A acompanhar a denúncia de que não foi o povo português que
contraiu a dívida, nem dela tirou qualquer benefício, mas que, no entanto, está
a ser obrigado a pagá-la pelo governo de traição nacional protagonizado por Coelho
e Portas, e tutelado por Cavaco, sempre afirmámos que esta era uma dívida
propositadamente impagável e que, ao mesmo tempo que gera fome miséria e
desemprego para o povo, proporciona chorudos lucros para os grandes grupos
financeiros, bancários e industriais – sobretudo alemães – que têm engordado à
tripa forra com as dívidas soberanas.
Sequestradas pelo novo marco alemão – o euro – as economias
mais frágeis do continente europeu, entre as quais se encontram a portuguesa,
viram as burguesias nacionais compradoras aceitar a destruição do tecido
produtivo dos respectivos países e embarcar na armadilha da solidariedade e subsidiaridade das economias europeias, com vista a criar e
implementar políticas que, afirmavam os arautos do imperialismo europeu – leia-se,
germânico – , as condições para os diferentes países europeus alcançarem a
famigerada convergência
nominal que os habilitaria a entrar no paraíso do leite e do mel.
Notícias hoje
vindas a lume dão conta de como os mercados
(nome de código para banca e grandes grupos financeiros) reagem perante as dívidas soberanas dos diferentes países
europeus, mormente no que respeita às taxas de juro a aplicar quando se trata
de países como a Alemanha.
Este país colocou
hoje 3.409,7 milhões de euros em obrigações a 10 anos – através de um mercado primário da dívida – a uma taxa
de 1,49%, o que, em termos reais,
descontada a inflação, corresponderá de facto a uma taxa próxima de 0,6%! Enquanto
Portugal pagou, em Fevereiro do corrente ano, também numa emissão a 10 anos, numa
operação muito similar a esta, uma taxa de 5,11%, o que, em termos reais, e
devido à situação de deflação anual registada naquele mês, foi, ao contrário do
que se registou na Alemanha, um pouco superior!
Dir-se-á que
estamos perante um caso de dois pesos,
duas medidas! Mas, é muito mais do que isso. Senão vejamos:
·
Enquanto uma
potência imperialista como a Alemanha consegue impor uma nova divisão europeia
do trabalho – a que melhor serve os seus interesses -, controlar o BCE (banco
emissor do euro e regulador financeiro para os países da zona euro), manipular
e controlar, através dos serventuários da sua política instalados na Comissão
Europeia, os orçamentos dos países que aderiram ao pacto orçamental, gerir a inflação ou a deflação em conformidade
com a sua necessidade de possuir uma moeda forte, conseguindo, assim, taxas de
juro muito abaixo de 1%;
·
Os povos de outros
países, como é o caso de Portugal, para além de estarem a ser sujeitos aos
ditames do pagamento de uma dívida ilegítima, ilegal e odiosa para que a sacrossanta estabilidade do euro não
seja afectada – e, assim, não sejam afectados os interesses do imperialismo
alemão –, assistem à destruição do que resta do seu tecido produtivo, à venda a
retalho do que resta de activos e empresas estratégicas públicas, ao agravar do
desemprego, da fome, da miséria, da precariedade e da emigração forçada e,
sobretudo, ao aumento exponencial da dívida.
Dívida que era
suposto ser regulada e diminuída através da aceitação dos ditames da tróica
germano-imperialista e do memorando a que partidos como o PS, o PSD e o CDS
aderiram, escamoteando e escondendo dos operários, dos trabalhadores e do povo
português as reais intenções e alcance das medidas terroristas e fascistas
naquele documento contidas. Medidas que estão a comprometer cada vez mais a
soberania e a independência de Portugal. Medidas que exigem que uma ampla
frente de democratas e patriotas se organize e mobilize em torno de princípios
tão vitais e importantes como o derrube deste governo de traição nacional, a SAÍDA DO EURO, o não pagamento da dívida e
a constituição de um governo democrático e patriótico.
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