sábado, 11 de janeiro de 2014

Congresso do CDS:

A aclamação da traição e da mentira!

Num patético e manipulador discurso hoje proferido em Oliveira do Bairro, no Congresso que está a servir para aclamar o seu papel de serventuário do imperialismo germânico, Paulo Portas voltou à carga com a sua tese do milagre económico que, segundo o personagem em questão, proporcionará em 17 de Maio próximo a saída de Portugal da condição de protectorado, verberando a opinião daqueles que têm insistido que esta é uma dívida impagável e que, a não ser derrubado o governo e o seu tutor Cavaco, o défice e a dívida que eram suposto serem ultrapassados com a intervenção da tróica, não só não teriam solução, como se agravariam, como aliás se tem vindo a constatar.
Utilizando uma pseudo linguagem patriótica, com expressões como queremos ver a tróica pelas costas, Portas escamoteia o facto de o programa de resgate contido no Memorando de Entendimento com a tróica germano-imperialista ter sido assinado pelo seu próprio partido, o CDS, conjuntamente com PS e PSD e persiste em duas falácias discursivas: a primeira a de que, quer o CDS, quer o seu parceiro de coligação, o PSD, quer o tutor de ambos, Cavaco Silva, terem sido obrigados a aceitar as condições que o directório europeu, o BCE e o FMI, impuseram a Portugal e a segunda a de que, finalmente, Portugal, devido às reformas e reajustamentos conduzidos pelo governo que integra, se irá livrar da tróica no final do programa de resgate a que está sujeito, recuperar a soberania nacional e abandonar a condição de protectorado.
Nem assim Portas consegue, no entanto, alterar a realidade. É que, apesar de todas as medidas terroristas e fascistas que o governo de traição nacional faz abater sobre o povo e o autêntico genocídio fiscal que representa o Orçamento de Estado para 2014, a execução do plano de reajustamento que era suposto fazer reduzir a dívida e o deficit do país, não tem impedido, antes pelo contrário, que ambos venham aumentando, sendo que no final de 2013 a dívida foi muito superior a 130% do Produto Interno Bruto (PIB) e o desemprego, apesar de toda a engenharia estatística para o escamotear – mormente através do cada vez maior recurso a trabalho precário e escravo - não para de se agravar.

Desde que em 2011,  PS, PSD e CDS assinaram o Memorando de Entendimento com a tróica  que denunciamos o facto de que tal pacto iria agravar e exponenciar a condição de  Portugal como protectorado ou colónia do imperialismo germânico e que, enquanto se persistisse no objectivo de pagar uma dívida ilegítima, ilegal e odiosa, nunca Portugal poderia ver-se livre dessa humilhante condição para a qual aqueles traidores e vendidos tinham atirado o país e o povo português.

Isto porque, como então também denunciámos, a dívida cujo pagamento estão a impor, a ferro e fogo, ao povo português, para além de não ter sido contraída por ele, nem o povo dela ter retirado qualquer benefício, mais não é do que a consequência e o corolário de uma política que os serventuários Sócrates, Cavaco, Coelho e Portas aceitaram e que assentou, e continua a assentar,  na aceitação da destruição do nosso tecido produtivo, da venda a retalho de activos e empresas públicas estratégicas e de uma cada vez maior dependência do exterior.

Dependência que se traduz no facto de termos, hoje, com o nosso tecido produtivo destruído, que importar mais de 80% daquilo que necessitamos para satisfazer as necessidades básicas do povo e, simultâneamente, gerar economia. O que levará, sem apelo nem agravo, a que o ciclo de endividamento se reproduza ininterruptamente, de forma sempre crescente. O que, a par do agravamento da recessão a que as medidas terroristas e fascistas que o governo de traição nacional impôs ao povo, e dos juros faraónicos que a tróica germano-imperialista e os grandes grupos financeiros e bancários – com os alemães à cabeça – impõem, tornará a dívida IMPAGÁVEL!

A dívida impagável e a condição de protectorado infindável andam, pois, de mãos dadas, por mais que Portas o tente escamotear! Isto porque, mesmo que se acreditasse em milagres divinos e a dívida – em parte ou na totalidade – viesse a ser paga, a condição de protectorado para a qual os sucessivos governos PS e PSD, acolitados pelo CDS e tutelados por Cavaco, atiraram Portugal permanecerá inalterada por virtude do tão elogiado Tratado de Lisboa que criou o MEE (Mecanismo de Estabilidade Europeia) – o famigerado governo económico europeu e impôs o famigerado Tratado Orçamental!

Numa conjuntura em que o PS de Seguro tenta cavalgar o descontentamento popular, recusando-se a fazer um balanço crítico do governo do seu antecessor Sócrates – um governo do piorio, em boa hora corrido pelo povo, somente suplantado pelo actual – e querendo fazer crer que nada tem a ver com a actual situação, é bom lembrar que quem preparou, apadrinhou e aportou novas e criativas propostas para o Tratado de Lisboa  foi precisamente Sócrates e o PS , tratado que, tanto quanto se sabe, Seguro nunca fez menção de dizer que pretende denunciar.

Recordamos que o MEE é um mecanismo que obriga todos os estados membros, particularmente os que aderiram à zona euro, a incorporar nas suas constituições a possibilidade de ser um organismo externo ao seu país, o tal governo económico europeu, a definir a política orçamental de cada um desses países e a tornar meros serventuários dos ditames do directório europeu, onde a potência dominante é a Alemanha, autênticos tiranetes e traidores nacionais como o são Coelho, Portas, Cavaco e todos aqueles que aceitarem o pagamento desta dívida e a submissão a uma política orçamental – e não só – não ditada pelos interesses e necessidades do povo português, mas antes ditada pela estratégia e pelos interesses, sobretudo de uma potência como a alemã.

Neste contexto, a dívida é a argamassa ou o cimento que molda a estrutura da dominação colonial, composta, por um lado, pelo facto deste governo económico europeu ter a capacidade de impôr a política orçamental a todos os países que subscreveram o Tratado de Lisboa e, por outro, pelo marco travestido de euro que rouba a autonomia da política cambial que melhor pudesse servir os interesses de cada um desses países. Todos eles instrumentos de domínio e chantagem manipulados por uma potência com um superavit industrial e financeiro resultante, precisamente, da estratégia que conseguiu impôr aos outros países europeus, de destruição dos seus tecidos produtivos – a Alemanha que consegue, sem disparar um único tiro o que Hitler não conseguiu: dominar e subjugar a Europa e posicionar-se como potência mundial de referência!

Daí defendermos desde sempre que não basta derrubar este governo nem recusar o pagamento desta dívida. Há que constituir um governo democrático patriótico que, para além de implementar um plano económico e financeiro rigoroso e que defenda os interesses do povo português e a soberania nacional, se assegure em romper o colete de forças que constituem os dois instrumentos responsáveis pela perda de independência nacional e pelo agravamento das condições de vida do povo – precisamente o euro e a União Europeia!


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