segunda-feira, 25 de maio de 2020

A próxima bolha será a das dívidas públicas



  29 janvier 2023 
Pesquisa conduzida por  Robert Gil (ver link - Recherche menée par Robert Gil)

O capital sempre procurou valorizar-se onde houvesse maior retorno. Negócios, peculato, cinismo, ganância são inerentes ao capitalismo. O capitalismo está a morrer porque atinge os seus limites internos e externos. Internamente porque a concorrência, a competição fazem com que o capitalista se deva adaptar aos ganhos de produtividade advindos da inovação e, em particular, aos enormes ganhos relacionados com a micro informática. Os concorrentes devem alinhar e / ou inovar para ultrapassar. Externamente porque os recursos naturais estão a diminuir drasticamente.

Jamais poderemos voltar ao capitalismo dos "gloriosos anos 30" porque a produtividade por micro informática torna muito pouco rentáveis as indústrias secundárias nos chamados países desenvolvidos.

A valorização do capital não se faz de outro modo senão pela produção de trabalho humano efectivamente gasto. Ora, a informática, a digitalização, a automação tornam obsoleto o trabalho humano produtivo. Assistimos, portanto, a forças produtivas em comum acordo com o passado em que o trabalho humano se torna obsoleto. Esta forte tendência não pode mais ser compensada pelo consumo, que se realiza através do endividamento. De facto, quando a chamada produtividade relativa atingiu picos (ganhos de produtividade), os capitalistas para contrariar a queda tendencial das taxas de lucro atacam a produtividade absoluta, ou seja, o custo do trabalho.

Temos portanto muito fortes ganhos de produtividade que destroem o trabalho produtivo humano, o que diminui o valor gerado por esse pouco trabalho em mercadorias. No entanto, os trabalhadores não podem consumir essa produção porque os salários estão a cair ou então é necessário endividarem-se.

Andamos pois aos círculos.
A austeridade é uma das vias escolhidas pelos cínicos e gananciosos para levar o ponto dessas contradições ao povo; no entanto, o relançamento, que permitiria reequilibrar a balança para o lado dos salários, não seria senão uma má jogada que não nos levaria muito longe.

O que até agora salvou de maneira fictícia o capitalismo foi a indústria financeira. De facto, a acumulação excessiva de capital que não encontra saídas na economia real com os retornos que permitem a sua valorização irá valorizar-se na indústria financeira que é a única que regista hoje crescimento. Mas todo esse capital fictício nunca mais entrará na economia produtiva (seja qual for a parte do mundo, devido à produtividade média geral alcançada) e fornecerá incansavelmente as bolhas especulativas até que elas estourem.


O mais grave é que a próxima bolha será a das dívidas públicas (dívidas do Estado). Então, sim, os Estados não terão mais dinheiro, ou dinheiro fictício, e o relançamento não fará senão agravar essas dívidas. Uma taxa Tobin sobre transacções financeiras só fará as bolhas estourarem mais rapidamente.

A China, que é considerada no TOP, cresceu principalmente devido ao betão (a quantidade de betão armado usado em 4 anos na China foi tanta como a que os EUA consumiram durante todo o Século XX!) para desenvolver novas cidades desertas, auto-estradas, pontes estradas; etc ... e pelo consumo através de endividamento (a classe média compra, por exemplo, carros de marcas alemãs, mas sob locação; muito poucas viaturas mais comuns). A China também não pode usar as suas reservas de dólares porque, assim que forem emitidas, elas serão desvalorizadas.

Em conclusão, estamos a testemunhar uma desvalorização geral e, em particular, do trabalho produtivo que é o único que conta para gerar valor económico.

O capitalismo prende-nos a uma corrente de barbárie com os seus pacotes de pobreza, miséria, devastação da natureza, doenças crónicas ligadas a todas as patifarias geradas por essas sociedades.

Na sua agonia, o capitalismo irá até ao fim destruindo os serviços públicos, transformando em mercadoria até seres vivos como o ser humano, as actividades que anteriormente faziam parte da ajuda mútua, como ajudar os idosos, actividades domésticas que sempre foram atributo de mulheres pouco qualificadas e cujas profissões são desprezadas, inovando sem parar aparelhos electrónicos inúteis que minam os laços sociais, destroem a natureza e aumentam o risco de doenças.

Não é a economia circular (que acima de tudo torna possível racionalizar o processo de produção), a economia social e solidária (que dá aos empresários boa consciência e possibilita a mercantilização de actividades que não o eram), o capitalismo verde (que permite que as empresas mais poluentes “esverdeiem” a baixo custo), a auto-gestão, a socialização dos meios de produção que mudarão seja o que for, porque todas essas chamadas economias alternativas estão sujeitas ao capitalismo, portanto, à sociedade da mercadoria.

Vocês podem apanhar um SCOOP (uma boleia – NdT), mas terão de, mesmo assim,  que conquistar mercados nesta sociedade.

Devíamos, portanto, ultrapassar o capitalismo, a sociedade da mercadoria e, portanto, do trabalho, para poder produzir (e temos todos os recursos produtivos possíveis) riqueza para todos, expressando essas riquezas necessidades reais e vitais. 

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