quarta-feira, 6 de março de 2013

O GIGANTE “VERMELHO”


Apesar de ter sido escrito em 1985, pelo poeta popular Leonel Santos, justifica-se a sua 

publicação, hoje, pois, quando o governo de traição nacional PSD/CDS tenta instigar o 

terror e o medo na sociedade, para que os trabalhadores e o povo não resistam nem lutem 

pelo seu derrube, este poema é um autêntico hino, não só contra os mitos, mas contra o 

medo que eles alimentam.


O GIGANTE “VERMELHO”


Diz-nos a lenda que em tempo distante

Andou nestas ruas soberbo gigante

Que a pedra mais dura da dura calçada

Temia-lhe a bota tamanha e pesada

Lá das alturas o Sol e a Lua


Doiravam o gigante, gingando na rua


Os pombos da praça, a lenda garante


Borravam-se todos ao ver o gigante


Porém o estafermo parecia indiferente


Julgava-se um rei como é evidente


No norte e no sul havia temor


E havia ilusões naquela abantesma de falso valor


Só quem o ouviu no seu apogeu


Fará uma ideia daquela carcaça que a terra sorveu


As suas entranhas cuspiam ao vento

Milhares de façanhas em cada momento


Fazia projectos, traçava futuros


Travava combates, constantes e duros


Sou pelos mais fracos, sou pelo direito

 
Dizia o gigante, berrando e batendo com força no peito


Falava de esquerda com grande alarido


Em Marx e Mao, ninguém me ultrapassa, dizia o bandido


Com tanta bravata, confesso afinal


Sonhei no gigante, um ser importante e quase imortal


Sonhei digo bem, pois hoje acordado


Não vejo o gigante, nem eu nem ninguém, nem sei do seu fado


Como é que um gigante assim se evapora


Perguntam vocês que o viram outrora


O caso é diferente e bastante bizarro


O gigante era um ente com pernas de barro


E outro gigante mais alto e mais forte


Que o dorso das serras, que o reino da morte


Gigante real, obreiro e capaz


Que mostra o que vale nas obras que faz


Topou-lhe a fraqueza, quebrou-lhe as canelas


E o falso gigante não anda sem elas


E agora se alguém o vir, pois então


Há-de ver que o jagunço não passa de anão…


Duvido porém, que o vejam de novo


Gigantes são mitos; gigante é o Povo!




Leonel Santos

Lisboa, 25/4/85


Este poema é da autoria de Leonel Santos, poeta popular e versa um «mito»

que faz parte das «memórias» políticas de muitos colegas dos TLP.


Foi publicado no Boletim Informativo do Sindicato dos Telefonistas de Lisboa, n.23, em
 

Janeiro de 1987.

2 comentários:

  1. Grande poema de um poeta popular que tem uma visão do mundo muito especial Honra a Leonel santos.

    ResponderEliminar
  2. parece mesmo que foi engendrado para colar na testa do Pacheco Pereira:
    "Falava de esquerda com grande alarido/ Em Marx e Mao, ninguém me ultrapassa, dizia o bandido"
    (lol)

    ResponderEliminar