Tropa de choque do imperialismo germânico ou reconquistar
a soberania nacional e implementar um novo paradigma de economia, ao serviço
dos trabalhadores e do povo? Eis as
alternativas que o projecto de refundação europeia proposto por Merkel coloca aos povos e nações
da Europa, dominados ou em vias de ser dominados, pela pata do imperialismo
germânico que está a conseguir o que, nem Hitler, com todas as suas divisões
Panzer e poderio bélico, conseguiu: dominar, subjugar e humilhar a Europa!
Face ao actual panorama
geopolítico internacional, em que a superpotência norte-americana se torna cada
vez mais agressiva, numa desesperada
tentativa de recuperar a sua influência e domínio mundiais, enfrentando um cada
vez mais ameaçador e poderoso adversário
que é a China capitalista, o sub-imperialismo germânico tenta, afincadamente,
posicionar-se de forma a que, no quadro deste conflito, por enquanto surdo e de bastidores, não vir a perder influência nem ver comprometidos os
seus interesses de se afirmar como potência dominante na Europa e com peso
negocial no mundo.
Os episódios que levaram à
queda e assassinato de Kadafi na Líbia, as primaveras
árabes ou as revoluções violeta, a
operação de isolamento da Síria, recorrendo aos mesmos grupos terroristas e
mercenários que tinham sido utilizados na Líbia e o cada vez mais do que certo
assalto ao Irão, comprovam que as potências imperialistas e as potências
regionais, aliadas ou não daquelas, estão num grande afã a colocar os seus
peões no tabuleiro do xadrez da política de dominação internacional e se
preparam para a guerra, envolvendo nela os povos, as nações e os trabalhadores
de todo o mundo, estando dispostos, uma vez mais, a sacrificá-los no altar do
seu sacrossanto lucro.
A crise na
Ucrânia, que começou por ser constitucional,
e que hoje é, de forma cada vez mais evidente, uma crise despoletada por duas
correntes que há muito se degladiam – a dos que querem estar associados aos
interesses das oligarquias políticas e financeiras russas e a dos que defendem
uma aliança com os chamados países ocidentais,
mormente com a União Europeia -, é bem demonstrativa de que estas correntes têm
por objectivo, não a defesa do povo ucraniano, mas tão só actuar como
serventuários de um dos blocos imperialistas que pretendem abocanhar e dominar
os riquíssimos recursos daquele país, a par do jogo estratégico que passa por
saber qual dos blocos terá acesso e domínio sobre o arsenal atómico daquela que
é já a 3ª potência atómica mundial.
A crise e o frenesim dos
chamados mercados financeiros produziram na potência alemã uma desconfiança em
relação a políticos que esta considera cada vez mais incompetentes na defesa
dos seus interesses tendo para tal produzido e imposto uma casta de
tecnocratas, cujo tirocínio foi efectuado nas grandes corporações financeiras e
bancárias, para os substituir. E começaram já o assalto a todo o aparelho
político, institucional e executivo, quer a nível dos 27 países que constituem
a União Europeia, quer a nível da própria instituição que comanda os destinos
desta Europa comunitária.
Utilizando esta casta de
tecnocratas, a fuhrer do IV Reich e seus apaniguados foram preparando
autênticos golpes de estado institucionais. Começaram por nomear um Comissário
e uma Comissão Europeia, sem qualquer legitimidade democrática – democracia que
tanto gostam de propalar -, pois a sua eleição não foi sujeita a sufrágio.
Confrontada com a inépcia
da Comissão Europeia e seu chefe, o transfuga Durão Barroso, na defesa dos seus interesses imperiais, a
chancelerina Merkel impõe, no âmbito do Tratado de Lisboa, que seja dado um
papel de maior relevância ao Conselho Europeu, que passa a assumir as funções
de um organismo governamental – supra europeu – que se envolve cada vez mais
nas decisões políticas, sem para tal ter mandato. Não pode passar em claro que
foi durante o governo Sócrates – agora reaparecido do seu exílio dourado em
Paris – que o Tratado de Lisboa foi assinado pelo próprio, como não pode Seguro
e a actual direcção do PS eximir-se dessa responsabilidade já que, até à data,
não se vislumbra da sua parte qualquer corte ou denúncia política de tal
tratado.
Básicamente, Estrasburgo passa a ser o
centro do poder germano-imperialista e Bruxelas um adorno com cada vez menor
influência e poder de decisão.
Apoiando-se
na chantagem das dívidas soberanas e
no espartilho do euro, do Tratado Orçamental europeu, da perda de soberania
orçamental, fiscal e cambial, Merkel
inicia o processo de aceitação por parte dos governos vende pátrias dos
países ditos da periferia da
transferência das soberanias desses países para superstruturas fora das suas
fronteiras, dominadas, entretanto, pelo bloco germano-imperialista.
A refundação
do projecto europeu passa, então, pela necessidade de se vir a formar um Governo
Económico, não eleito, encarregue de supervisionar e sancionar – através de
mecanismos como o MEE – todos aqueles membros/países que não tenham observado
os limites constitucionais para as
dívidas, limites que deverão ser incorporados nas Constituições segundo os
montantes que mais convenham aos interesses especulativos dos grandes grupos
financeiros e bancários, liderados pelos bancos alemães.
De golpe de
estado em golpe de estado, o que está em marcha é um modelo que começou a ser
experimentado na Grécia e em Itália, onde primeiros ministros eleitos foram
substituídos por tecnocratas designados pelas grandes casas financeiras. E este processo alargar-se-á, tanto mais quanto
o imperialismo germânico considerar que os governos vende pátrias
intervencionados, apesar dos mecanismos de chantagem e pressão que os Memorandos de Entendimento firmados com
o FMI e restante tróica constituem, não correspondem mais ao que se esperaria
deles quanto à execução dos programas que lhes foram impostos e que têm como
único objectivo exaurir os recursos económicos e financeiros dos países
sujeitos à intervenção e ao resgate, conferindo-lhes, ao mesmo
tempo, um novo papel na divisão internacional de trabalho, neste caso a nível
europeu.
Isto é,
para além de fazer da dívida soberana
um negócio que possibilita lucros fabulosos à custa dos juros faraónicos
cobrados, os interesses do imperialismo germânico pretendem assaltar e
controlar, a preços de saldo, os activos e as empresas estratégicas dos países
sob resgate e criar em alguns deles
bolsas de trabalho intensivo, não qualificado e barato que lhe assegure uma
maior competitividade em relação à emergente super potência que é a China
capitalista.
Neste
contexto, não compreender que a Lei Geral do Orçamento de Estado para 2014, a
venda de activos e empresas públicas, a preços de saldo, como poderá vir a
acontecer com a companhia de bandeira TAP, as leis facilitadoras e
embaretecedoras dos despedimentos, a legislação que promove o roubo dos
salários e do trabalho, a agenda ideológica que impõe o empobrecimento do povo
e a dificultação do seu acesso à saúde e à educação, fazem parte dessa
estratégia de colonização constitui, não somente cegueira política, mas traição aos interesses do povo português, e de outros povos e nações sujeitos, neste
preciso momento, a programas de resgate idênticos àquele que o Memorando de Entendimento com a tróica
germano-imperialista nos impôs.
Construído em
nome da paz na Europa, o projecto europeu, dominado agora pelo imperialismo
germânico, revela-se cada vez mais aquilo que sempre foi, um fautor de guerra.
Isto é, no quadro da feroz competição pelo domínio mundial entre as várias
potências e superpotências capitalistas e imperialistas, no quadro actual de
uma luta sem quartel, apesar de surda e de bastidores, entre a super potência
norte-americana e a crescente potência chinesa, a eminência de um novo conflito
à escala mundial é cada vez mais real, não havendo prémio Nobel que altere esta
eminente possibilidade.
Os povos e as
nações da Europa e de todo o mundo, têm de se preparar para opor a esta guerra
imperialista em preparação, tal como o fizeram no passado, a guerra
revolucionária e popular de libertação do domínio capitalista.
Em Portugal,
os trabalhadores e o povo têm de se sublevar para derrubar um governo que tem
demonstrado estar disposto a servir de peão neste jogo entre as grandes
potências, nem que para isso seja necessário sacrificar no altar da fome da
miséria, do desemprego e da precariedade aqueles que diz representar.
Derrubar o governo
PSD/CDS, acolitado por Cavaco e amparado pelo PS, expulsar o FMI e restante
tróica do nosso país e impor um Governo
Democrático Patriótico, fruto da aliança entre várias classes e reflexo
da síntese dos diferentes interesses de classe, desde a classe operária, até à
pequena burguesia de serviços, passando por pequenos e médios capitalistas,
democratas e patriotas, com ou sem partido, é não só a única saída possível
para os trabalhadores e para o povo português, mas, também, um imperativo para
a paz e a independência nacional.
Sem comentários:
Enviar um comentário