segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Depois da esmagadora derrota eleitoral do PSD e do CDS

Seguro identifica-se com os objectivos do governo e da tróica


                À saída das eleições autárquicas, após a demolidora derrota dos partidos do governo de traição nacional, tudo o que o secretário-geral do PS encontrou para definir a sua postura face à nova situação política foi a afirmação de que fará “tudo, tudo” para evitar um “segundo resgate” de Portugal pela tróica alemã.

                Há uns meses atrás, para iludir o povo, Seguro andou a pedir a demissão do governo, considerando que o mesmo havia perdido a sua legitimidade política. Hoje, mantendo-se todas as razões então invocadas para formular tal pedido e tendo sido acrescentada a estas a derradeira razão capaz de vencer as hesitações de alguns sectores da pequena-burguesia quanto à bondade do derrube do governo – a da perda da sua legitimidade eleitoral -, tudo o que este insuportável personagem tem para dizer ao povo que esmagou nas urnas os candidatos do governo, é que é necessário evitar a todo o custo um “segundo resgate”.

                “Evitar um segundo resgate” é o argumento constantemente utilizado pela pandilha do Passos e do Portas para tentar justificar as medidas terroristas que continuam a promover em catadupa contra os trabalhadores e o povo. Seguro sabe perfeitamente que essas medidas são as que garantem ao grande capital financeiro e ao imperialismo germânico a mama do “segundo resgate” e dos mais que virão a seguir, se Portugal não se libertar das garras da União Europeia e do euro e o povo português não tomar em mãos o seu futuro e a sua emancipação.

                Como qualquer secretário de Estado ou porta-voz do governo da tróica, o secretário-geral do PS alinha de corpo inteiro com o coro e a chantagem terrorista do “segundo resgate”. A este serventuário da exploração e do massacre sobre os trabalhadores e o povo, a pergunta a fazer é por que razão apoia ele o “primeiro resgate” e as medidas que o mesmo implica e contém.

                Porque apoia Seguro o drástico e iminente novo roubo das pensões de reforma, lamentando apenas o seu carácter retroactivo? Porque fecha ele os olhos ao iníquo aumento do horário de trabalho e os despedimentos em massa na função pública, dizendo apenas que se for governo não fará novos aumentos do horário e novos despedimentos neste sector? Porque encoraja ele o corte para metade dos impostos sobre os lucros do grande capital e diz ao mesmo tempo que os brutais aumentos dos impostos sobre os trabalhadores devem ser mantidos? Porque legitima ele com o seu ensurdecedor silêncio as sucessivas medidas de liquidação dos serviços públicos de saúde, educação e segurança social? Porque não se opõe à privatização dos correios, da TAP e de tantas outras empresas e serviços? Porque é que faria ele afinal, se chefiasse o governo, tudo o que os “resgatantes” da União Europeia e do FMI impõem para ser aplicado em Portugal?

                “Resgate” é o nome de código para a colonização do país e para a escravidão dos trabalhadores e do povo às mãos da Alemanha, da banca e da classe dos grandes capitalistas e exploradores. Não há “resgates bons” e “resgates maus”. Evitar um “segundo resgate” significa só e apenas, para os democratas e patriotas dignos desse nome, dos quais Seguro está seguramente excluído, derrotar, esmagar e expulsar os agentes e responsáveis do “primeiro resgate”.

                Na luta por estes objectivos, é preciso fazer “tudo, tudo” para evitar que o compungido Seguro cavalgue o descontentamento popular e seja eventualmente entronizado como novo chefe do protectorado alemão a que Portugal se encontra reduzido. Isto é perfeitamente exequível, como os resultados das recentes eleições autárquicas deixam entrever.


                De facto, por detrás da descida no número de votos com que o PS de Seguro respondeu à hecatombe eleitoral do PSD e do CDS, e bem assim do significativo reforço da votação no PCTP/MRPP registado nestas eleições, é possível vislumbrar os sinais de uma corrente política que terá de conduzir à constituição de um novo governo democrático patriótico. A tarefa urgente dos trabalhadores e das suas organizações, dos movimentos sociais e cívicos e dos partidos que combatem a tróica germano-imperialista é dar corpo e reforçar essa corrente, como forma de realizar as aspirações actuais da esmagadora maioria da população portuguesa.

Sem comentários:

Enviar um comentário