Por
Marc
Rousset.
No conjunto do mês de Abril, o Dow Jones valorizou
11,1%, o S&P 500 12,7%, com os dois índices a registarem o seu
melhor desempenho mensal desde 1987. O NASDAQ, por sua vez, aumentou 15,4%,
o seu melhor mês desde 2000. A bolsa e os aforradores estão em ruínas porque Wall
Street, após o seu primeiro mergulho espectacular em 23 de Março de
2020, segue exactamente o mesmo caminho falsa retoma que em 1929 a levou ao abismo! Desde o início de
2020, o S&P 500 perdeu apenas 15%, enquanto as acções europeias perderam
10% a mais.
A maioria das acções das tecnológicas americanas continuam
sobre-valorizadas, sendo o melhor exemplo a Tesla,
que passou de 260 para 700 dólares,
enquanto a sua principal fábrica californiana está fechada, assim como os seus
escritórios de vendas. Foram necessários vários tweets de verdade do seu
patrão Elon Musk, a dizer que o preço era "muito alto" para
que finalmente caísse, esta sexta-feira, 10,30%.
A saúde de Wall Street ainda é sempre tão insolente com os seus
GAFAM
sobre-valorizados, que nos faz lembrar
a bolha da Internet em 2000. A participação da Amazon aumentou ainda
mais 28% desde o 1º de Janeiro; somente a Amazon vale 1,2 triliões de dólares,
ou seja 89% do valor do CAC 40! Os stocks,
apesar do actual retoma, vêm caindo desde o início do ano, mas não vamos
esquecer o aumento recorde antes do crash.
O ratio preferido de Warren Buffett valor de mercado/PIB, é hoje
de 1,3, que era o seu valor em 2000 aquando
do estoiro da bolha da Internet.
De acordo com a consultora FactSet, espera-se que as empresas
do S&P 500 vejam os lucros caírem, em média, 15,2% no primeiro trimestre e as
suas vendas estagnar. O golpe deve ser ainda mais difícil no segundo trimestre,
após uma queda de 31,9% nos lucros e uma queda de 8,2% nas vendas. A relação
entre os preços das acções das empresas e os lucros é, portanto, actualmente
mais alta do que em meados de Fevereiro, antes da pandemia atingir fortemente a
economia americana. Existe sempre um
divórcio completo entre a cotação do mercado e a terrível realidade económica
que está para vir. Foram necessárias apenas informações questionáveis
sobre as virtudes do tratamento com o remdesivir
do laboratório Gilead, com um estudo chinês a concluir que era completamente
ineficaz, para fazer regressar Wall Street à quinta-feira, 30 de Abril.
A verdade é que o crash
de 1929 ocorreu em duas etapas: um primeiro colapso, entre 22 de outubro de
1929 (326,51) e 13 de Novembro de 1929 (198,69), de -39%, seguido de uma retoma
de alguns meses até Março de 1930 (294,07), antes de um segundo deslizar
infernal e interminável de três anos até 8 de Julho de 1932, com um Dow Jones
em 41,22!
Deslizamento intercalado com sete curtas tentativas abortadas
de subida, que em comparação com 22 de Outubro de 1929, representaram uma queda
de aproximadamente -90% (-87,41%). Basta dizer que os actuais encontros de
bolsistas com empresas de comunicação social não podem ser tomados por verdades
sagradas. E, é claro, assim como hoje, a queda de 1929 foi precedida por um
aumento especulativo no índice Dow Jones, entre Janeiro de 1921 e Setembro de
1929, de 80 para um máximo de 381,7.
A única diferença é que na época não havia Macron,
nem um "QE" infinito em toda a parte do mundo. Não havia
helicóptero monetário e teoria monetária moderna, nada de taxas de juros
negativas que consistissem em ser-se pago para obter crédito, nada de preços de
petróleo negativos. Não havia Banco do Japão a comprar sem limite títulos
obrigacionistas, ou seja, hoje 5,296 biliões de euros, nenhum BCE a comprar sem
limites títulos podres ou não, ou hoje 5,347 biliões de euros, não o Fed
americano que compra títulos podres ilimitados ou não, ou seja, 7,128 biliões
de euros! Esta é a razão pela qual a nova crise de 1929 que estamos a enfrentar
terminará num desastre económico e bolsista, mas com, para além disso, uma
catástrofe monetária bastante semelhante à da Alemanha em 1923!
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