Seguro identifica-se com os objectivos do governo e da tróica
À
saída das eleições autárquicas, após a demolidora derrota dos partidos do
governo de traição nacional, tudo o que o secretário-geral do PS encontrou para
definir a sua postura face à nova situação política foi a afirmação de que fará
“tudo, tudo” para evitar um “segundo
resgate” de Portugal pela tróica alemã.
Há
uns meses atrás, para iludir o povo, Seguro andou a pedir a demissão do
governo, considerando que o mesmo havia perdido a sua legitimidade política.
Hoje, mantendo-se todas as razões então invocadas para formular tal pedido e
tendo sido acrescentada a estas a derradeira razão capaz de vencer as
hesitações de alguns sectores da pequena-burguesia quanto à bondade do derrube
do governo – a da perda da sua legitimidade eleitoral -, tudo o que este insuportável
personagem tem para dizer ao povo que esmagou nas urnas os candidatos do
governo, é que é necessário evitar a todo o custo um “segundo resgate”.
“Evitar
um segundo resgate” é o argumento constantemente utilizado pela pandilha do
Passos e do Portas para tentar justificar as medidas terroristas que continuam
a promover em catadupa contra os trabalhadores e o povo. Seguro sabe
perfeitamente que essas medidas são as que garantem ao grande capital
financeiro e ao imperialismo germânico a mama do “segundo resgate” e dos mais
que virão a seguir, se Portugal não se libertar das garras da União Europeia e
do euro e o povo português não tomar em mãos o seu futuro e a sua emancipação.
Como
qualquer secretário de Estado ou porta-voz do governo da tróica, o secretário-geral
do PS alinha de corpo inteiro com o coro e a chantagem terrorista do “segundo
resgate”. A este serventuário da exploração e do massacre sobre os
trabalhadores e o povo, a pergunta a fazer é por que razão apoia ele o
“primeiro resgate” e as medidas que o mesmo implica e contém.
Porque
apoia Seguro o drástico e iminente novo roubo das pensões de reforma, lamentando
apenas o seu carácter retroactivo? Porque fecha ele os olhos ao iníquo aumento
do horário de trabalho e os despedimentos em massa na função pública, dizendo
apenas que se for governo não fará novos
aumentos do horário e novos
despedimentos neste sector? Porque encoraja ele o corte para metade dos
impostos sobre os lucros do grande capital e diz ao mesmo tempo que os brutais
aumentos dos impostos sobre os trabalhadores devem ser mantidos? Porque
legitima ele com o seu ensurdecedor silêncio as sucessivas medidas de
liquidação dos serviços públicos de saúde, educação e segurança social? Porque
não se opõe à privatização dos correios, da TAP e de tantas outras empresas e
serviços? Porque é que faria ele afinal, se chefiasse o governo, tudo o que os
“resgatantes” da União Europeia e do FMI impõem para ser aplicado em Portugal?
“Resgate”
é o nome de código para a colonização do país e para a escravidão dos
trabalhadores e do povo às mãos da Alemanha, da banca e da classe dos grandes
capitalistas e exploradores. Não há “resgates bons” e “resgates maus”. Evitar
um “segundo resgate” significa só e apenas, para os democratas e patriotas
dignos desse nome, dos quais Seguro está seguramente excluído, derrotar,
esmagar e expulsar os agentes e responsáveis do “primeiro resgate”.
Na
luta por estes objectivos, é preciso fazer “tudo, tudo” para evitar que o
compungido Seguro cavalgue o descontentamento popular e seja eventualmente
entronizado como novo chefe do protectorado alemão a que Portugal se encontra
reduzido. Isto é perfeitamente exequível, como os resultados das recentes
eleições autárquicas deixam entrever.
De
facto, por detrás da descida no número de votos com que o PS de Seguro
respondeu à hecatombe eleitoral do PSD e do CDS, e bem assim do significativo
reforço da votação no PCTP/MRPP registado nestas eleições, é possível
vislumbrar os sinais de uma corrente política que terá de conduzir à
constituição de um novo governo democrático patriótico. A
tarefa urgente dos trabalhadores e das suas organizações, dos movimentos
sociais e cívicos e dos partidos que combatem a tróica germano-imperialista é
dar corpo e reforçar essa corrente, como forma de realizar as aspirações
actuais da esmagadora maioria da população portuguesa.
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