quarta-feira, 17 de abril de 2013

Derrubar Governo de traição nacional ou empobrecer…eis a questão!


No seu afã de acumular capital e enriquecer à custa do trabalho, a burguesia e os governos que a representam, ao longo da história do capitalismo, têm tido o cuidado de reservar uma parte da mais valia resultante desse trabalho para assegurar que os trabalhadores se reproduzam, isto é, tenham filhos que prossigam a cadeia de venda da única mercadoria que possuem – a sua força de trabalho.

As designações proletário e proletariado que Marx começou a utilizar definiam, precisamente, esse desiderato. Ao operário, para além de produzir as mais-valias que possibilitam a acumulação capitalista, os detentores do capital, a burguesia, reservava outra tarefa, a de assegurar uma prole que replicasse a cadeia de exploração e assegurasse que o ciclo de acumulação do capital não fosse quebrado.

O que tem de novo a situação que hoje se vive no nosso país, mercê das políticas de traição nacional levadas a cabo pelos serventuários Coelho e Portas, que custe o que custar querem obrigar o povo a pagar uma dívida que não contraiu, nem dela beneficiou, é que já nem o papel de replicador de mão de obra motiva a burguesia que, com absoluto desdém, insensibilidade e arrogância, prefere atirar para a miséria, a fome e mesmo a morte,  milhões de trabalhadores e elementos do povo.

Quando esta camarilha PSD/CDS – e a anterior, do PS chefiada pelo agora comentador Sócrates – queriam fazer crer que a crise da dívida e do défice se tinham ficado a dever ao facto de os trabalhadores e o povo português terem estado a viver acima das suas possibilidades, fomos claros na denúncia de que tal crise se devera às trafulhices jurídico-políticas das PPP’s e à massiva destruição do nosso tecido produtivo para favorecer os interesses dos grandes grupos económicos, financeiros e bancários, com os alemães à cabeça.

Tal como fomos claros a demonstrar porque e como é que as dívidas soberanas constituem um excelente negócio para os grandes grupos financeiros e bancários, cujos interesses são assegurados por uma tróica que, é cada vez mais evidente para os trabalhadores e para os povos da Europa – incluindo Portugal –, tem nos lucros que obtém à custa de juros faraónicos que impõe uma renda que é tanto mais apetecível, quanto as dívidas forem IMPAGÁVEIS e se prolongarem pela eternidade, à custa do sangue, do suor e das lágrimas dos povos, à custa da perda de soberania das nações que se vêem obrigadas a sacrificar os seus activos e empresas estratégicas no altar da dívida.

A recente decisão do ECOFIN, à saída da última reunião em Dublin, na Irlanda, confirma de forma cristalina e meridiana – mesmo para os mais cépticos e ingénuos – precisamente este facto. Com a pretensa caridade de prolongar os prazos – ou, como gostam de pomposamente referir, as maturidades – dos pagamentos dos empréstimos contraídos de 13 para 20 anos, os grandes grupos financeiros e bancários meteram ao bolso com essa generosidade… 7 mil milhões de euros! Está bem de ver que, cada euro de lucro resulta em mais desemprego, agravamento das condições de acesso à saúde e à educação para o povo, cortes nas chamadas prestações sociais, maior facilitação dos despedimentos, roubo dos salários e do trabalho.

Há mais de dois anos que vimos a denunciar que é uma miserável provocação afirmar que vivemos acima das nossas possibilidades, quando as políticas terroristas e fascistas que o governo de traição nacional PSD/CDS têm imposto, provocaram a maior taxa de desemprego jamais registada em Portugal e levaram ao empobrecimento de, segundo as estatísticas mais conservadoras, 3 milhões de elementos do povo. Na altura, quando revelámos estes números, merecemos as mais assanhadas críticas, não só por parte dos serventuários Coelho e Portas, mas da “esquerda parlamentar” que nos acusou de alarmistas e nos criticou o exagero.

É por isso que marchas contra o empobrecimento não passarão – como a exigência de mudanças de política, sem que se mude o essencial, que é o poder e os interesses capitalistas que serve – de lamurias inconsequentes, se não se enquadrarem na absoluta necessidade de se convocarem o número de greves gerais nacionais, mais prolongadas do que aquelas que têm ocorrido até agora, que sejam necessárias, até que o objectivo político do derrube deste governo – uma reclamação democrática e patriótica – tenha sido alcançado.

Só um governo democrático patriótico que suspenda de imediato o pagamento da dívida e dos juros, um governo que implemente a recuperação do tecido produtivo destruído e ponha em marcha um criterioso plano de investimentos produtivos, um governo que retire as devidas vantagens da posição geoestratégica única do nosso país, poderá assegurar o emprego, a erradicação da fome e da miséria e uma política de independência nacional baseada nas relações com todas as nações do mundo na base da igualdade e das vantagens recíprocas.

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