O único que o povo aceita é sobre a
manutenção de Portugal na União Europeia!
Já tivemos
aqui a oportunidade de denunciar a armadilha das causas fracturantes, a propósito da iniciativa parlamentar do PSD
em propor um referendo sobre a adopção e a co-adopção a casais do mesmo sexo,
iniciativa que mereceu a cúmplice abstenção
do seu parceiro na coligação de serventuários que executa os ditames da tróica
germano-imperialista em Portugal e a oposição da chamada esquerda parlamentar e que se destinou, em nosso entender, a
desviar as atenções do povo e dos trabalhadores portugueses do genocídio fiscal
a que está a ser sujeito e suas dramáticas consequências.
A propósito
de referendos, o único que o povo exige que se realize, permitindo que se
discuta livre e democraticamente a questão, é sobre a continuidade ou a saída
de Portugal da União Europeia. Desde o pedido de adesão à então CEE, em 1977,
até à assinatura do Tratado em 1985, a única formação partidária que exigiu a
realização deste referendo foi o PCTP/MRPP. Mas, durante os oito anos que
decorreram entre os dois referidos momentos, nunca a burguesia e os seus
partidos – o bloco central de PS e
PSD – o permitiram, executando, aliás, os ditames do directório europeu que
tudo fez para que em nenhum dos países pretendentes
a tal adesão se realizasse esse referendo.
Os
trabalhadores e o povo português não podem mais embarcar na treta de toda a esquerda parlamentar de que é necessário
encontrar um novo paradigma para a União Europeia. Se o anterior estava mal, o
novel paradigma que a eleição de
Hollande em França anunciava não é melhor. E não o é pelo simples facto de que,
seja no passado com a CEE, seja no presente com a UE, estas foram sempre
estruturas desenhadas para representar os interesses do grande capital e impôr
à Europa aquilo que nem Hitler, com todas as suas divisões panzer, conseguiu. Isto é, a sua subjugação aos interesses
do imperialismo germânico.
Há que
denunciar aqueles que se opuseram, sistematicamente, a que na ocorrência dos
tratados subsequentes à adesão, como foram os de Mastricht, Shengen, Nice e
Lisboa, se submetessem os mesmos à apreciação, discussão democrática e votação,
através de referendo, do povo português. Agora, com o rosto coberto de lágrimas de crocodilo, vêm os socialistas e alguns sectores da social-democracia não alinhados com o
PSD, que impingiram aos portugueses tais acordos lamentar-se de que é
necessário um novo paradigma para a
União Europeia, perante o absoluto silêncio e cobardia política de PCP e BE que
mais não fazem do que replicar a posição oportunista de não exigência desses
referendos.
O resultado
do paradigma de paraíso da terra e do leite anunciado primeiro por Soares – que
chegou a afirmar em 1985 que finalmente Portugal entrava na Europa moderna – e depois por Cavaco,
Guterres e Sócrates está à vista. A destruição do tecido produtivo, a venda a
retalho e a preços de saldo de tudo o que é activo e empresas públicas
estratégicas, um modelo de concertação
social que mais não tem feito do que caucionar o roubo dos salários e do
trabalho, a facilitação e embaretecimento dos despedimentos, o aprofundar da
precariedade, o roubo das pensões e reformas, a degradação do acesso à saúde e
ao ensino, o aprofundar da miséria e da fome e o sequestrar da independência e
soberania nacional.
Tudo em nome
do pagamento de uma dívida que o povo não contraiu, nem dela beneficiou. Tudo
porque dos mundos e fundos que a solidariedade europeia prometeu, os
fundos de facto vieram em catadupa, não para modernizar a indústria, mecanizar
a agricultura e reapetrechar a frota pesqueira e da marinha mercante, mas
precisamente para se proceder à sua sistemática destruição. Tudo em benefício,
claro está, da indústria alemã, da agricultura francesa e da frota pesqueira
espanhola. Claro que, um país obrigado a importar mais de 80% daquilo de que
necessita para alimentar o povo e gerar economia, estará eterna e
progressivamente endividado.
Nunca
Portugal e o povo português se viram confrontados e assediados por tantos pinguins tecnocratas dispostos a actuar
como cobradores do fraque dos grandes
grupos financeiros, económicos e industriais, sobretudo alemães. Apesar de a
tarefa central para os trabalhadores e o povo português ser a do derrube deste
governo de traição nacional e a constituição de um governo democrático
patriótico que recuse o pagamento da dívida e prepare a saída de Portugal do
euro, nas vésperas de eleições para o parlamento europeu há que erguer bem alto
a bandeira da exigência da realização de um referendo para que se dê voz ao
povo e este possa decidir sobre a saída de Portugal da União Europeia.
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