O governo de serventia aos interesses da tróica
germano-imperialista dedicou durante o último ano grande parte do tempo de antena que detém – em regime de
quase exclusividade com o seu parceiro de bloco
central, o PS – a demonstrar o
autêntico milagre económico que
resultou das medidas terroristas e fascistas que vem aplicando nos últimos três
anos e que promete prosseguir e agravar.
Ao mesmo tempo que anuncia a diminuição do
desemprego, a baixa dos juros e o
aumento das exportações, foge que nem o diabo da cruz em falar sobre o aumento
da dívida que foi, afinal, a principal, mas não única, razão invocada para PS,
PSD e CDS, chamarem a tróica e apelar a que esta pusesse o país na ordem.
O governo bem que tenta branquear o facto de que,
a condição de protectorado para a qual atiraram o país, se deveu ao facto de o terem
arrastado para uma destruição massiva do seu tecido produtivo e amarrado ao
pagamento de uma dívida ilegítima, ilegal e odiosa, agravando assim as
condições de fome e de miséria a que o povo está sujeito.
Se dúvidas subsistiam quanto ao agravamento das
condições de vida do povo e de quem trabalha, virtude dessas políticas
terroristas e fascistas levadas a cabo pelo governo de traição nacional
protagonizado por Coelho e Portas e tutelado por Cavaco, os dados de um
Inquérito às Condições de Vida e Rendimento levado a cabo pelo Instituto
Nacional de Estatística (INE), agora tornados públicos, revelam que a situação de privação material severa,
que em 2012 atingia 8,6% da população, em 2013 aumentou para 10,9%!
O estudo, que peca por defeito já que estima que
existem 2 milhões de pobres, quando todos os estudos apontam para a cifra de 3
milhões, considera privação material
severa o facto de um agregado não ter acesso a pelo menos quatro produtos
de uma lista que integra nove relacionados com necessidades económicas e bens
duráveis, onde se incluem atrasos no pagamento de rendas e empréstimos ou
despesas correntes da casa até à impossibilidade de se conseguir uma refeição
de carne ou de peixe de dois em dois dias, não ter viatura, televisão, máquina
de lavar roupa ou não poder fazer face a uma despesa inesperada (como aceder a uma urgência hospitalar ou a um
medicamento).
O estudo em causa revela, ainda, que no mesmo
período, 25,5% do povo português vivia em privação
material, contra 21,8% em 2012! Isto é, numa condição que o priva das
condições financeiras para aceder a três das nove necessidades da supracitada
lista, e que vão desde a incapacidade para pagar uma semana de férias (59,8%), a
não poder assegurar o pagamento de uma despesa
inesperada num valor próximo dos 400€ (43,2%), até não conseguir manter a
casa aquecida de forma confortável e adequada (28%).
Do inquérito infere-se, ainda, que o risco de
pobreza ou exclusão é maior em agregados com uma reduzida intensidade laboral per capita, assim como revela que as
dificuldades económicas retiram, em 2013,
a 20,5% da população com idade superior a 15 anos a possibilidade de
adquiri roupa nova – contra os 17,2% registados em 2009 - , enquanto 15.3% dos
inquiridos referiram não ter condições sequer para se encontrar uma vez por mês
com amigos ou familiares para uma refeição ou bebida e 21% não conseguirem
participar com regularidade numa actividade de lazer ou cultura, enquanto 18,9%
não possui sequer verba para despesas pessoais semanais.
Quanto a crianças na faixa etária dos 01 aos 15
anos, o estudo do INE revela que, dos 18 itens de privação que afectam as
crianças, pelo menos três deles afectaram 45,7% e a falta de cinco atingiu
27,3% delas.
Estes factos, incontornáveis e indesmentíveis,
demonstram bem que o caminho a seguir não é, como faz o PS, pactuar com o
governo de traição nacional ou, como fazem PCP e BE, de desarmar perante a
arrogância e a chantagem do executivo – como aconteceu no episódio da ponte.
O caminho a seguir é o de travar uma luta sem hesitações, criando as
condições e mobilizando os trabalhadores para todas as greves gerais
necessárias, pelo tempo necessário, até que este governo seja derrubado e
substituído por um governo democrático e patriótico que prepare a saída do
euro, recuse o pagamento da dívida e leve a cabo um plano de investimentos
criteriosos que crie emprego, desenvolva o país e assegure a sua soberania
nacional.
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