O anúncio de uma prenda envenenada!
Quando,
após uma maratona ministerial para
cozinhar mais medidas terroristas e fascistas contra os trabalhadores e o povo
português, o ministro da defesa do governo de traição nacional, Aguiar Branco,
anunciou com pompa e circunstância que dessa reunião tinha saído, entra outras,
a decisão de anular o processo de privatização dos Estaleiros Navais de Viana
do Castelo, a nossa primeira reacção foi a mesma que o comum dos elementos do
povo tem quando a esmola é
muita…desconfiar!
Nem
vinte e quatro horas foram volvidas para nos apercebermos que tal anúncio era
como o gato escondido com o rabo de fora. Afinal, o processo que visava
reprivatizar os ENVC tinha sido anulado, não porque os partidos serventuários
que o compõem, PSD e CDS, após terem colaborado nas últimas décadas na
destruição do tecido produtivo português, tivessem agora, num assomo
patriótico, tomado consciência do facto de que aqueles estaleiros são um activo
estratégico para um país que se quer independente, mas porque decorre uma
“averiguação que foi feita pela Direcção-Geral da Concorrência da União
Europeia”, averiguação que terá concluído que a empresa terá beneficiado de ajudas estatais ilegais.
A
chantagem, agora, assenta na ameaça de que, se não se vender o navio Atlântida
e não se operar a “subconcessão dos terrenos que actualmente são ocupados pelos
estaleiros” – o que, na prática, corresponde ao desmantelamento deste activo –
não será possível devolver o dinheiro ilegalmente
recebido à Comissão Europeia que o atribuiu indevidamente
e, portanto, os estaleiros encerram e os operários e trabalhadores serão
lançados, sem apelo nem agravo, para o desemprego, pois não poderão aceder a
qualquer tipo de financiamento sem ser no quadro, precisamente, dessa
organização ao serviço dos interesses imperialistas germânicos, a Comissão
Europeia.
O que
o governo pretende com esta manobra é levar a cabo a sua agenda de privatização
dos ENVC, mas sob a forma insidiosa da subconcessão,
cenário bem pior do que a privatização, pois o vínculo dos operários e dos
trabalhadores aos novos concessionários
seriam ainda mais precários do que os actuais.
Os
operários e restantes trabalhadores dos ENVC devem unir-se aos elementos do
povo de todo o distrito de Viana do Castelo, que será negativamente afectado,
também, com o eventual encerramento e desmantelamento da empresa e, de forma
firme e decidida fazerem frente a mais este ataque insidioso de que estão a ser
alvo.
Reforçando
a sua organização, a Comissão de Trabalhadores, e exigindo maior empenho por
parte das direcções sindicais a que os trabalhadores estão associados, devem
implementar todas as formas de luta – incluindo a greve – para fazer valer os
seus interesses de classe e defender, simultâneamente, o interesse democrático
e patriótico de preservar este activo de importância estratégica vital.
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