Carlos
Moedas, o unineurónio secretário de estado adjunto do primeiro-ministro, foi a
Madrid botar discurso. Afirmou esta iluminária que “Portugal é a prova de que os défices não geram crescimento”
e que “não são os gastos exponenciais que estimulam a economia”, para concluir
que “se aceitarmos que o euro merece o esforço, precisamos de nos focar na
solução e não no problema”.
Ainda segundo esta personagem, “o modelo económico em
Portugal tem beneficiado as grandes empresas e dificultado as pequenas, ágeis
empresas”, tendo “… o Governo … de trabalhar para criar um nível de igualdade
de condições”, escamoteando que tal se deve a uma agenda ideológica a que este
governo aderiu e que se baseia no acelerar das condições para uma mais forte
acumulação capitalista, mais centrada nos grandes grupos económicos e
financeiros, mais focada na privatização dos activos e empresas estratégicas.
Por isso, não faltam recursos para os primeiros e para os pequenos e médios empresários
se aponta o caminho da falência e da destruição das forças produtivas.
Mal comparada, a imagem que melhor representa o que estas
afirmações encerram é a do individuo que, com uma tremenda dor de dentes, segue
o conselho “amigo” de que, se der uma martelada no dedo indicador, passa a
ficar com uma dor no dedo, é certo, mas a dor de dentes passa. Claro que, o
imbecil que estes conselhos “amigos” segue, desperta rapidamente para a realidade de que, afinal, passou a ter uma dor no dedo indicador e a de dentes
manteve-se ou agravou!
Esta “brilhante” criatura é sistematicamente utilizada, à
vez, quer pelo traidor Coelho, quer pelo monocórdico Gaspar, para vir, num tom
coloquial, demonstrar o indemonstrável. Que é possível pagar uma dívida, da
qual cuidadosa e cirurgicamente se esconde a quem se deve, quanto é que se deve
e porque é que se deve e, ao mesmo tempo, gerar crescimento, emprego e regular
funcionamento de todo uma infraestrutura de “prestações sociais” que vão do
acesso à saúde à educação, do subsídio de desemprego às reformas e pensões,
passando por assegurar rendimentos mínimos a quem não possui emprego ou
qualquer outra fonte de rendimento.
Basicamente, o que, em nome deste governo de traição nacional
PSD/CDS, defendeu o Moedas, uma vez mais, em Madrid, é que os trabalhadores e o
povo português devem ajoelhar perante um mecanismo através do qual a tróica
germano-imperialista dá sustentabilidade a um chorudo negócio que gera
fabulosos lucros, devido às taxas de juros agiotas que praticam os grandes grupos
financeiros e bancários – sobretudo alemães -, à custa da colonização de países
terceiros e de um empobrecimento brutal dos seus povos.
O que Moedas tenta fazer é esconder o Sol com uma peneira.
Para além de estarem a obrigar, através do roubo dos salários e do trabalho, do
confisco de subsídios de férias e de natal, dos sucessivos cortes nas
“prestações sociais”, da dificultação do acesso do povo à saúde e à educação,
etc., a um inaudito empobrecimento do povo, é impossível, mesmo do ponto de
vista da “lógica” capitalista, pagar dívidas com uma taxa de juro de 5, 6% e
mais de juros, quando está prevista uma recessão da economia de 2,3% ! Para que
tal ocorresse, ainda segundo esta “lógica”, a economia teria de estar a
crescer, no mínimo, a taxa idêntica aos juros que se pagam.
E, tanto assim é que, desde que se iniciou o programa de
“resgate” a que Portugal foi sujeito, desde que PS, PSD e CDS firmaram com a
tróica germano-imperialista um memorando de traição aos interesses do povo
português, que a dívida não cessa de aumentar, o déficit se agrava, as
condições de vida do povo se agravam e a nossa soberania nacional foi
completamente esfrangalhada.
Pode o Moedas construir os “castelos de areia” que quiser. Os
trabalhadores, o povo português já não se deixam iludir por este tipo de
receitas. Para eles é cada vez mais claro que a solução, a saída que melhor
serve os seus interesses, passa pelo derrube deste governo, pela expulsão da
tróica germano-imperialista e pela suspensão imediata do pagamento da dívida e
dos juros.
Não é possível servir dois senhores: o negócio da dívida que
satisfaz os grandes grupos financeiros e bancários e o bem estar, a dignidade e
a independência de um povo e de um país!
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