas e o povo tinha dado um
rotundo NÃO à sua aplicação, Gaspar Dixit vem anunciar alterações nos escalões
do IRS – imposto sobre os rendimentos do trabalho –, anunciando de forma clara
quais os novos escalões e os impactos que se vão registar pela sua alteração, e
uma sobretaxa extraordinária de 4% sobre o imposto de rendimentos, mas sem
mencionar qual o percentual e a partir de que montantes será aplicada uma
sobretaxa sobre os lucros das empresas. Dualidade de critérios?
Ora, este
“chico-esperto” da política, este sobredoseado de “calmantes”, julga certamente
que os trabalhadores e o povo são estúpidos e não compreenderam de imediato que
a fórmula anunciada – e, de facto, já esperada – tem exactamente o mesmo
objectivo e alcance da derrotada e já enterrada TSU. O povo sabe que este
governo traidor pretende, com a mão que “devolve” um dos subsídios a confiscar
em 2013 aos trabalhadores da função pública, roubar, através deste “novo
escalonamento” do IRS, valor de montante idêntico ou superior àquele. Assim
como entende perfeitamente que este governo deseja estender aos trabalhadores
que vendem a sua força de trabalho às empresas privadas esse confisco ilegal de
um subsídio.
Mas, para
quem tinha dúvidas acerca de ao serviço de que classe e de que interesses de
classe está este governo, as afirmações que produziu o secretário de estado
Moedas na entrevista que deu, esta noite, à TVI, sobre as medidas anunciadas à
tarde pelo seu chefe Gaspar, ainda a propósito das polémicas declarações do
conselheiro António Borges acerca da falta de inteligência dos empresários
portugueses ao opor-se à aplicação da TSU, é reveladora: “É preciso que se
compreenda que este governo é amigo das empresas!”. Isto é, dos empresários, já
que dos trabalhadores demonstra ser um inimigo figadal!
O que o
governo parece não entender é que, depois do anúncio de Passos no passado dia
07 de Setembro e da reacção popular que de imediato se seguiu e enterrou a TSU,
Gaspar Dixit deu agora o mote final: Governo para a Rua, a trote ou a galope!
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