sexta-feira, 21 de março de 2014

Economistas Para Todos Os Tachos

saco de moedas 01Se houvesse porventura alguma dúvida sobre o facto de que a economia política capitalista não é uma ciência mas uma ideologia contra-revolucionária, destilada nas universidades burguesas para explorar e enganar os operários, bastaria observar atentamente como, nesta época de crise económica e financeira interna e internacional, se comporta a corporação dos economistas catedráticos.
Desde que Portugal aproou, no final do último governo de Sócrates, a uma sólida e robusta bancarrota financeira, logo o vespeiro dos nossos economistas, acolitado pela falange dos economistas europeus e americanos seus patronos, se pôs em bicos de pés para aconselhar o nosso País a lidar com a nova ocorrência, ocorrência que só eles, economistas, sempre invocando o santo nome da ciência, haviam criado.
Um novo bando de economistas ocupou então as pantalhas da televisão e as colunas dos jornais, daí insultou os colegas de ofício que tinham estado durante oito anos no turno de Sócrates, afastou-os do Poder e assentou-se nas respectivas cadeiras, ainda quentes e mal cheirosas.
Sob a batuta de Passos Coelho, o turno de economistas dos Gaspares passou a proclamar a sebástica ideia, já pregada por Salazar em 1928, de que no poupar é que está o ganho, e vão de cortar imediatamente em tudo o que sejam despesas sociais, da educação à saúde e à segurança social, das reformas às pensões e aos subsídios, roubando trabalho e salário, aumentando jornadas e o desemprego, a fome, a pobreza, a doença e a miséria.
A tribo dos economistas na Europa e nos Estados Unidos, sob a batuta da Escola de Chicago e da Tróica, apoiou e aplaudiu essa canalha.
Em véspera de eleições europeias e já não muito longe das próximas eleições legislativas internas, o turno dos economistas portugueses de descanso, e que tinha estado no poleiro com o governo de Sócrates, pôs-se agora a insultar o turno de serviço dos Gaspares, apresentou um manifesto de reestruturação da dívida, subscrito por setenta e cinco figurões, e prepara-se, sempre em nome dessa ciência infusa que se apelida de economia política, para voltar às mesmas cadeiras do Poder, solicitando todavia às instituições europeias um corte nos juros, no capital e um aumento nos prazos de pagamento da dívida.
Também aqui, a corporação dos economistas europeus e americanos, agora mais descaídos para a Escola de Keynes, exprime, através de um manifesto igualmente subscrito por setenta e cinco figuras catedráticas, o seu apoio e aplauso aos subscritores do manifesto sobre a reestruturação da dívida externa portuguesa.
Os setenta e cinco catedráticos estrangeiros são todavia muito menos exuberantes que os setenta e cinco portugueses, pois limitam-se a afiançar que apoiam “os esforços dos que em Portugal propõem a reestruturação da dívida pública global, no sentido de se obterem menores taxas de juro e prazos mais amplos, de modo que o esforço de pagamento seja compatível com uma estratégia de crescimento, de investimento e de criação de emprego”.
Tudo intenções piedosas de um segundo turno de serviço europeu e americano de economistas sobre a dramática situação em que se afunda o nosso País.
Como se vê, assim como há pau para toda a colher, também há economistas para todos os tachos. É só pedir...
Mas o que é que está por detrás deste frenesim dos figurões portugueses e estrangeiros da pseudo-ciência da economia política? Bem: o que está por detrás são as eleições para o parlamento europeu. Com efeito, da maneira como os trabalhadores portugueses foram roubados em trabalho, em salários, em pensões, em reformas e em direitos nestes últimos três anos, é natural que aproveitem a data do próximo dia 25 de Maio para se vingarem dos traidores do PSD e do CDS, mas também dos oportunistas do PS, como Seguro, e do presidente da República.
Os dois manifestos – o dos setenta e cinco subscritores portugueses e o dos setenta e cinco economistas estrangeiros – visam branquear as responsabilidades dos partidos do chamado arco-do-poder e do presidente Cavaco, na situação de pobreza, miséria e desemprego que só eles criaram.
Ah! E visam sobretudo afastar a ideia, que ganha cada vez mais adeptos entre a classe operária e o povo trabalhador, de que é urgente sair do euro!
O voto operário pode ser uma arma poderosa, se não favorecer os partidos do bloco central (PSD, CDS e PS). O voto certo é no PCTP/MRPP, por um governo democrático e patriótico, pelo não pagamento da dívida e pela saída do euro.
Sem necessidade de pseudo-cientistas da economia política reaccionária, pois esses, qualquer que seja a escola onde predicam, são os únicos responsáveis pela situação dramática em que se acha Portugal.


Retirado de:
http://lutapopularonline.org/index.php/pais/104-politica-geral/1013-economistas-para-todos-os-tachos

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