quarta-feira, 17 de abril de 2013

No rescaldo da reunião do ECOFIN em Dublin:


A cartilha dos bons alunos da Tróica!


Ao abordarem a questão da dívida e da excelência na gestão da crise que os governantes ostentam, costuma a tróica germano-imperialista, o presidente da Comissão europeia, o ministro das finanças alemão e a própria chancelerina Merkel, dar como exemplo de bons alunos a Irlanda e Portugal. Exemplos imediatamente elogiados e replicados por um batalhão de comentadores e opinadores, néscios, diletantes e carreiristas que pululam nas redacções de uma comunicação social que há muito dobrou a cerviz aos interesses do grande capital financeiro e bancário que os controla.

Tão bons alunos que, numa acção combinada entre os governos serventuários de Dublin e Lisboa conseguiram, no âmbito da última reunião do ECOFIN realizada na capital irlandesa, que a generosidade do imperialismo germânico permitisse um prolongamento dos prazos de pagamento e maturidades das dívidas soberanas de Portugal e da Irlanda.

Mas, vejamos o que as crises das dívidas e dos déficites e, sobretudo, as medidas que Berlim, através dos centros de poder que influencia e domina – o BCE, o FEFF, o FMI e a Comissão Europeia onde pontifica o traidor Durão Barroso – têm aportado de excelência, quer para a economia e as finanças desses países, quer para as perspectivas de futuro daqueles que estão a ser obrigados a pagar os efeitos desta crise e das respectivas dívidas soberanas, precisamente aqueles que não as contraíram  nem delas beneficiaram – os trabalhadores e os povos português e irlandês.

Recordemos, então, alguns dos números que revelam a excelência de gestão do governo de traição nacional, protagonizado pelos traidores  Coelho e Portas:

1.       Com 13% do seu PIB originado na Indústria, 2% no Sector Primário e os restantes 85% nos Serviços, Portugal assim não vai seguramente longe, sobretudo se continuar no euro; bem pelo contrário, manter-se-á a sua crescente dependência do exterior (importamos mais de 80% daquilo que necessitamos para comer e para gerar economia) e o agravamento do endividamento;

2.       A dívida pública aumentou 1.000 Milhões de euros em 13 dias, no mês de Março !

3.       Em Março o rácio de endividamento bruto subiu de 123% do PIB (203,4 mil milhões de euros) para 123,6% do PIB (204,5 mil milhões de euros), ou seja, cerca de 1.100 M € !

4.       O défice em 2012 foi afinal de 6,4%, não obstante a brutalidade das medidas de austeridade e toda a sorte de artimanhas contabilísticas para o procurar disfarçar.

5.       Desde o início do Programa da Tróica  as medidas de austeridade, que foram no valor total de 23,8 mil milhões de euros sacados dos bolsos dos portugueses, só reduziram o défice em 6 mil milhões de euros (1/4). Quem se encheu então com os restantes 3/4 daquele astronómico valor ??!!

6.       Em 2011 e 2012 64% do corte total da Economia resultou do corte da massa salarial dos funcionários Públicos.

Nesse período de tempo (2011 e 2012) verificaram-se os seguintes cortes:

·         Corte de salários na Função Pública – 16,1
·         Corte de salários no Sector Privado – 4,8%
·         Redução do investimento público – 3,4 mil milhões de euros
·         Redução do investimento privado – 3,1 mil milhões de euros

E na Irlanda, a aplicação canina dos ditames da tróica germano-imperialista terá produzido efeitos diferentes destes? Claro que não! Senão, observem. Segundo dados da AMECO (Comissão Europeia):

1.       O investimento, que em 2007 foi de 46,7 mil milhões de euros, em 2012 ficou-se pelos 19,9 mil milhões de euros, isto é uma quebra de cerca de 60% no espaço de cinco anos!

2.       O RN, que em 2007 fora de 144,2 mil milhões de euros, no mesmo período caiu para 113,4 mil milhões de euros, isto é, sofre uma quebra de cerca de 22%, resultante das políticas de deflacção fiscal e de livre circulação de capitais (medidas idênticas às que o governo Coelho/Portas quer por cá implementar, a fim de atrair capitais estrangeiros, já se pode antecipar que com efeitos similares).

3.       E será que estas medidas fizeram diminuir a dívida? Claro que não! Se o seu montante se elevava, em 2007, a 47,2 mil milhões de euros (30% do PIB), em 2012 ela ascendia a 191 mil milhões de euros (143,2%!!!), prevendo a AMECO que em 2014 ela chegue aos 207,4 mil milhões de euros!

4.       Quanto ao PIB, que em 2007 foi de 156,9 mil milhões de euros, em 2012 baixou para os 133,4 mil milhões de euros, isto é, uma recessão de cerca de 15% neste período.

5.       Claro está que as medidas terroristas e fascistas adoptadas fizeram com que a taxa de desemprego, que em 2007 era de 4,7%, em termos oficiais, aumentasse para 14,8% em 2012, isto é, triplicasse.

6.       Assim sendo, o rendimento per capita anual, que em 2007 era de 36,9 mil euros, sofreu uma retracção de cerca de 24%, situando-se, em 2012, em 28,1 mil euros!

Como autênticos vampiros, os elementos da tróica germano- imperialista e os senhores que servem, em nada se compadecem com estes resultados desastrosos. Desde que eles assegurem, como o têm feito, que o negócio da dívida flua a contento dos seus interesses, então, nada mais do que elogiar os bons alunos que têm assegurado que o dinheiro de sangue, aquele que provém do mais inaudito empobrecimento dos povos destes dois países e do sul da Europa em geral, seja por eles sugado.

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