255 biliões É o aumento da fortuna das 25 pessoas mais ricas entre Março e Maio de 2020 *Relatório OXFAM - Setembro 2020 |
Por Marc Rousset.
A queda das principais acções de tecnologia dos EUA empurrou
o índice NASDAQ para baixo em mais de 4% na sexta-feira, que registrou a sua
queda semanal mais pesada desde o final de Março. Entre sexta-feira, 4 de Setembro,
e terça-feira, 8, o NASDAQ 100 já havia recuado mais de 10%. A correcção em
Wall Street não acabou; a dúvida instalou-se
e a volatilidade está de volta. Os investidores estão questionam-se se a
indústria da tecnologia pode continuar a subir até ao céu para suportar o conjunto
do mercado. As 5 empresas GAFAM
representam um quarto do valor do S&P 500 e mais da metade do NASDAQ 100.
O fabricante de camiões eléctricos e a hidrogénio Nikola, no qual a General
Motors acaba de adquirir uma participação, afundou-se na quinta-feira, 10 de Setembro,
11,3%, na sequência de acusações de “fraude”.
A Tesla é o
símbolo da “bolha” financeira em Wall Street. Com uma capitalização
de mercado de 400 biliões de dólares, os
mercados valorizam em mais de 800.000 dólares a cada Tesla vendido, contra
16.500 dólares para um Toyota e 1.840 para um Renault. A Tesla, que
enfrentará a competição global, ainda mostra um aumento de mais de 300% desde o
início de 2020, mas caiu 33% desde o 1º de Setembro. Em caso de crash, o Fed comprará desta vez acções,
o que representará a última medida louca, antes da explosão e colapso da moeda,
para salvar o mercado de acções e o mercado de títulos obrigacionistas. Medidas
de apoio directo às populações com dinheiro que o Fed não possui (dinheiro do
helicóptero = dinheiro a fingir = dinheiro de macaco) também serão direccionadas
para os americanos em caso notório desemprego.
A dívida pública e o endividamento global dos Estados Unidos
estão a aumentar a uma velocidade vertiginosa, atingindo hoje 27 triliões e 80 triliões de dólares, respectivamente. Para
o ano fiscal de 2020, o défice público dos EUA ultrapassará os 3,5 triliões de
dólares, ou praticamente o PIB anual da Alemanha. Os activos do
balanço patrimonial do Fed, que estavam em 2 triliões de dólares em 2009,
depois de duplicar em relação a 2008, novamente quase duplicaram em dez anos
para chegar a 3,8 triliões de dólares em 2019, e novamente quase duplicarão
somente em 2020, para atingir mais de 7 triliões. Mas, enquanto o balanço do
Fed aumenta, a velocidade de circulação
da moeda caiu para metade, de 1,96 em 2008 para 1 em 2020. O PIB americano,
esse, progride à velocidade do caracol para chegar penosamente aos 20.000 biliões
de dólares.
Teremos visto de tudo, pois agora é o Fed, e não apenas
Trump, que está a incentivar o Congresso a gastar mais. Há uma fusão do Fed e
do Tesouro dos EUA para praticar a fuga em frente, algo inédito desde a criação
do Fed. O secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, diante da gravidade da
situação, está até a considerar o cancelamento de pagamentos de empréstimos a
pequenas empresas. Além disso, o Fed é incapaz de aumentar a taxa de juro para
apoiar o dólar, pois isso colocaria em perigo mortal a recuperação económica.
Os riscos de inflacção nos Estados Unidos podem tornar-se um dia muito sérios.
A realidade é que os Estados Unidos, como a Europa, estão a tornar-se um novo
Japão. Nixon, ao revogar a conversibilidade
do ouro em 1971, não percebeu que isso acabaria por levar à desindustrialização
dos Estados Unidos.
A retoma económica artificial tem, de facto, a forma de um K, em que a barra ascendente representa
o luxo em França, os GAFAMs nos Estados Unidos, bem como as bolhas imobiliárias
e de acções, enquanto a barra em queda representa o desemprego e sectores em
declínio. Christine Lagarde duvida mesmo da retoma em 2021 “porque está muito dependente da evolução da
pandemia”. Quanto ao agressivo presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, exorta os líderes europeus a colocar um ponto
final no apoio ao orçamento para a economia a fim de evitar "uma espécie de ilusão da dívida".
Apenas a intervenção dos bancos centrais evita o crash no futuro imediato, mas cada dia
que passa, aumenta a perda de confiança nas moedas actualmente acumuladas, e aguarda pelo dia do juízo final em que
ninguém mais vai querer dinheiro ou papel financeiro, o que levará ao colapso
monetário, económico e provavelmente político do Sistema.
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