No preciso dia em que o governo anuncia mais um episódio do milagre económico que se está a operar,
mercê das políticas e medidas terroristas e fascistas que tem vindo a impor ao
povo português, a mando da tróica germano-imperialista, uma televisão
generalista emite uma reportagem sobre uma operação da polícia e do Serviço de
Fronteiras e Emigração (SEF) a uma herdade alentejana, situada no distrito de
Beja com a finalidade de resgatar trabalhadores romenos, emigrantes
escravizados e sobreexplorados.
Perguntará o leitor o que tem a ver a notícia de uma
operação policial para libertar
trabalhadores romenos e a divulgação de estatísticas do INE (Instituto Nacional
de Estatística), que ainda estão sujeitas a confirmação e detalhe dos
pressupostos que os números divulgados contêm – o que só ocorrerá, segundo
aquela instituição, durante o mês de Dezembro próximo -, e que levaram o
governo a anunciar a saída da recessão técnica, devido a um crescimento de 0,2%
(pasme-se) – recessão que teima em persistir e agravar há mais de dois anos e
meio ?
Tudo! Mesmo que os números agora divulgados fossem
verdadeiros, eles são resultado do paradigma, do modelo, que este governo de
traição nacional, serventuário dos interesses dos grandes grupos financeiros,
bancários e industriais europeus – com os alemães à cabeça – tem para oferecer aos trabalhadores e ao povo
português.
Exactamente o que o novo
latifundiário alentejano, proprietário da herdade agora visitada pela polícia e
pelo SEF, tem para oferecer aos trabalhadores romenos aliciados pelos novos negreiros.
Salários de miséria, muitas das vezes não pago – ou pago tardiamente -,
condições miseráveis de trabalho e habitação, completa ausência de salubridade,
conforto, higiene e segurança e, sobretudo, muita fome!
É este o caminho que, quer o governo, quer o latifundiário
alentejano que explora mão de obra barata para assegurar a colheita da
azeitona, têm em comum. Trabalho sem direitos, mal pago, precário! Ou seja, a fórmula
que a tróica germano-imperialista traçou para Portugal e o governo
Coelho/Portas pretende, de forma canina e obediente, aplicar: trabalho
baratinho, pouco qualificado e intensivo.
O latifundiário alentejano é bem o paradigma desta política.
Está na linha da frente dos que defendem a ideia reaccionária de que trabalho
há, não há é quem o queira executar, para justificar o recurso a mão de obra
estrangeira. Depois, utiliza esta mão de obra escrava e mal paga como cobaia
para levar os trabalhadores portugueses a aceitarem as mesmas condições que
reservou àqueles trabalhadores emigrados.
É esta a relação entre o milagre
económico anunciado pelo governo e a operação policial levada a cabo numa
herdade do distrito de Beja para resgatar trabalhadores emigrantes escravizados
pelo latifundiário. Debaixo do manto diáfano da demagogia governamental, o que
se esconde é um programa de empobrecimento do povo, de liquidação do resto do
tecido produtivo nacional, da venda a pataco do que resta dos nossos activos e
empresas estratégicas, da miserável venda da soberania e independência nacional
que este governo de serventuários está a levar a cabo.
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