Não é a
Alemanha que é indispensável à sobrevivência do euro. É o euro que é
indispensável à estratégia de dominação do imperialismo germânico sobre a
Europa. E, para a
Alemanha, há-de chegar o momento em que, depois de se ter utilizado desse
instrumento para dominar os povos e nações da Europa – assim tenha sucesso com
esta sua estratégia – pura e simplesmente o dispensará.
Esta
realidade tem de ser contextualizada no panorama geopolítico internacional, em
que a superpotência imperialista americana pretende recuperar a sua hegemonia a
nível mundial e a Alemanha se quer posicionar de forma a, por um lado,
demonstrar ser um dos mais fortes aliados com que os EUA podem contar e, por
outro, não vir a perder influência, nem ver comprometidos os seus interesses
face a um cada vez mais agressivo imperialismo chinês que já se comporta como
nova superpotência e que já demonstrou a sua capacidade em se aliar com
os inimigos de ontem, como é o caso da Rússia, nesta
contenda pelo domínio mundial.
As
desesperadas tentativas de chantagem exercidas pela chefe do IV Reich, a Srª
Angela Merkel, que teve o apoio canino de vários valet de chambre, desde o salta-pocinhas Sarkozy ao patético Hollande, e que, pelos vistos, beneficia
dos silêncios ensurdecedores do ex-socialista, agora adepto de uma híbrida 3ª via, Emanuel Macron, sobre os restantes países da
chamada zona euro, decorrem do facto de a Alemanha saber, de
há muito, que o projecto europeu só servirá efectivamente
os seus interesses de dominação sobre os restantes países europeus, se conseguir
impor a moeda única.
Paulatinamente, foi convencendo vários países a aderir a esta ideia, prometendo-lhes o paraíso do leite e do mel em abundância, conseguindo que as burguesias vendidas de 19 dos 28 países que integram a União Europeia ao euro aderissem.
Paulatinamente, foi convencendo vários países a aderir a esta ideia, prometendo-lhes o paraíso do leite e do mel em abundância, conseguindo que as burguesias vendidas de 19 dos 28 países que integram a União Europeia ao euro aderissem.
E de cimeira
em cimeira – a dois ou com os seus serventuários – foi acrescentando novos
patamares para desferir novos golpes, encarregando a sua tróica germano-imperialista
de ir impondo memorandos e programas que visam, tão só, dominar e espezinhar os
povos e países da Europa, arrogando-se tomar medidas absolutamente fascistas e
antidemocráticas como depor governos e colocar em sua substituição os seus
homens de mão.
Mas, de
facto, o euro foi desenhado, desde a sua génese, como o novo marco ou o marco
travestido de euro! Como a única entidade com capacidade e autoridade para
emitir esta moeda e controlar os seus fluxos é o BCE, um banco privado onde os
principais accionistas são bancos e grandes grupos financeiros germânicos,
melhor se entenderá a teia que a Alemanha teceu para vir a manietar e dominar
os restantes países europeus.
Muito antes
de sugerir o euro, o imperialismo germânico foi impondo
a destruição da capacidade produtiva e do tecido produtivo, sobretudo
industrial, da esmagadora maioria dos países europeus, sobretudo aqueles que
são considerados os elos fracos da cadeia capitalista,
salvaguardando essa capacidade para a Alemanha, onde esta não só foi mantida
como cresceu e se fortaleceu. Com tal manobra a Alemanha consegue ter
superavits importantes, dominar em termos de capacidade industrial e financeira
todos os outros países que, entretanto, aderiram ao euro, por virtude de terem
passado a depender daquilo que importam para poder fazer funcionar as
suas economias, levando-os a graus de endividamento nunca antes atingidos.
Os factores
combinados das crises orçamentais com a crise do
sub-prime americano, criaram as condições ideais para que uma entidade como o
BCE, cujo capital social é inteiramente privado, e em que os grupos financeiros
e bancários alemães, como já havíamos referido, predominam, mercê da taxa de
participação de cada país em função do seu PIB, se transformasse no principal
instrumento da dominação germano-imperialista. Desde logo porque foi imposto
que os estados não poderiam recorrer directamente a crédito nessa instituição,
a um juro abaixo de 1%, mas tão só os bancos que, depois, o emprestariam aos
estados a taxas de juro muito mais elevadas, o triplo e mais do que aquelas que o BCE pratica com os bancos agregados ao sistema monetário e financeiro do euro!
As dívidas
soberanas passaram a ser, por um lado, um excelente negócio, pois
proporcionam taxas de juro faraónicas e, por outro, um factor poderosíssimo de
chantagem sobre governos e governantes vende-pátria que ficam satisfeitos com
as migalhas que a chefe do IV Reich lhes reserva a troco de submeterem os seus
povos à miséria, à fome, ao desemprego e precariedade e os seus países ao
esbulho dos seus activos e empresas estratégicas por parte do imperialismo
germânico. Isto é, traidores que se vendem por trinta moedas a troco de
submeter os povos e países europeus à condição de colónia ou protectorado da
poderosa Alemanha!
A bascularização da
economia mundial, que se caracteriza, por um lado, pela estranha inexistência
de crises das dívidas soberanas em países do chamado 3º
Mundo – como é o exemplo do que se passa em quase todo o continente africano –
e, por outro, num processo de acumulação primitiva capitalista nos países
emergentes, como a China, a Índia e o Brasil, entre outros,
que passam neste momento por um processo histórico muito idêntico ao que se
vivia na Manchester do sec.XIX, explicam o resto do quadro em que, a nível
global, hoje nos encontramos e de como ele influencia e condiciona a situação
política e económica da velha Europa e da burguesia
europeia.
Com este
processo de crescimento, fundamentalmente alimentado pela
migração massiva de agricultores e artesãos arruinados para os grandes centros
urbanos e encafuados em grandes unidades fabris, aceitando condições
desumanas de vida, ritmos de trabalho intensos e salários miseráveis, começa-se
a compreender como é que a bascularização da economia
influencia a estratégia da Alemanha e de outros países do dito 1º mundo.
Países com
uma indústria avançada, com alto desenvolvimento tecnológico e que apostam
fortemente na investigação cientifica e que, tendo sagazmente levado as outras
nações do continente europeu à desindustrialização e à liquidação da sua
agricultura e pescas, têm por objectivo, agora, remeter esses países para a
terceirização da economia ou para fornecedores de mão-de-obra-barata, ao nível
dos praticados na Malásia ou no Bangladesh, para se tornar competitivos, isto
é, alinhando por baixo as políticas assistencialistas e
salariais até agora praticadas e que tinham sido fruto de intensas e duras
lutas de operários, camponeses e outros trabalhadores, na Europa dos séculos XIX e XX.
Se é certo
que a forma como hoje se organiza o trabalho nos países mais desenvolvidos não
é a mesma dos séculos XIX e XX, até porque existem cada vez menos grandes
unidades industriais – sobretudo naqueles países que aceitaram liquidar o seu
tecido produtivo, como foi o caso de Portugal -, não menos certo é que a classe
operária aliada a uma intelligentsia cada vez mais lançada para a
precarização e à prática de baixos salários, ao campesinato pobre e arruinado e
a pequenos e médios comerciantes e industriais ameaçados pela falência, são a
força motriz que tem, cada vez mais, condições para derrubar todo e qualquer governo reaccionário - mesmo que ponha uma máscara socialista para melhor enganar os trabalhadores e o povo - que continue a aceitar o garrote do euro e a chantagem da dívida e
impor um governo que leve a cabo um programa democrático patriótico que vá de
encontro aos seus interesses.
E, se
aparentemente, parece que as condições para a revolução, quer no nosso país,
quer a nível mundial, são cada vez mais diminutas, o que se passa é exactamente
o contrário. No nosso país, bem como noutros países europeus, as medidas
terroristas e fascistas que têm sido impostas pela tróica germano-imperialista,
através dos governos serventuários dos seus interesses, encontram cada vez
maior capacidade de organização, mobilização e combatividade por parte dos trabalhadores
e dos povos desses países.
Nos
chamados países emergentes, as condições em que a classe
operária é alocada à produção, em grandes unidades fabris, facilita a sua
organização revolucionária e a elevação da sua consciência de classe. O
processo histórico é imparável, a contradição antagónica entre burguesia e
proletariado, entre natureza social do trabalho e apropriação privada da
riqueza gerada por ele, será resolvida a favor de quem trabalha. E o ciclo das
revoluções socialistas rumo à construção da sociedade comunista do futuro será
não só uma realidade, como uma inevitabilidade histórica.
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