terça-feira, 22 de outubro de 2013

Porque convém ao imperialismo germânico um euro forte?

As coisas correm bem para a Alemanha! A demonstrar porque é que para esta potência imperialista nada interessa que o euro desvalorize face a outras moedas – mormente o dólar –, bem como porque está tão empenhada em que os chamados elos fracos da cadeia capitalista na Europa prossigam e aprofundem as políticas de austeridade que, através dos mecanismos que domina e influencia – Comissão Europeia, BCE e FMI -  lhes estão a ser impostas, aí estão os resultados do Eurostat quanto aos défices públicos registados em 2012.

Enquanto a Alemanha aparece com um excedente de 0,1% e países nórdicos, caninamente seguidores das suas receitas, aparecem com défices de -0,2% - Suécia e Estónia -, 0,6% - Luxemburgo - e 0,8% - Bulgária -, Portugal surge com um défice de 6,4% - o quarto mais elevado, a seguir ao Chipre -, contra 10,2% em 2009, 9,8% em 2010 e 4,3% em 2011, agravado pelo facto de a dívida pública ter sido a 3ª mais elevada na União Europeia, isto é… 124,1%!

Quanto ao valor do défice público em percentagem do PIB (Produto Interno Bruto), o Eurostat dá a indicação de que este baixou de 4.2% em 2011 para 3,7% em 2012, na zona euro, e de 4,4% para 3,9%, em toda a União Europeia, enquanto que em Portugal essa percentagem atinge os 6,9%!

Aliás, Portugal para além de ter sido o único país em que o Eurostat fez uma revisão em alta do rácio da dívida pública em percentagem do PIB para 2012 – de 123,6% para 124,1% -, enquanto reviu em baixa, no mesmo período, quer o valor do défice público – de 4% para 3,9% - em percentagem do PIB na União Europeia, quer o valor da dívida pública no mesmo ano – de 85,3% para 85,1% -, foi o que, a par do Chipre, apresentou o 4º défice mais elevado deste espaço.

Outro dado a reter é o que respeita ao chamado rácio da dívida pública em percentagem do PIB. Se é certo que ele aumentou na zona euro – de 87,3% em 2011 para 90,6% em 2012 -, sendo que na União Europeia aumentou de 82,3% em 2011 para 85,1% em 2012 e os rácios mais baixos deste parâmetro registaram-se na Estónia – 9,8% -, na Bulgária – 18,5% -, no Luxemburgo – 21,7% - e na Roménia – 37,9% -, nos chamados países sob tutela da tróica germano-imperialista, esse rácio foi de 156,9% para a Grécia, 127% para a Itália, 124,1% para Portugal e 117,4% para a Irlanda.

Ou seja, apesar do Memorando de Entendimento subscrito por PS, PSD e CDS ter sido anunciado como a panaceia para a resolução da crise da dívida e do défice em Portugal, a dívida pública tem vindo sucessivamente, ano após ano, medida terrorista e fascista, uma após outra, a aumentar: 83,7% em 2009, 94% em 2010, 108,2% em 2012 e, tudo indica, que se quedará muito próximo, ou ultrapassará, dos 130% no final de 2013! Isto enquanto o défice para 2013, ao qual a tróica germano-imperialista tinha inicialmente imposto um tecto de 5% para 2013, mais tarde negociado para 5,5%,  acabou por se assumir que atingirá os 5,9% e, hoje mesmo, já circulam rumores de que até este valor será ultrapassado.

O que estes números e índices confirmam é que, não sendo a única beneficiária, a Alemanha é a potência europeia que maiores benefícios está a retirar, quer do negócio da dívida - que deseja IMPAGÁVEL para ir encaixando fabulosos lucros -, quer do facto de as burguesias dos países sob protectorado e intervenção da tróica germano-imperialista terem previamente aceite a destruição dos tecidos produtivos, para que hoje a Alemanha possa exportar para o espaço europeu mais de 40% da sua produção industrial.

Aliás, veja-se o propositado deslize do novel ministro da economia, o cervejeiro Pires de Lima, que na sua deslocação a Londres, numa saloia pronúncia britânica, lá foi revelando que está em preparação – para começar a ser discutido a partir de Janeiro de 2014 – a negociação de um programa cautelar! O que, em português corrente, sem manipulações verbais, significa, mais do mesmo, por mais tempo e sempre os mesmos a pagar: o povo que não contraiu esta dívida, nem dela retirou qualquer proveito. Ao mesmo tempo que, o aumento da dívida e o seu prolongamento no tempo enriquecem cada vez mais os grandes grupos financeiros, bancários e industriais, com os alemães à cabeça.


O que estes números demonstram cada vez mais é que o euro não passa, afinal, do marco travestido e que, no quadro financeiro e económico supracitado, à Alemanha nada convém uma desvalorização da moeda comum como instrumento para minimizar os impactos e os níveis da dívida pública. Pudera! Com os superavits industriais registados, com acesso a crédito a taxas negativas, o que à potência germânica interessa é, precisamente, o contrário. Ao mesmo tempo que anula a concorrência europeia e transforma alguns dos elos mais fracos – sobretudo os países do sul da Europa – num reservatório de mão de obra não qualificada, intensiva e baratinha, mata dois coelhos de uma só cajadada!

O que estes números demonstram é que já não basta à ampla frente de democratas e patriotas exigir e impôr o não pagamento de uma dívida que não foi contraída pelo povo, nem o povo dela retirou qualquer benefício. Torna-se cada vez mais premente o derrube do actual governo de traição nacional Coelho/Portas e do seu patrono Cavaco e a expulsão da tróica germano-imperialista do país, e a saída de Portugal do euro e da União Europeia têm de estar inscritas no programa do governo democrático patriótico que vai emergir da luta da classe operária, de todos os trabalhadores, do povo português.


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