quinta-feira, 14 de novembro de 2013

O Milagre económico e os novos latifundiários no Alentejo!

No preciso dia em que o governo anuncia mais um episódio do milagre económico que se está a operar, mercê das políticas e medidas terroristas e fascistas que tem vindo a impor ao povo português, a mando da tróica germano-imperialista, uma televisão generalista emite uma reportagem sobre uma operação da polícia e do Serviço de Fronteiras e Emigração (SEF) a uma herdade alentejana, situada no distrito de Beja com a finalidade de resgatar trabalhadores romenos, emigrantes escravizados e sobreexplorados.

Perguntará o leitor o que tem a ver a notícia de uma operação policial para libertar trabalhadores romenos e a divulgação de estatísticas do INE (Instituto Nacional de Estatística), que ainda estão sujeitas a confirmação e detalhe dos pressupostos que os números divulgados contêm – o que só ocorrerá, segundo aquela instituição, durante o mês de Dezembro próximo -, e que levaram o governo a anunciar a saída da recessão técnica, devido a um crescimento de 0,2% (pasme-se) – recessão que teima em persistir e agravar há mais de dois anos e meio ?

Tudo! Mesmo que os números agora divulgados fossem verdadeiros, eles são resultado do paradigma, do modelo, que este governo de traição nacional, serventuário dos interesses dos grandes grupos financeiros, bancários e industriais europeus – com os alemães à cabeça – tem para oferecer aos trabalhadores e ao povo português.

Exactamente o que o novo latifundiário alentejano, proprietário da herdade agora visitada pela polícia e pelo SEF,  tem para oferecer aos trabalhadores romenos aliciados pelos novos negreiros. Salários de miséria, muitas das vezes não pago – ou pago tardiamente -, condições miseráveis de trabalho e habitação, completa ausência de salubridade, conforto, higiene e segurança e, sobretudo, muita fome!

É este o caminho que, quer o governo, quer o latifundiário alentejano que explora mão de obra barata para assegurar a colheita da azeitona, têm em comum. Trabalho sem direitos, mal pago, precário! Ou seja, a fórmula que a tróica germano-imperialista traçou para Portugal e o governo Coelho/Portas pretende, de forma canina e obediente, aplicar: trabalho baratinho, pouco qualificado e intensivo.

O latifundiário alentejano é bem o paradigma desta política. Está na linha da frente dos que defendem a ideia reaccionária de que trabalho há, não há é quem o queira executar, para justificar o recurso a mão de obra estrangeira. Depois, utiliza esta mão de obra escrava e mal paga como cobaia para levar os trabalhadores portugueses a aceitarem as mesmas condições que reservou àqueles trabalhadores emigrados.


É esta a relação entre o milagre económico anunciado pelo governo e a operação policial levada a cabo numa herdade do distrito de Beja para resgatar trabalhadores emigrantes escravizados pelo latifundiário. Debaixo do manto diáfano da demagogia governamental, o que se esconde é um programa de empobrecimento do povo, de liquidação do resto do tecido produtivo nacional, da venda a pataco do que resta dos nossos activos e empresas estratégicas, da miserável venda da soberania e independência nacional que este governo de serventuários está a levar a cabo.

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