Logo a seguir às eleições que levaram PSD e CDS ao poder,
que, no horizonte da política vil, mesquinha, hipócrita e vendida, praticada
pelos partidos que assinaram o “memorando de entendimento”, se foram formando
dois blocos: a “esquerda” e a “direita” da tróica germano-imperialista.
À “direita” dos partidos da tróica - por definição os que
estão no governo, PSD e CDS – cabe aplicar a ferro e fogo as medidas que o
imperialismo e o grande capital financeiro lhes ordenam. À “esquerda” desses
partidos – por definição os que estão na oposição, actualmente o PS – compete
fingir desacordo com algumas medidas pontuais do governo e da tróica, medidas
essas que, se fosse governo, também aplicaria.
Na sua estratégia oportunista, o PS acusa o governo PSD/CDS
de ser “mais troiquista do que a tróica”, tentando iludir o facto de ser a
tróica que redige ou aprova todas as medidas que o governo adopta. Assim sendo,
tudo lhe serve para tentar cavalgar o descontentamento e a luta popular, que se
está a agigantar, com o propósito de o desviar do objectivo de escorraçar, sem
apelo nem agravo, todos aqueles que têm apoiado e executado as medidas
terroristas e fascistas ditadas por Berlim e pela chancelerina Merkel, isto é,
Coelho, Portas, Cavaco, e uns tantos mais fiéis serviçais do IV Reich, e de
impor a constituição de um governo democrático patriótico.
Desde Seguro a tentar aproveitar-se da justa indignação dos
pequenos proprietários da restauração que fizeram ouvir bem alto os seus
protestos contra o aumento do IVA, que está a levar à falência centenas de
empresas do sector e ao despedimento de dezenas de milhares de trabalhadores,
nas bancadas do parlamento, afirmando que “ele sempre avisou” do que estaria
para acontecer, até ao inefável Pedro Marques que “avisa” sobre os milhões que
estamos a pagar a mais de juros por estarem “congelados” 7,5 mil milhões de
“empréstimos” da tróica, destinados a “salvar a banca”, mas de que esta diz não
precisar, passando pela deputada “socialista” que hoje, num tom muito
“indignado” referia que a Lei do OE 2013 teria triplicado os “cortes” nas
verbas destinadas aos apoios sociais, de tudo o PS se tem utilizado para
obliterar da memória do povo o facto de este partido também ter assinado o
memorando com a tróica germano-imperialista e, mais do que isso, continuar a
estar de acordo com a sua aplicação.
Aliás, o que esta estratégia visa, não é, como diz Seguro e
Zorrinho, “aliviar” o sofrimento dos trabalhadores e do povo. Faz parte de um
plano “B”, um plano de contingência, do próprio directório europeu, do BCE e do
FMI, a mando dos interesses do imperialismo germânico, conscientes que estão de
que os dias do governo dos traidores Coelho e Portas estão contados, bem como
daqueles que sempre os apoiaram – como é o caso de Cavaco – e que, para que o
poder “não caia na rua” e os seus “créditos” sejam ressarcidos, é preferível
apostar, desde já, na preparação de um novo cavalo.
E porque é que é importante denunciarmos esta manobra?
Porque esta tem sido uma das formas que a contra-revolução encontrou para se
reorganizar e fazer face a um movimento revolucionário cada vez mais pujante,
organizado e firme. O PS, tal como o PSD e o CDS, pautam a sua conduta política
por considerar que os trabalhadores e o povo, que não contraíram esta dívida,
nem dela beneficiaram, é que a têm de pagar. Coelho e Portas, mais
trauliteiros, acham que as “vítimas” devem ser sujeitas a esta operação, sem
anestesia. Já Seguro e o PS, contemporizam e dizem que pelo menos uma epidural
lhes deve ser aplicada.
Ambos sabem qual a origem e a causa desta dívida e desta
crise. Ambos sabem que a dívida se constituiu, por um lado, como um mecanismo
para o imperialismo germânico dominar a Europa sem ter de recorrer às divisões
Panzer e, por outro, para os grandes grupos financeiros e bancários alemães
(que pontificam e dominam o BCE) arrecadarem lucros fabulosos. Ambos sabem que
esta dívida é IMPAGÁVEL, quer seja paga, como pretende Coelho e Portas, de um
golpe, quer de forma mais “suavizada”, como sugere Seguro e o PS.
Nesta encruzilhada, pertencer ao campo anti-tróica, ao campo
anti-capitalista, anti-imperialista, significa assumir que só derrube deste
governo, a expulsão da tróica germano-imperialista do nosso país e a
constituição de um governo democrático patriótico, cuja primeira medida seja a
suspensão, no mínimo, do pagamento da dívida, o controle da banca e a execução
de um plano de desenvolvimento ao serviço dos trabalhadores e controlado por
estes, é o único caminho a trilhar.
Concordo com as suas palavras, excepto, quando é demasiado brando com as esquerdas autoproclamadas de rutura: eles fogem de responsabilidades como o diabo da cruz, quando desafiam o PS a formar governo com eles, sinto que há qualquer coisa escondida que não querem revelar; nem Seguro será tão inseguro como transparece das suas palavras, nem o tio Jerónimo e Louçã são os anjinhos, de asas brancas que às vezes parecem querer parecer. Lembre-se do que aconteceu há um ano atrás com a votação do célebre PEC IV. Mas adiante, se estivessem de boa fé, não exigiam que fosse cumprida a sua RELIGIÃO, como bíblia de um programa de governo apoiado por eles, como se fossem eles os partidos mais votados.
ResponderEliminarEm tudo na vida e num governo…mais ainda, temos de ter em conta e em proporção, os membros mais votados, seguidos de outros que os queiram acompanhar.
Gostaria sinceramente de ter um governo apoiado pelo BE; quanto ao PCP tenho a vaga impressão que nem eles estão interessados, nem o PS quer ser penalizado por políticas conservadoras como considero que são as dos comunistas, mas se tiverem dado uma volta de 180º, óptimo.
A nossa história recente, durante o PREC, diz-nos muito do que pensam e nem sequer se dão ao trabalho de negar. Têm legitimidade para defender as suas políticas, mas não tentem tapar os olhos a quem não os segue.
Quanto à suposta manobra, com o apoio de Seguro à manifestação dos empresários de restauração, admito que haja alguns que até sejam das ditas esquerdas, mas sinceramente não acredito que se contem por mais do que 10% da totalidade. No meu anterior post, defendi e defendo que Sócrates deve pedir desculpa ao país que quase deixou em colapso, mas deve também submeter-se a julgamento na Justiça, aliás como todos os que agora estão no poder por obra de sua santidade Pedro Passos Coelho; não vou branquear a acção de Sócrates,enquanto governante e deixe que lhe diga, Seguro faz muito bem em manter-se longe do seu antecessor.
Consigo ter uma idéia do que é viver num país governado por um partido da esquerda democrática. Viver num país com um governo de extrema-esquerda não imagino nem sequer penso nisso e sinceramente não encontro que fosse melhor que a extrema-direita que temos agora no poleiro.
Caro amigo Manuel Araújo
ResponderEliminarComo já se terá apercebido as minhas simpatias políticas evoluem em torno do marxismo-leninismo e do partido que considero seguir esse fundamento ideológico - o PCTP/MRPP.
Do ponto de vista conceptual não concebo definições como esquerda democrática ou extrema-esquerda. O que existe é uma intensa luta de classes, sendo que por vezes a relação de forças é favorável aos trabalhadores - como no presente, defendo - e outras é a burguesia e o grande capital que esta representa que está mais forte.
Apesar de estar de acordo consigo no fundamental da sua apreciação relativamente às responsabilidades de BE e de PCP, sobretudo nas hesitações e na falta de uma linha revolucionária que constitua uma saída efectiva para os trabalhadores e para o povo se conseguirem ver livres da canga da dívida que não contrairam, nem dela beneficiaram, do ponto de vista táctico existem questões que não poderemos desprezar.
Se é certo que a direcção do PS, através de Seguro, só se diferencia de PSD e CDS, no que concerne o pagamento da dívida, quanto à intensidade do golpe e à temporalidade do pagamento, todos estão de acordo com o princípio de que o povo esteve a "viver acima das suas possibilidades" e, como tal, deve pagar a dívida que foi fruto das trafulhices jurídico-legais das PPP's, do BPN (só aqui estão enterrados mais de 7 mil milhões de euros, isto é, o total que estamos a pagar de juros em 2012), não menos certo é que BE e PCP sempre defenderam a "reestruturação" e a "renegociação" da dívida o que, em meu entender, não difere muito - a não ser na linguagem aparentemente mais esquerdista - do que defende o PS.
Mas, num momento em que é certo que este governo tem de ser derrubado, eis-nos chegados ao nó górdio da questão: e ser substituido pelo quê, por que governo e, sobretudo, com que programa? Defendemos, há mais de 1 ano que, além de considerarmos que o povo não deve pagar esta dívida, até porque ela é um instrumento do imperialismo germânico para dominar outros países - e conseguir o que nem Hitler conseguiu com todas as divisões Panzer, isto é, conquistar e subjugar a Europa -, do derrube do governo de traição Coelho/Portas deve emergir um governo democrático patriótico.
Nas circunstâncias actuais, em que é necessário quebrar o ciclo de endividamento provocado pela destruição massiva do nosso tecido produzido - muito favorável aos interesses da Alemanha -, há que concitar, não necessáriamente entre as cúpulas partidárias, mas antes na sociedade cívil, um conjunto vasto de interesses de classe, desde a classe operária a intelectuais, de trabalhadores especializados a assalariados rurais, de pequenos e médios proprietários arruinados a reformados e estudantes, que estejam interessadas em que se retome a soberania nacional, se recupere o tecido produtivo, se tire proveito das nossas vantagens geoestratégicas e se leve a cabo um plano de investimentos criteriosos, voltados para a satisfação dos interesses de quem trabalha e do povo.
Ora, isto ainda não é o socialismo - e muito menos o comunismo -, sistema pelo qual, do ponto de vista estratégico, nos batemos. É um patamar intermédio, unitário, absolutamente necessário e vital para termos futuro e podermos avançar. Uma unidade deste tipo, baseada no princípio de que a primeira medida que um tal governo democrático patriótico deveria tomar será, no mínimo, a suspensão da dívida e do "serviço da dívida" (como vê, em nome desta unidade estamos dispostos a reduzir a nossa reclamação da NÃO PAGAMOS a uma suspensão da dívida enquanto uma auditoria independente determinasse quanto devemos, a quem devemos e porque é que devemos), o controlo da banca (nem sequer reclamamos a nacionalização da banca, mas o seu controlo, já que ela sobrevive à custa do dinheiro que está a ser roubado ao povo)e não nos deixarmos intimidar pela saída do euro.