Veio a lume, esta semana, a notícia de que, virtude de uma
disposição negociada pela Irlanda, a braços com um “resgate” idêntico ao que a
tróica desenhou para o nosso país – disposição que exigia que a mesma teria de
ser extensível à Grécia e a Portugal –, o estado português teria “poupado” em
juros qualquer coisa como 800 milhões de euros, “graças” à redução da taxa de
juro que aquela medida implicava.
Não fora o facto de que, quem está a ser obrigado a pagar a
“dívida” e o “serviço da dívida” (que inclui o pagamento dos ditos juros) têm
sido os “suspeitos do costume”, precisamente aqueles que não a contraíram, nem
dela retiraram qualquer benefício – os trabalhadores e o povo português –, a
notícia até poderia ser encarada como mais um registo da profusa imaginação e
do fino humor lusitanos.
Basicamente, o que se passou foi o seguinte: com a
finalidade de ter uma “justificação moral” para o roubo, e assim aliviar o
constrangimento a que sujeitou o povo, o governo dos traidores Coelho/Portas dá
cobertura à tróica germano-imperialista que age como o ladrão comum que, depois
do assalto praticado à vitima finge devolver parte do saque.
Só que este roubo, traduzido em juros sobre as tranches do
“empréstimo” já libertadas, já custou aos trabalhadores e ao povo português
mais de 8 mil milhões de euros em 2012 e representará, seguramente, mais de 12
mil milhões de euros em 2013. Isto é, milhões pagos à custa de mais fome, mais
miséria, maior agravamento do desemprego e da precariedade, limitação ou
aniquilamento do recurso à segurança social, ao subsídio de desemprego,
diminuição brutal do acesso à saúde e à educação, roubo generalizado dos
salários e do trabalho a quem trabalha e ao povo em geral.
Caricato é ver o PS, através do seu deputado Pedro Marques,
dar, igualmente, cobertura a esta demagogia populista ao “indignar-se” com o
facto de Portugal estar a perder cerca de 250 milhões ao ano em juros sobre 7,5
mil milhões de euros que foram dedicados pela tróica germano-imperialista para “salvar”
a banca portuguesa. “Indignação” que não demonstrou quando assinou o memorando com
o FMI, o BCE e a União Europeia, que previa um plano de “salvação” da banca
nacional, a ser custeada pelos trabalhadores e pelo povo português, os tais que estiveram a "consumir acima das suas possibilidades"!
Sem comentários:
Enviar um comentário