A cidade do Cartaxo, no distrito de Santarém, tem funcionado
nos últimos tempos como uma “montra” da política de “bloco central”. É o
exemplo claríssimo de que, quando no poder – desta feita autárquico – PS e PSD
têm para com o povo e suas necessidades o mesmíssimo desprezo.
Numa Câmara Municipal onde pontificam os correlegionários de
Seguro, que assegura a pés juntos – como se o PS não tivesse assinado o
memorando de entendimento com a tróica germano-imperialista – que é contra as
políticas de austeridade que o PSD impõe aos trabalhadores e ao povo português
para que estes paguem uma dívida que não contraíram, o mesmo que assegura que
está contra a transferência de activos e empresas estratégicas públicas para as
mãos de privados, eis um executivo camarário, controlado pelo PS, que perante
um activo público da importância estratégica e económica como o é a água,
demonstra, a quem ainda restassem dúvidas, que a cantilena até pode ser
diferente da de Coelho e Portas, mas a letra é a mesma.
Não contentes com o facto de terem concessionado à empresa
Cartágua a exploração do sistema de água e saneamento no concelho do Cartaxo, o
PS, que detém a maioria do executivo camarário tinha feito aprovar, na passada
5ª feira, de manhã, um aumento médio de 40% na factura da água a ser paga pelos
munícipes, até 2018, justificando tal aumento com o facto de a empresa
concessionária se ter queixado de não estar a registar os lucros que esperava
quando se iniciou, em 2010, o presente contrato de concessão.
Certamente recordados dos acontecimentos que, no passado
recente, levaram os trabalhadores e o povo do Cartaxo, sobre este mesmo tema, a
fazer transbordar o salão nobre, quer de munícipes, quer da revolta popular,
contra a privatização da água, na noite dessa mesma 5ª feira, para além dos
deputados da chamada “oposição”, que votaram contra o projecto, quatro
deputados municipais do PS abstiveram-se, inviabilizando assim, a tentativa do
executivo de, para satisfazer os interesses privados, consumar uma medida que
agravaria as condições de vida, já de si dramáticas, do povo do concelho do
Cartaxo.
Os trabalhadores e o povo do Cartaxo, que não alimentaram
ilusões no passado, não as devem alimentar agora, tão pouco. Com a proximidade
de eleições autárquicas os partidos do “arco do poder” na câmara tentam ,cada
um à sua maneira, cavalgar o descontentamento popular. E o que faz o PCP e o
BE?
Exactamente o mesmo! A questão não é estar contra o aumento do tarifário. A
questão, que só o povo do Cartaxo pode resolver – a questão que nenhum dos
partidos com representação na Assembleia Municipal demonstrou ter vontade
política em resolver –, é impôr a
revogação do contrato com uma empresa privada, cujo objectivo é obter lucros e
não o de satisfazer as necessidades das populações e da economia do concelho do
Cartaxo.
A solução é fazer regressar a gestão do abastecimento de
água e do saneamento ao domínio camarário. Uma parte da solução passa por, nas
próximas eleições autárquicas, votar em quem efectivamente represente os
interesses de quem trabalha e vive no concelho do Cartaxo.
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