O governo presidido
pelos serventuários Coelho e Portas, tutelados por Cavaco, manifestou um inusitado interesse, na passada 5ª
feira, em proceder à privatização da EGF, a empresa que gere o lixo de mais de
dois terços da população do país, mais precisamente de 174 concelhos.
Anunciando que o
objectivo é alocar ao abate da dívida
da Águas de Portugal
– a empresa mãe – o valor que obtiver desta operação de privatização, o que o
governo está a preparar é a criação de um precedente para a privatização de um
importante activo público como é a água.
Basta atentar nas
empresas estrangeiras que já manifestaram o seu interesse na privatização da EGF: as chinesas Sound Environmental e Beijing Waters e as brasileiras Solvi e Odebrecht, havendo a possibilidade de empresas portuguesas –
como é o caso da Mota-Engil que já tornou público o seu interesse – se virem a
aliar a investidores internacionais para participar neste negócio.
Acessoriamente, o
governo está a tentar atrair para esta armadilha da venda de activos públicos
que, tudo indica, serão a antecâmara da privatização das Águas de Portugal, vários municípios detentores de participações na EGF, sobretudo os de menor dimensão, com a ilusão de
que tal negócio lhes permitiria obter a liquidez necessária para fazer face ao
seu endividamento.
Se é certo que
vários municípios – entre os quais o de Vila Nova de Gaia – já manifestaram a
sua disposição para interpor providências cautelares para que tal privatização
não seja possível de realizar, não deixa de ser sintomático de uma política de
venda a retalho do país e de privatização de tudo o que seja activo e empresa
pública estratégica para definir qualquer plano de desenvolvimento económico
independente para o país, este súbito interesse em se privatizar uma das holdings
da Águas de Portugal.
Não sendo
certamente o valor da última avaliação – cerca de 200 milhões de euros – nem o
volume de negócios que a EGF gera – cerca de
157 milhões – o que atrai os supracitados grupos chineses e brasileiros e a
Mota-Engil, este é um típico caso em que o gato está escondido com o rabo de
fora.
Compete ao povo
português exigir às organizações sindicais, políticas ou de cidadania nas quais
se sintam representados, manifestar desde já aos executivos camarários que
elegeram o seu repúdio a que esta privatização ocorra, tendo consciência, no
entanto, de que só o derrube deste governo de traição nacional e a constituição
de um governo democrático patriótico assegurará que activos públicos fundamentais
como a água não sejam privatizados e outros activos entretanto vendidos a
grandes corporações, nacionais ou estrangeiras – como foi o caso da electricidade e da rede eléctrica –, voltem a ser nacionalizados.
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