Um discurso de palavras sem substância
e uma mão cheia de nada!
Tomou hoje formalmente posse,
para o seu terceiro mandato à frente do executivo da Câmara Municipal de
Lisboa, António Costa. Do seu palavroso discurso, uma mão cheia de nada, um
discurso povoado de generalidades e frases feitas sem se comprometer com
rigorosamente nada, fica a percepção de que teve muito menor peso do que a
medalha da cidade com que foi agraciado.
Há
umas semanas atrás, num artigo que pretendia fazer um primeiro balanço das
eleições autárquicas no concelho de Lisboa - O que muda em Lisboa
após vitória de António Costa? -, afirmávamos que, numa perspectiva de fundo, de
substância, nada mudará em Lisboa neste terceiro mandato de António Costa, sendo
aliás expectável que, respaldado na confortável
maioria que obteve, venha a agravar o estado a que a sua política conduziu a
capital.
Preconizámos, então, que Lisboa continuará a ser uma capital
sequestrada pelos interesses dos grandes grupos financeiros e imobiliários e
pelo patobravismo, uma cidade caótica e invadida pelo automóvel, abandonada e
sujeita ao desleixo, com um enorme índice de prédios degradados, sujeita à
destruição e falta de manutenção dos seus espaços verdes – jardins, árvores,
canteiros, etc.
Continuará a ser uma cidade em
que a vereação apostará num Plano Director Municipal – que à semelhança dos
anteriores – continuará a expulsar da cidade, a um ritmo de cerca de 10 mil por
ano, milhares de lisboetas, ao mesmo tempo que cria as condições para que
Lisboa se torne um paraíso para a especulação imobiliária e o surgimento de
condomínios de luxo e hotéis de charme.
Continuará a ser uma cidade de
onde a indústria foi expulsa, o PIB desceu mais de 50% e as receitas assentam
nas multas, nos emolumentos, na perseguição e repressão dos pequenos
comerciantes, no IMI e no IMT. Será uma das poucas – se não a única – cidade
europeia em que o povo não tem o total usufruto das margens do seu rio que foi
sequestrado por uma organização feudal que dá pelo nome de Administração do
Porto de Lisboa.
Do ponto de vista formal,
apenas aumentará a arrogância, o despotismo, a mentira, a que a vereação de
António Costa, coadjuvada pelo Zé que não faz falta e a Helena Roseta que mente
sem piedade aos moradores dos bairros degradados da capital, recorre desde que,
em 2007, assumiu o poder no executivo da Câmara Municipal de Lisboa. Assim como
aumentará, potencialmente, a corrupção e o compadrio.
Nem a retumbante vitória que o levou a este terceiro
mandato, nem a hecatombe sofrida por PSD e CDS, a sós ou
coligados, a nível autárquico nacional – onde perderam a direcção de algumas câmaras
municipais icónicas e a direcção da Associação de Municípios -, nem a
esmagadora e humilhante derrota sofrida por Seara, apoiado por uma vasta
coligação onde pontificavam os partidos que, no governo, se prestam a servir a
tróica germano-imperialista, levou António Costa a fazer qualquer menção neste
seu discurso de tomada de posse às consequências que, ainda assim, se deveriam
retirar desses resultados para o governo de traição nacional de Coelho e
Portas, e para o seu tutor Cavaco, isto é, o seu derrube, a suspensão do
pagamento de uma dívida que não foi contraída pelo povo, nem o povo retirou
dela qualquer benefício.
Bem pelo contrário, ainda se
dirigiu amavelmente ao candidato da coligação reaccionária no poder.
Apesar de ter tentado copiar
uma medida desde sempre proposta pelo PCTP/MRPP, que consiste na criação da Região
Especial de Lisboa, numa área que vai de Torres Vedras a Setúbal, neste
seu discurso de tomada de posse, o tempo que dedicou a tal medida e o que propôs para que ela se concretizasse não só não foi ao âmago da razão porque propusemos tal política, como, e uma vez mais, a sua defesa foi pouco clara e consistente. Antes,
vangloriou-se de uma agregação de
freguesias, realizada como sempre nas costas do povo, uma medida que classifica
de descentralização do poder, mas que
tudo indica que promoverá a concentração
do compadrio e da corrupção.
Para as malvas uma discussão
democrática, com ampla participação popular, que pudesse discutir as várias
propostas, nomeadamente a que é há muito defendida pelo PCTP/MRPP e que assenta
na organização das freguesias em função do espaço geográfico do bairro,
eliminando assim a patética situação que hoje se vive de num mesmo bairro,
hoje, em Lisboa, poderem coexistir mais de uma freguesia. Mas, claro está, que
quem adopta para seu modelo de gestão a política de dividir para reinar, nunca interessará realizar esta discussão.
Como para urtigas foi outra
proposta copiada por António Costa e o PS do PCTP/MRPP e que se prende com a municipalização dos transportes
públicos, que levaria à retirada da sua gestão e programação das mãos da tutela
do estado. Sintomático do que António Costa visa fazer a uma medida que foi
bandeira da sua campanha eleitoral, tanto mais quando o governo de traição
nacional, através do secretário de estado Moedas, vem anunciando a sua intenção
de conceder a privados a exploração das empresas do sector dos transportes. Um
ensurdecedor e oportunista silêncio!
É por isso que nunca é demais
reafirmar que existe um mandato popular para resgatar Lisboa do sequestro a que
todos os partidos do arco
parlamentar – a sós ou
coligados – sujeitaram Lisboa. Os candidatos que integraram as listas
autárquicas do PCTP/MRPP – militantes, simpatizantes, amigos do partido ou
independentes – são os guardiões desse mandato, são os únicos que se apresentam
com as mãos e a cara lavadas.
O seu compromisso foi e será o
de fazerem valer a estratégia que tal mandato encerra, já que o discurso de
tomada de posse para o seu terceiro mandato proferido por António Costa é uma
indicação clara de que persistirá no rumo que traçou para os seus dois mandatos
anteriores e agravará as consequências a que os lisboetas estão a ser sujeitos
há quase quatro décadas de política de bloco
central.
Os cidadãos de Lisboa só
conseguirão alterar a seu favor as condições de vida e contrariar os factores
que levam à sua persistente expulsão da cidade se os candidatos que integraram
as listas autárquicas do PCTP/MRPP persistirem na consigna de OUSAR LUTAR,
OUSAR VENCER! E vão consegui-lo com a
perseverança na justeza da estratégia que propõem para que Lisboa se transforme
numa capital europeia, dinâmica, moderna e progressiva!
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