Câmara Municipal
assume-se como Comité de Negócios dos especuladores
Uma das consequências da estratégia que tem beneficiado a
especulação imobiliária e o patobravismo no município de Lisboa é a sistemática
destruição, desactivação, descaracterização e encerramento de dezenas de
populares mercados e feiras urbanos.
Com a expulsão de mais de metade da população da cidade – e
seu consequente envelhecimento -, esta estratégia favoreceu o chamado comércio de grande escala, isto é, as grandes
e médias superfícies, os super e hipermercados.
O executivo camarário, presidido pelo imperador de Lisboa, António Costa, numa jogada oportunista e
demagógica que pretende branquear o seu plano para liquidar os 8 mercados que
resistem estoicamente na capital, anuncia o objectivo de dinamizar os mercados municipais para que estes espaços não sobrevivam
somente de produtos alimentares (!!!), potenciando outras áreas de negócio.
Ou seja, escamoteia-se que, de facto, estão abertas as
portas à especulação e aos grandes grupos de distribuição. Escamoteia-se que o
que de facto se pretende é expulsar os poucos comerciantes que resistem, quer à
cada vez mais diminuta procura, quer ao mar de regulamentos em que a CML os
quer afogar.
A diminuição da procura, por sua vez, assenta numa criminosa
alteração dos hábitos de consumo, induzidos e apoiados pelos partidos do bloco central – PS e PSD, com o CDS a
reboque -, quer a nível nacional, quer a nível autárquico. Claro está que esta
diminuição da procura é ainda agravada pelo abandono e a má gestão a que a CML
está, propositadamente, a votar aqueles espaços e equipamentos urbanos, sempre
tendo em vista o objectivo de criar as condições para o assalto dos grandes
grupos da distribuição – alimentar e não alimentar – à excelente localização
daqueles.
Veja-se, a título de mero exemplo, o caso do Mercado de Arroios. A CML começou, há
uns anos atrás, por ceder um espaço do referido mercado a uma conhecida cadeia
de supermercados alemã – o LIDL -, impedindo inicialmente que esta loja pudesse
vender produtos concorrenciais com aqueles que eram comercializados nas bancas
do mercado que fica paredes meias com esta loja.
Mas, eis quando senão, há cerca de um mês atrás, o objectivo
real se veio a revelar. O LIDL passou a promover e a vender em espaço nobre da
loja – logo à entrada – produtos frescos (legumes e frutas), peixe congelado e
carne, a preços que nenhuma das lojas ou pequenos comerciantes que arrendam as
bancas no mercado consegue fazer frente, tanto mais que as rendas mensais
praticadas pela CML – independentemente da queda brutal da procura – variam
entre os cerca de 300 € (a que acrescem os custos com a água e o gelo) para uma
banca de peixaria e os cerca de 90 € para uma banca de fruta ou legumes!
Outro exemplo paradigmático da política que a CML prossegue
de destruição dos mercados populares urbanos é o do Mercado de Alvalade onde existem fortes possibilidades de o Zé que não faz falta vir a encerrar
aquele espaço camarário, pois existe um projecto que passa pela venda do mesmo
à Hipercor, da cadeia El Corte Inglés.
Tanto mais que muitas bancas já fecharam, quer devido à
diminuição da procura provocada pelos sucessivos roubos dos salários e das
pensões ou do aumento do desemprego e da precariedade, quer devido às avultadas
rendas praticadas pela CML que, como é óbvio, visam a deserção dos comerciantes
e a criação das condições ideais para justificar
a sua venda aos grandes grupos económicos da área da distribuição.
Mas há mais! Sá Fernandes, o vereador responsável pelos mercados,
ao mesmo tempo que afirma desconhecer os rumores
que estarão por detrás da notícia, persiste em manter o silêncio àcerca dos
projectos que estão programados para o mercado 31 de Janeiro e que, tudo
indica, contemplam o encerramento das portas daquele mercado situado na Praça
José Fontana, uma das zonas mais centrais e nobres da cidade.
Só uma política e um programa democrático e patriótico pode
resgatar Lisboa do sequestro a que foi sujeita pelos sucessivos executivos
camarários, liderados, à vez, a sós ou coligados, por PS e PSD, aos interesses
da especulação imobiliária e do patobravismo.
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