segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Portas, de feirante a salta pocinhas!

Hoje foi dia de conferência de imprensa onde pontificou Paulo Portas, o salta pocinhas português. Ofendido pela circunstância de uns maduros - que não identificou - terem andado por aí a assustar os velhotes, lançando a dúvida quanto ao montante e natureza dos cortes que as suas pensões de sobrevivência, particularmente as de viuvez, iriam sofrer, veio encenar o velho e estafado momento de teatro que tanto lhe apraz, consistente em fazer-se de vítima.

Esqueceu-se de mencionar que foi na conferência de imprensa anterior, produzida na semana transacta, que o príncipe da manipulação escamoteou que a decisão tinha sido tomada pela tróica germano-imperialista e assinada de cruz pelos serventuários Coelho e Portas, como têm sido todas as outras medidas terroristas e fascistas que tem aplicado contra o povo.

Mas, se o que se obtém com esta medida, no âmbito da Lei Geral do Orçamento do Estado para 2014, é uma poupança de 100 milhões de euros, será caso para dizer que nesta história existe muita parra e pouca uva, pelo que o povo português deve desconfiar das reais motivações que levam governo e uma certa oposição a fazerem desta uma questão central.

O que se pretende com esta medida que, segundo palavras do feirante Paulo Portas, atingirá apenas cerca de 25 mil beneficiários, com pensões superiores a 2 mil euros e, mesmo assim,  afectando a segunda ou outras pensões adicionais?  Pretende-se atingir quadros superiores do estado, não sendo displicente considerar-se entre estes juízes e magistrados!

Ora, se esta medida for chumbada pelo Tribunal Constitucional, visto ferir o princípio da segurança da lei e dos contratos, o governo vende pátrias pode sempre vir vociferar que os juízes votaram em causa própria. Mas, se os juízes, num autêntico acto de suicídio corporativo e político, decidirem pela legalidade constitucional da norma, então o governo poderá, no futuro, invocar o precedente para exigir a aprovação de outras normas não constitucionais.

Entretanto, com este espectáculo mediático, e para além do detalhe acima descrito, foram escamoteadas todas as medidas que já foram decididas e impostas pela tróica germano-imperialista durante as 8ª e 9ª avaliações, medidas que o conselho de ministros que hoje se realizou se limitou a caucionar.

Atira-se para a imprensa a notícia dos cortes das pensões não só para ver como a opinião pública reagiria, como para dar oportunidade a Portas para aparentemente brilhar e, por outro lado, desviar a atenção do ataque terrorista que o resto das medidas do orçamento encerra.

Portas esteve 99,9% do tempo a falar da segunda pensão e dos limites dos dois mil euros para as pensões actuais e dedicou curtíssimos mas, isso sim, preocupantes minutos a falar das alterações para o futuro - idade a partir da qual opera a atribuição vitalícia da pensão de sobrevivência e cortes mais profundos nessas pensões. Ficou por explicar, também, qual o regime aplicável aos casos de acumulação de salário e pensão de sobrevivência.

Temas que merecerão voltar a ser abordados nestas páginas quando forem revelados com maior exactidão o alcance global destas alterações.

Desde já, no entanto, uma certeza. Serão medidas que imporão um agravamento do genocídio fiscal a que este governo de serventuários está a sujeitar o povo português, medidas que asseguram, por um lado, alocar mais de quatro mil e setecentos milhões de euros de poupança e o pagamento de quarenta mil milhões de euros, durante o ano de 2014, apenas de juros da dívida aos parceiros da tróica.

A classe operária, os trabalhadores, os jovens e intelectuais, os pequenos e médios empresários que estão em risco de ruína fruto da política vende pátrias prosseguida pelo governo Coelho/Portas, tutelado por Cavaco, os democratas e patriotas, não se devem deixar embalar por este tipo de manobras.


Devem prosseguir com denodo e firmeza a sua luta pelo derrube deste governo e a constituição de um Governo Democrático Patriótico que, para além de recusar o pagamento de uma dívida que não foi contraída pelo povo, nem o povo dela retirou qualquer benefício, deve preparar a saída de Portugal do euro e da União Europeia.

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