Pesquisa conduzida por Robert Gil (ver link - Recherche
menée par Robert Gil)
O capital sempre procurou valorizar-se
onde houvesse maior retorno. Negócios, peculato, cinismo, ganância são
inerentes ao capitalismo. O capitalismo está a morrer porque atinge os seus
limites internos e externos. Internamente porque a concorrência, a competição fazem
com que o capitalista se deva adaptar aos ganhos de produtividade advindos da
inovação e, em particular, aos enormes ganhos relacionados com a micro
informática. Os concorrentes devem alinhar e / ou inovar para ultrapassar.
Externamente porque os recursos naturais estão a diminuir drasticamente.
Jamais poderemos
voltar ao capitalismo dos "gloriosos anos 30" porque a produtividade
por micro informática torna muito pouco rentáveis as indústrias secundárias nos
chamados países desenvolvidos.
A valorização do capital não se faz de outro modo senão pela produção de trabalho humano efectivamente gasto. Ora, a informática, a digitalização, a automação tornam obsoleto o trabalho humano produtivo. Assistimos, portanto, a forças produtivas em comum acordo com o passado em que o trabalho humano se torna obsoleto. Esta forte tendência não pode mais ser compensada pelo consumo, que se realiza através do endividamento. De facto, quando a chamada produtividade relativa atingiu picos (ganhos de produtividade), os capitalistas para contrariar a queda tendencial das taxas de lucro atacam a produtividade absoluta, ou seja, o custo do trabalho.
Temos portanto
muito fortes ganhos de produtividade que destroem o trabalho produtivo humano,
o que diminui o valor gerado por esse pouco trabalho em mercadorias. No
entanto, os trabalhadores não podem consumir essa produção porque os salários
estão a cair ou então é necessário endividarem-se.
Andamos pois aos círculos.
A austeridade é
uma das vias escolhidas pelos cínicos e gananciosos para levar o ponto dessas
contradições ao povo; no entanto, o relançamento, que permitiria reequilibrar a
balança para o lado dos salários, não seria senão uma má jogada que não nos
levaria muito longe.
O que até agora
salvou de maneira fictícia o capitalismo foi a indústria financeira. De facto,
a acumulação excessiva de capital que não encontra saídas na economia real com
os retornos que permitem a sua valorização irá valorizar-se na indústria
financeira que é a única que regista hoje crescimento. Mas todo esse capital
fictício nunca mais entrará na economia produtiva (seja qual for a parte do
mundo, devido à produtividade média geral alcançada) e fornecerá
incansavelmente as bolhas especulativas até que elas estourem.
O mais grave é
que a próxima bolha será a das dívidas públicas (dívidas do Estado). Então,
sim, os Estados não terão mais dinheiro, ou dinheiro fictício, e o relançamento
não fará senão agravar essas dívidas. Uma taxa Tobin sobre transacções
financeiras só fará as bolhas estourarem mais rapidamente.
A China, que é
considerada no TOP, cresceu principalmente devido ao betão (a quantidade de betão
armado usado em 4 anos na China foi tanta como a que os EUA consumiram durante
todo o Século XX!) para desenvolver novas cidades desertas, auto-estradas,
pontes estradas; etc ... e pelo consumo através de endividamento (a classe média
compra, por exemplo, carros de marcas alemãs, mas sob locação; muito poucas
viaturas mais comuns). A China também não pode usar as suas reservas de dólares
porque, assim que forem emitidas, elas serão desvalorizadas.
Em conclusão,
estamos a testemunhar uma desvalorização geral e, em particular, do trabalho
produtivo que é o único que conta para gerar valor económico.
O capitalismo prende-nos a uma corrente de barbárie com os seus pacotes de pobreza, miséria, devastação da natureza, doenças crónicas ligadas a todas as patifarias geradas por essas sociedades.
Na sua agonia, o
capitalismo irá até ao fim destruindo os serviços públicos, transformando em
mercadoria até seres vivos como o ser humano, as actividades que anteriormente
faziam parte da ajuda mútua, como ajudar os idosos, actividades domésticas que
sempre foram atributo de mulheres pouco qualificadas e cujas profissões são
desprezadas, inovando sem parar aparelhos electrónicos inúteis que minam os
laços sociais, destroem a natureza e aumentam o risco de doenças.
Não é a economia circular (que acima de tudo torna possível racionalizar o processo de produção), a economia social e solidária (que dá aos empresários boa consciência e possibilita a mercantilização de actividades que não o eram), o capitalismo verde (que permite que as empresas mais poluentes “esverdeiem” a baixo custo), a auto-gestão, a socialização dos meios de produção que mudarão seja o que for, porque todas essas chamadas economias alternativas estão sujeitas ao capitalismo, portanto, à sociedade da mercadoria.
Vocês podem
apanhar um SCOOP (uma boleia – NdT), mas terão de, mesmo assim, que conquistar mercados nesta sociedade.
Devíamos, portanto, ultrapassar o capitalismo, a sociedade da mercadoria e, portanto, do trabalho, para poder produzir (e temos todos os recursos produtivos possíveis) riqueza para todos, expressando essas riquezas necessidades reais e vitais.
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