As coisas
correm bem para a Alemanha! A demonstrar porque é que para esta potência
imperialista nada interessa que o euro desvalorize face a outras moedas –
mormente o dólar –, bem como porque está tão empenhada em que os chamados elos fracos da cadeia capitalista na
Europa prossigam e aprofundem as políticas
de austeridade que, através dos mecanismos que domina e influencia –
Comissão Europeia, BCE e FMI - lhes
estão a ser impostas, aí estão os resultados do Eurostat quanto aos défices
públicos registados em 2012.
Enquanto a
Alemanha aparece com um excedente de 0,1% e países nórdicos, caninamente
seguidores das suas receitas, aparecem com défices de -0,2% - Suécia e Estónia
-, 0,6% - Luxemburgo - e 0,8% - Bulgária -, Portugal surge com um défice de
6,4% - o quarto mais elevado, a seguir ao Chipre -, contra 10,2% em 2009, 9,8%
em 2010 e 4,3% em 2011, agravado pelo facto de a dívida pública ter sido a 3ª
mais elevada na União Europeia, isto é… 124,1%!
Quanto ao valor
do défice público em percentagem do PIB (Produto Interno Bruto), o Eurostat dá
a indicação de que este baixou de 4.2% em 2011 para 3,7% em 2012, na zona euro,
e de 4,4% para 3,9%, em toda a União Europeia, enquanto que em Portugal essa
percentagem atinge os 6,9%!
Aliás, Portugal
para além de ter sido o único país em que o Eurostat fez uma revisão em alta do
rácio da dívida pública em percentagem do PIB para 2012 – de 123,6% para 124,1%
-, enquanto reviu em baixa, no mesmo período, quer o valor do défice público –
de 4% para 3,9% - em percentagem do PIB na União Europeia, quer o valor da
dívida pública no mesmo ano – de 85,3% para 85,1% -, foi o que, a par do
Chipre, apresentou o 4º défice mais elevado deste espaço.
Outro dado a
reter é o que respeita ao chamado rácio da dívida pública em percentagem do
PIB. Se é certo que ele aumentou na zona euro – de 87,3% em 2011 para 90,6% em
2012 -, sendo que na União Europeia aumentou de 82,3% em 2011 para 85,1% em
2012 e os rácios mais baixos deste parâmetro registaram-se na Estónia – 9,8% -,
na Bulgária – 18,5% -, no Luxemburgo – 21,7% - e na Roménia – 37,9% -, nos
chamados países sob tutela da tróica germano-imperialista, esse rácio foi de
156,9% para a Grécia, 127% para a Itália, 124,1% para Portugal e 117,4% para a
Irlanda.
Ou seja, apesar
do Memorando de Entendimento subscrito por PS, PSD e CDS ter sido anunciado
como a panaceia para a resolução da crise da dívida e do défice em Portugal, a
dívida pública tem vindo sucessivamente, ano após ano, medida terrorista e
fascista, uma após outra, a aumentar: 83,7% em 2009, 94% em 2010, 108,2% em
2012 e, tudo indica, que se quedará muito próximo, ou ultrapassará, dos 130% no
final de 2013! Isto enquanto o défice para 2013, ao qual a tróica
germano-imperialista tinha inicialmente imposto um tecto de 5% para 2013, mais
tarde negociado para 5,5%, acabou por se assumir que atingirá os 5,9% e,
hoje mesmo, já circulam rumores de
que até este valor será ultrapassado.
O que estes
números e índices confirmam é que, não sendo a única beneficiária, a Alemanha é
a potência europeia que maiores benefícios está a retirar, quer do negócio da dívida - que deseja IMPAGÁVEL
para ir encaixando fabulosos lucros -, quer do facto de as burguesias dos
países sob protectorado e intervenção da tróica germano-imperialista terem
previamente aceite a destruição dos tecidos produtivos, para que hoje a
Alemanha possa exportar para o espaço europeu mais de 40% da sua produção
industrial.
Aliás,
veja-se o propositado deslize
do novel ministro da economia, o cervejeiro Pires de Lima, que na sua
deslocação a Londres, numa saloia pronúncia britânica, lá foi revelando que
está em preparação – para começar a ser discutido a partir de Janeiro de 2014 –
a negociação de um programa cautelar!
O que, em português corrente, sem manipulações verbais, significa, mais do
mesmo, por mais tempo e sempre os mesmos a pagar: o povo que não contraiu esta
dívida, nem dela retirou qualquer proveito. Ao mesmo tempo que, o aumento da
dívida e o seu prolongamento no tempo enriquecem cada vez mais os grandes
grupos financeiros, bancários e industriais, com os alemães à cabeça.
O que estes
números demonstram cada vez mais é que o euro não passa, afinal, do marco
travestido e que, no quadro financeiro e económico supracitado, à Alemanha nada
convém uma desvalorização da moeda comum
como instrumento para minimizar os impactos e os níveis da dívida pública.
Pudera! Com os superavits industriais
registados, com acesso a crédito a taxas negativas,
o que à potência germânica interessa é, precisamente, o contrário. Ao mesmo
tempo que anula a concorrência europeia e transforma alguns dos elos mais
fracos – sobretudo os países do sul da Europa – num reservatório de mão de obra
não qualificada, intensiva e baratinha, mata dois coelhos de uma só cajadada!
O que estes
números demonstram é que já não basta à ampla frente de democratas e patriotas
exigir e impôr o não pagamento de uma dívida que não foi contraída pelo povo,
nem o povo dela retirou qualquer benefício. Torna-se cada vez mais premente o
derrube do actual governo de traição nacional Coelho/Portas e do seu patrono
Cavaco e a expulsão da tróica germano-imperialista do país, e a saída de
Portugal do euro e da União Europeia têm de estar inscritas no programa do
governo democrático patriótico que vai emergir da luta da classe operária, de
todos os trabalhadores, do povo português.
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