quinta-feira, 19 de abril de 2012

Es.Col.A: Aprender com os erros e envolver o povo na luta contra o despejo e a repressão!

O projecto Es.Col.A é um projecto que mereceu, desde o início, o acolhimento e o carinho por parte dos trabalhadores e do povo que habitam o Bairro da Fontinha, na cidade do Porto, sobretudo porque se tratava da ocupação de um edifício que estava abandonado há mais de cinco anos, sem que dele se retirasse qualquer proveito para os moradores do bairro.

E, claro está, qualquer projecto que mereça o apoio do povo e de quem trabalha é imediatamente alvo do mais profundo dos ódios e da repressão por parte do poder que está ao serviço dos grandes interesses da especulação imobiliária, dos interesses dos grandes grupos financeiros e bancários, tão bem representados pela Câmara Municipal do Porto e pelo seu ultra-conservador e fascizante presidente, o Eng.º Rui Rio.

Também ele adepto do princípio custe o que custar de Passos Coelho, determinou hoje, e para tal instruiu a PSP e a Polícia de Choque, o cerco do Bairro da Fontinha, a expulsão dos activistas que desenvolviam trabalho voluntário na Es.Col.A, transformando um espaço criminosamente abandonado pela CMP, num espaço de cultura e pedagogia para os filhos dos trabalhadores e do povo do bairro.

Várias foram as tentativas de expulsão ensaiadas, todas elas travadas pela firme oposição do povo e dos activistas que animam aquele espaço. Mas, numa luta feroz como aquela que opõe a burguesia e seus interesses, representados pela CMP e pelo Eng.º Rui Rio, àqueles que nada mais possuem do que a sua força de trabalho para vender, ao povo, não podem haver conciliações nem hesitações, nem a ilusão de que é possível estabelecer pactos com o diabo, pois, quando tal ilusão ocorre, é sempre ele a levar a melhor!

Os nossos alertas não foram atendidos na altura das primeiras tentativas de expulsão, nas primeiras campanhas de cerco e aniquilamento levadas a cabo por Rui Rio e pela CMP, nas primeiras reuniões de compromisso e na assinatura do acordo temporário de ocupação. E eis que hoje, de forma cobarde e traiçoeira, mas expectável quanto a nós, a besta, que pode perder momentaneamente a intenção, mas nunca perde o desejo, ataca sem dó nem piedade o povo do Bairro da Fontinha e os activistas do Es.Col.A, numa clara tentativa de os subjugar pela força e pelo medo.

Num confronto em que era notório o desequilíbrio das forças em presença, Ana Afonso, do colectivo da Es.Col.A, relatou que foram detidos pelo menos três elementos do colectivo e que, moradores do bairro estavam a denunciar que as forças repressivas policiais estavam a agredir elementos do povo e outros activistas daquela plataforma, estando o bairro cercado.

Cedido temporariamente, em Julho de 2011, até Dezembro do mesmo ano, pela CMP, o executivo municipal sempre justificou o facto de não poder prolongar, ou tornar permanente, a ocupação de um edifício abandonado há mais de cinco anos, pelo facto de estar a ser elaborado um projecto para aquele edifício que está em fase de negociação!

Será que é por isso que, a acompanhar a PSP no cerco, invasão e repressão ao Bairro da Fontinha, estavam elementos da empresa municipal Domus Social? A mesma que está associada à implosão das torres do Bairro do Aleixo e à repressão policial que se desencadeou para a levar a cabo? A mesma empresa municipal que está a gerir a deslocalização de famílias inteiras, trabalhadores e seus agregados familiares, para bairros mais periféricos, afastando-os dos terrenos mais apetecíveis à especulação imobiliária que se encontram no centro da cidade do Porto, como é o caso do Bairro da Fontinha?

A mesma empresa que faz ouvidos de mercador aos moradores dos bairros populares da cidade Invicta, quando estes denunciam que, em nome da especulação imobiliária, lhes não roubem raízes familiares, culturais e sociais, lhes não agravem as condições de vida e de acessibilidade, bem pelo contrário, e em nome do direito a uma vida digna a que têm direito, lhes recuperem e façam obras de melhoramento (entre as quais o saneamento básico inexistente em algumas das famosas ilhas da cidade do Porto) nos bairros de onde agora os querem expulsar? E que se gaba de ter reduzido para metade os incumprimentos no pagamento das rendas que cobra por autênticos tugúrios, sem quaisquer condições de dignidade, segurança e comodidade para quem os habita, a preços insustentáveis para os seus rendimentos?

Para todas estas questões só existe uma resposta, só existe uma saída: Ousar Lutar! Ousar Vencer! Os trabalhadores e o povo dos bairros populares do Porto, os activistas da Es.Col.A, devem unir-se, organizar-se, isolar e repudiar os pontos de vista que levam à conciliação e à derrota, e reocupar o espaço de onde foram expulsos, ligando essa luta à luta mais geral para derrubar o governo de traição Passos/Portas e o executivo e presidente da CMP, Eng.º Rui Rio.

A Es.Col.A é do povo!

O Povo Vencerá!

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