terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Pela boca morrem os peixes

cruz de voto 01As próximas eleições para o Parlamento Europeu, que em Portugal terão lugar em 25 de Maio, revestem-se de uma particular importância porque através dela o eleitorado popular será chamado a debater e a escolher o caminho que quer seguir em matéria de integração do país na União Europeia e de condução dos seus destinos no quadro de relações internacionais que sirvam os interesses do povo português e o internacionalismo entre as classes trabalhadoras europeias.
O PCTP/MRPP apresentará nestas eleições uma candidatura própria assente em princípios, que sempre foram os seus, de defesa intransigente da liberdade e da democracia para o povo e de combate estrénuo pela independência nacional. Nesta batalha a candidatura do Partido, a massa dos seus simpatizantes e todos os que se afirmarão disponíveis para lutar pelos objectivos democráticos e patrióticos que a motivam encontrarão pela frente toda a sorte de “europeístas” prontos a iludir as massas acerca da real natureza imperialista da União Europeia e acerca da materialização desta natureza nas políticas terroristas da tróica alemã e do actual governo fascista de traição nacional encabeçado por Passos Coelho e Paulo Portas.
O primeiro candidato anunciado nestas eleições para o Parlamento Europeu, Marinho e Pinto - o qual nas suas próprias palavras “se fez convidar” pelo partido MPT para encabeçar a respectiva candidatura, sem dúvida uma cabal demonstração do carácter de ambos -, foi também o primeiro a deixar clara aquela intenção dos amigos da Europa e inimigos do povo consistente em fazer destas eleições um instrumento de reforço das políticas terroristas da União Europeia para Portugal e um trampolim para os luxos e as mordomias que as classes capitalistas europeias reservam para os seus serventuários no Parlamento Europeu.
Na conferência de imprensa em que anunciou a sua candidatura e em que desconsiderou o instrumento partidário que de que para tal se serviu, Marinho e Pinto apresentou-se como um paladino e um justiceiro da “verdade” e da “honestidade” na vida política, mas cometeu logo ali um vil e grosseiro ataque a tais valores quando, numa das únicas referências que fez à União Europeia, defendeu que o problema desta organização são os “burocratas” que a afastaram da “pureza dos seus ideais originais”. Nem uma palavra sobre quem lá pôs os burocratas, sobre os interesses de exploração dos povos que esses burocratas servem e sobre a colonização que esses interesses impuseram a Portugal desde a primeira hora da chamada adesão do país à então Comunidade Europeia.
Mas como essa patranha dos “burocratas” é fraco argumento para iludir eleitores que não se deixem levar à primeira, o novel candidato ainda falou de algo mais próximo da realidade quando referiu a “guerra económica” que tem por palco a UE e que, como toda a gente sabe, se traduz no domínio do imperialismo germânico sobre as economias dos países dominados e na escravização dos trabalhadores e dos povos pelo grande capital financeiro. Sucede que, amigo da verdade e da honestidade como se apresenta, Marinho e Pinto resumiu a dita “guerra económica”, que é uma guerra entre nações oprimidas e nações opressoras e entre classes exploradas e classes exploradoras, a uma luta entre “católicos e protestantes”, isto é, a algo anacrónico que dirigentes políticos com a “grandeza moral” de que ele próprio se julga e afirma investido poderiam com facilidade extirpar.
Não estará sozinho este vendedor de banha-da-cobra na campanha das eleições europeias. Com estilos diferentes, muitos se apresentarão como ele para, com a verdade na boca, mentir sobre as causas dos problemas actuais e para tentar desmobilizar e dividir o povo e os trabalhadores da luta pela sua solução. “Tal como a democracia também os problemas da Europa se resolvem com mais Europa”, afirmou o aspirante a deputado europeu, num registo discursivo ultra-reaccionário que será comum a quase todas as candidaturas nas presentes eleições e que certamente as fará aparecer bem conotadas perante os mandantes da União Europeia.
O povo trabalhador, que sofre diariamente na carne uma tal “mais Europa” e que sabe o que isso acarreta de sofrimento, de empobrecimento, de desemprego e de emigração forçada, esse é que já não se deixará enganar pelas palavras melífluas desses oportunistas e fará desta batalha eleitoral um meio para reconquistar a liberdade, a democracia e a independência nacional que a dita “Europa” e os seus lacaios lhe confiscaram com promessas de “prosperidade” hoje completamente desacreditadas e em que já ninguém acredita.

Retirado de:
http://lutapopularonline.org/index.php/pais/104-politica-geral/962-pela-boca-morrem-os-peixes

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