sexta-feira, 21 de junho de 2013

É tão inevitável a saída do euro… Como impagável é a dívida!

De tempos a tempos, porque considero importante revisitar alguns dos textos que proponho à leitura, crítica e debate no forum que o meu blogue pretende, humildemente, alimentar e agitar, lá vou reeditando alguns textos. E este é, na minha opinião, um daqueles que creio estar actualíssimo, apesar de ter sido escrito há quase um ano, mais precisamente a 06 de Agosto de 2012, sob o título Depois de caçar a presa através da armadilha do euro, Alemanha nunca se compadecerá com a sua sorte!, quando ainda soava a voz no deserto afirmar e defender que outra solução não restava aos trabalhadores e ao povo português, para além do derrube de Cavaco e do seu governo de vende pátrias Coelho/Portas e da recusa do pagamento de uma dívida que não foi contraída pelo povo, constituir um novo governo, democrático patriótico, que se encarregasse de preparar o país para a saída do euro e da própria União Europeia. Hoje, felizmente, já são muitas as vozes que –apesar de algumas divergências – convergem para esta evidência! Proponho-vos, então, que leiam ou releiam o artigo em questão.

Todos os dias se perfilam batalhões de opinion makers, especialistas de todo o tipo, economistas, alguns arvorados em “papas”, outros nem tanto, com elocubrações teóricas normalmente assentes em sofismas baseados na condicionante se.

Para não fugir à regra, veio agora a cadeia de televisão norte-americana, que funciona como his master voice do regime imperialista norte-americano – a CNN – dar voz às delirantes teses de Clyde Prestowitz (presidente do Instituto da Estratégia Económica) e Jonh Prout (antigo tesoureiro do Credit Commercial de France), que assentam, genericamente, na condicionante de “se” a Alemanha saísse da zona euro, em vez de tentar expulsar outros países, quem mais beneficiaria com a saída dessa moeda única seriam, precisamente, aqueles que a potência germânica ameaça de expulsar.

Esperar que a Alemanha abandone unilateralmente a “zona euro” é a mesma coisa que acreditar que o leão que acabou de filar uma gazela e se prepara para a transformar no seu lauto repasto, se compadeça com a sorte da sua presa, apenas porque ela estrebuchou um pouco mais do que é habitual uma presa fazer, e a deixe partir para voltar a ser livre.

Segundo aqueles “iluminados” autores, a Alemanha deveria reintroduzir o seu amado marco (em nossa opinião nunca abandonado, pois o euro não passa do marco travestido), pois os problemas da dívida e da competitividade que países como Portugal, a Grécia, Espanha, Itália ou, apesar das diferenças, a Irlanda, actualmente enfrentam, voltariam a ser facilmente resolvidos, através de uma periódica desvalorização das moedas nacionais, especialmente quando comparamos comportamentos quando aqueles países detinham moeda própria e se confrontavam com o marco alemão em condições idênticas às actuais.

Mas, aparte a suspeita candura com que estas teses são produzidas e defendidas, nem a Alemanha abandonará a presa, por mais que ela estrebuche, nem, com governos de traição que têm demonstrado ser bons alunos e fiéis serventuários da chancelerina Merkel e da sua estratégia para dominar a Europa, será expectável uma alteração das condições políticas e económicas que estão a levar ao agravamento da miséria, fome e desemprego,  para os povos dos chamados “países periféricos”, ao mesmo tempo que se enchem os cofres dos grandes grupos bancários e financeiros da potência germânica.
Sobre a estratégia da Alemanha e seus objectivos, consideramos útil a leitura do texto abaixo reproduzido, tendo em conta que a única alteração que emergiu desde que ele foi escrito, foi a da substituição de Nicolas Sarkozy - que, tal como a sua mentora Merkel, desejava que as dívidas soberanas fossem pagas JÁ!, à custa de uma catadupa de medidas terroristas e fascistas – por François Hollande que é adepto, tal como Seguro em Portugal, da teoria do pague-se, mas suavemente! Isto é, prolongue-se, no tempo e no modo, o pagamento de uma dívida ilegal, ilegítima e odiosa, mas assegure-se que ela é paga e renda faraónicas mais-valias aos grandes grupos financeiros e bancários – sobretudo alemães e franceses:

“Não é a Alemanha que é indispensável à sobrevivência do euro. É o euro que é indispensável à estratégia de dominação do imperialismo germânico sobre a Europa. E, para a Alemanha, há-de chegar o momento em que, depois de se ter utilizado desse instrumento para dominar os povos e nações da Europa – assim tenha sucesso com esta sua estratégia – pura e simplesmente o dispensará. Esta realidade tem de ser contextualizada no panorama geopolítico internacional, em que a superpotência imperialista americana pretende recuperar a sua hegemonia a nível mundial e a Alemanha se quer posicionar de forma a, por um lado, demonstrar ser um dos mais fortes aliados com que os EUA podem contar e, por outro, não vir a perder influência, nem ver comprometidos os seus interesses face a um cada vez mais agressivo imperialismo chinês que já se comporta como nova superpotência e que já demonstrou a sua capacidade em se aliar com os inimigos de ontem, como é o caso da Rússia, nesta contenda pelo domínio mundial.

As desesperadas tentativas de chantagem exercidas pela chefe do IV Reich, a Srª Angela Merkel, que têm o apoio canino do seu valet de chambre, o salta-pocinhas Sarkozy, sobre os restantes países da chamada zona euro, decorrem do facto de a Alemanha saber, de há muito, que o projecto europeu só servirá efectivamente os seus interesses de dominação sobre os restantes países europeu, se conseguir impor a moeda única. Paulatinamente, foi convencendo vários países a aderir a esta ideia, prometendo-lhes o paraíso do leite e do mel em abundância, conseguindo que as burguesias vendidas de 17 dos 27 países que integram a União Europeia ao euro aderissem.

E de cimeira em cimeira – a dois ou com os seus serventuários – foi acrescentando novos patamares para desferir novos golpes, encarregando a sua Tróica germano-imperialista de ir impondo memorandos e programas que visam, tão só, dominar e espezinhar os povos e países da Europa, arrogando-se tomar medidas absolutamente fascistas e antidemocráticas como depor governos e colocar em sua substituição os seus homens de mão.

Mas, de facto, o euro foi desenhado, desde a sua génese, como o novo marco ou o marco travestido de euro! Como a única entidade com capacidade e autoridade para emitir esta moeda e controlar os seus fluxos é o BCE, um banco privado onde os principais accionistas são bancos e grandes grupos financeiros germânicos, melhor se entenderá a teia que a Alemanha teceu para vir a manietar e dominar os restantes países europeus.

Muito antes de sugerir o euro, o imperialismo germânico foi impondo a destruição da capacidade produtiva e do tecido produtivo, sobretudo industrial, da esmagadora maioria dos países europeus, sobretudo aqueles que são considerados os elos fracos da cadeia capitalista, salvaguardando essa capacidade para a Alemanha, onde esta não só foi mantida como cresceu e se fortaleceu. Com tal manobra a Alemanha consegue ter superavits importantes, dominar em termos de capacidade industrial e financeira todos os outros países que, entretanto, aderiram ao euro, por virtude de terem passado a depender daquilo que importam para poder fazer funcionar as suas economias, levando-os a graus de endividamento nunca antes atingidos.

Os factores combinados das crises orçamentais com a crise do sub-prime americano, criaram as condições ideais para que uma entidade como o BCE, cujo capital social é inteiramente privado, e em que os grupos financeiros e bancários alemães, como já havíamos referido, predominam, mercê da taxa de participação de cada país em função do seu PIB, se transformasse no principal instrumento da dominação germano-imperialista. Desde logo porque foi imposto que os Estados não poderiam recorrer directamente a crédito nessa instituição, a um juro de 1%, mas tão só os bancos que, depois, o emprestariam aos estados a taxas de juro de 5 e 6%!

As dívidas soberanas passaram a ser, por um lado, um excelente negócio, pois proporcionam taxas de juro faraónicas e, por outro, um factor poderosíssimo de chantagem sobre governos e governantes vende-pátria que ficam satisfeitos com as migalhas que a chefe do IV Reich lhes reserva a troco de submeterem os seus povos à miséria, à fome, ao desemprego e precariedade e os seus países ao esbulho dos seus activos e empresas estratégicas por parte do imperialismo germânico. Isto é, traidores que se vendem por trinta moedas a troco de submeter os povos e países europeu à condição de colónia ou protectorado da poderosa Alemanha!

A bascularização da economia mundial, que se caracteriza, por um lado, pela estranha inexistência de crises das dívidas soberanas em países do chamado 3º Mundo – como é o exemplo do que se passa em quase todo o continente africano – e, por outro, num processo de acumulação primitiva capitalista nos países emergentes, como a China, a Índia e o Brasil, entre outros, que passam neste momento por um processo histórico muito idêntico ao que se vivia na Manchester do sec.XIX, explicam o resto do quadro em que, a nível global, hoje nos encontramos e de como ele influencia e condiciona a situação política e económica da velha Europa e da burguesia europeia.

Com este processo de crescimento, fundamentalmente alimentado pela migração massiva de agricultores e artesãos arruinados para os grandes centros urbanos e encafuados em grandes unidades fabris, aceitando condições desumanas de vida, ritmos de trabalho intensos e salários miseráveis, começa-se a compreender como é que a bascularização da economia influencia a estratégia da Alemanha e de outros países do dito 1º mundo.

Países com uma indústria avançada, com alto desenvolvimento tecnológico e que apostam fortemente na investigação cientifica e que, tendo sagazmente levado as outras nações do continente europeu à desindustrialização e à liquidação da sua agricultura e pescas, têm por objectivo, agora, remeter esses países para a terceirização da economia ou para fornecedores de mão-de-obra-barata, ao nível dos praticados na Malásia ou no Bangladesh, para se tornar competitivos, isto é, alinhando por baixo as políticas assistencialistas e salariais até agora praticadas e que tinham sido fruto de intensas e duras lutas de operários, camponeses e outros trabalhadores, na Europa dos séculos XIX e XX.

Se é certo que a forma como hoje se organiza o trabalho nos países mais desenvolvidos não é a mesma dos séculos XIX e XX, até porque existem cada vez menos grandes unidades industriais – sobretudo naqueles países que aceitaram liquidar o seu tecido produtivo, como foi o caso de Portugal -, não menos certo é que a classe operária aliada a uma “intelligentsia” cada vez mais lançada para a precarização e à prática de baixos salários, ao campesinato pobre e arruinado e a pequenos e médios comerciantes e industriais ameaçados pela falência, são a força motriz que tem, cada vez mais, condições para derrubar este governo e impor um governo que leve a cabo um programa democrático patriótico que vá de encontro aos seus interesses.

E, se aparentemente, parece que as condições para a revolução quer no nosso país, quer a nível mundial são cada vez mais diminutas, o que se passa é exactamente o contrário. No nosso país, bem como noutros países europeus, as medidas terroristas e fascistas que têm sido impostas pela tróica germano-imperialista, através dos governos serventuários dos seus interesses, encontram cada vez maior capacidade de organização, mobilização e combatividade por parte dos trabalhadores e dos povos desses países.

Nos chamados países emergentes, as condições em que a classe operária é alocada à produção, em grandes unidades fabris, facilita a sua organização revolucionária e a elevação da sua consciência de classe. O processo histórico é imparável, a contradição antagónica entre burguesia e proletariado, entre natureza social do trabalho e apropriação privada da riqueza gerada por ele, será resolvida a favor de quem trabalha. E o ciclo das revoluções socialistas rumo à construção da sociedade comunista do futuro será não só uma realidade, como uma inevitabilidade histórica.”


E os recentes acontecimentos no Brasil aí estão para comprovar o que acima se defende!

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