terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Revoluções pela internet? Ou luta dura e prolongada?

E de repente, eis que o executivo de Coelho e Portas, tutelado por Cavaco, para além de anunciar um autêntico milagre económico, se vê bafejado por um outro milagre, aquele que se traduz no abandono da exigência por parte da chamada esquerda parlamentar  do derrube deste governo de serventuários ao serviço dos interesses de um directório europeu capturado pelo imperialismo germânico e seus propósitos de, sem necessidade de disparar um único tiro – ao contrário do que aconteceu com Hitler –, dominar e subjugar a Europa.

A inconsequência, a incoerência, a fraquíssima consistência intelectual de largos sectores da pequena-burguesia, particularmente uma certa “inteligentsia” ou auto-intitulada intelectualidade , constantemente em pânico com a ameaça que sobre ela paira de ser proletarizada, virtude das cíclicas crises do capitalismo, revela-se na procura permanente de salvadores por tudo o que é sítio.

Assim aconteceu quando o marketing político explorou os dotes de uma esquerda americana encabeçada por Obama e teorizada, no capítulo da economia política, por Paul Krugman. Na Europa, face à entente Merkel/Sarkozy – com este a prestar-se a ser o saltapocinhas de serviço da nova fuher – o surgimento de François Hollande animou mesmo as hostes mais à esquerda que chegaram a anunciar que era chegado o momento de a chanceler ser colocada no seu devido lugar.

A montanha, está bem de ver, pariu um rato. Obama não deixou de ser o executor de todas as mais fatídicas e sanguinolentas políticas do imperialismo americano, Paul Krugman advoga que para sair da crise os países sob tutela, seja do FMI a sós, seja da tróica germano-imperialista, só têm como saída a desvalorização dos salários em mais de 30% e Hollande, para além de se estar a revelar um autêntico rabo de saias, é o novo salta-pocinhas da fuher Merkel…nada de novo a ocidente, portanto!

São os mesmos que, basbaques, anunciam revoluções pela net e consideram o Google como a nova plataforma para as revoluções mundiais, sejam elas violeta, de veludo ou mesmo de…cortiça! São os mesmos que se prestam a passear as suas frustrações e fantasmas por toda a sorte de falanges fascistas e a buscar refúgio em regimes que reponham a ordem.

Como não acreditam que a luta de classes é o motor da história, nem sequer acreditam que eles próprios pertencem a uma classe ou sector de classe, não percebem que a burguesia não brinca em serviço e que se está absolutamente nas tintas para os seus constantes lamentos, agitar de mãos ao alto e apelos ao pacifismo, ou se deixar sensibilizar pela sua indignação contra os cortes nos salários, a facilitação e embaratecimento dos despedimentos, a promoção da precariedade, da fome e da miséria, a destruição do tecido produtivo e a venda a retalho de tudo o que é activo e empresa pública estratégica.

A burguesia, quando sente ameaçada a sua sacrossanta propriedade, os seus lucros e interesses, não hesita em mandar para cima do povo e dos trabalhadores toda a sua máquina repressiva. Pode promover cortes e austeridade em tudo e mais alguma coisa. Mas, no que toca a olear a máquina da repressão abre generosamente os cordões à bolsa, sabendo que  nenhum apelo  infantil do tipo os polícias e os soldados são filhos do povo , fará as forças repressivas virar as armas contra os seus interesses e o estado que os acarinha e sustenta.

Para estes eternos românticos da revolução,  organização, disciplina, estratégia e táctica, objectivos, direcção organizada, são autênticos pesadelos. E nem sequer se pasmam quando verificam que esta sua permanente hesitação, esta sua recorrente fuga para a frente, esta sua endémica incoerência redunda, fatalmente, na deserção cobarde, sempre alegando que este povo não merece o seu esforço! Bem que gritam O Povo unido jamais será vencido quando o que está em causa é que O Povo Vencerá!  Se se mobilizar e organizar em torno de princípios justos e coerentes, se se preparar para uma luta dura e prolongada, se ousar lutar, para ousar vencer!


Face à ocupação de que Portugal está a ser alvo por parte de uma tróica que mais não constitui do que um instrumento ao serviço dos apetites imperiais e colonizadores de uma potência como a Alemanha, face ao presente alinhamento de classes e interesses de classe, à correlação de forças entre si e quanto ao que as une e ao que as divide, a única saída para os trabalhadores e o povo português é, pois, o derrube deste governo de serventuários, de traição nacional, e a constituição de um governo democrático patriótico que saiba pôr em marcha um programa que congregue e reflicta os interesses daquelas classes e sectores de classe que, neste momento, têm em comum a exigência da suspensão do pagamento de uma dívida que não contraíram e da qual nada beneficiaram, a recuperação do tecido produtivo destruído, único garante da recuperação da nossa independência e unidade nacional, único garante de que o país estancará a sangria do desemprego, da precariedade, da fome e da miséria, único garante de que Portugal e o povo português conquistarão a sua liberdade e alcançarão a verdadeira democracia.

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