As dinâmicas no seio de um partido como o PS, que sempre foi
uma federação de “partidos”, redundaram numa aberração política que é a
apresentação de uma intenção: sujeitar
o governo de traição nacional a uma moção
de censura…num futuro próximo, num tempo por definir!
O crescendo da revolta popular, o cada vez maior isolamento
de um governo que não pode explicar porque é que uma receita, supostamente
destinada a resgatar o país do
deficit e da dívida, bem pelo
contrário agravaram, quer o deficit, quer a dívida, levaram as diferentes sensibilidades e tendências no seio do PS, a querer algo mais, a acelerar um
processo que levasse à queda deste governo, sem que, contudo, essa queda
significasse uma alteração de paradigma, quer em relação à dívida e ao deficit
quer em relação ao programa que a tróica germano-imperialista, através do
memorando que levou o PS, o PSD e o CDS a assinar, pretende impôr para Portugal
e contra os trabalhadores e o seu povo.
Não menos displicente será o vislumbre da possibilidade de o
Tribunal Constitucional, e as prima donas que nele confabulam, vir a considerar, face à impossibilidade de
voltar a branquear – como o fez no passado recente –, ilegais e
inconstitucionais várias das medidas propostas na Lei Geral do Orçamento de
Estado para 2013, medidas que têm levado a um sistemático roubo dos salários e
do trabalho e a um inaudito empobrecimento dos trabalhadores e do povo
português.
Num contexto em que se tem de bater com várias tendências e
sensibilidades dentro do seu próprio partido, Seguro e o seu núcleo dirigente começam por defender a tese de que existiria uma
“tróica de esquerda”, claramente protagonizada pelo directório do Largo do
Rato, em contradição com a política
da “tróica de direita” protagonizada pela Buenos Aires e pelo Largo do Caldas,
isto é, pelos traidores Coelho e Portas. Mas, esta posição pífia e hesitante
não satisfaz, ainda, os gurus do
partido que querem, agora, ver sangue. Ou
seja, acreditam que o tempo das palavras já está esgotado, agora é tempo de acção e urge tomar o poder de assalto!
Surgem então várias figuras de proa, que tinham estado
escondidas no armário a aguardar melhor oportunidade, desde o trauliteiro Jorge
Coelho, ao sebastiânico José Sócrates, para evidenciar que o PS estava preparado, uma vez mais, para
assaltar o poder e formar, de novo, governo. São estas as razões imediatas do
anúncio da intenção de apresentar uma moção de censura ao governo de traição
Coelho/Portas.
Não vá a tróica não gostar da brincadeira, e até a
considerar arriscada por comprometer o tão desejado consenso político que assegure que o negócio da dívida seja bem sucedido e a consolidação da ocupação e
domínio sobre o nosso país uma realidade irreversível, Seguro não perde tempo a
enviar uma missiva a Bruxelas, com conhecimento para o BCE, o FMI e, claro
está, para a patroa deles todos, a fuhrer Merkel.
Uma missiva tranquilizadora,
assegurando que não, que a censura a este governo reside na constatação da sua
inabilidade e ineficácia em cumprir as metas traçadas pelo memorando da tróica
germano-imperialista que o PS subscreveu e que está desejoso de demonstrar como
é capaz de melhor o executar. Seguro faz questão de dizer à tróica
germano-imperialista que se dispõe a ser o bombeiro que apague o fogo da
revolta e contestação que a inépcia dos traidores Coelho e Portas atearam.
Ou seja, o facto de o PS parecer querer derrubar este
governo nada tem a ver com a suspensão do pagamento da dívida, nada
comprometerá o fluxo de pagamentos de juros faraónicos aos grandes grupos
financeiros e bancários, que uns esquerdistas
danados por aí andam a ameaçar.
Nada disso! O PS sob a direcção de Seguro sente necessidade
de reafirmar a sua vassalagem à tróica germano-imperialista, assegurando que,
venha ele a constituir governo, continuará a ser o povo a pagar uma dívida que
não contraiu, e da qual não beneficiou, só que…de forma mais suave! Com juros
mais baixinhos, em prestações mais espaçadas, tudo isto para que, claro, haja crescimento! Crescimento que, segundo
Seguro, ocorrerá, precisamente, à custa de maior endividamento, do alimentar
perpétuo do pagamento de juros usurários, que são a consequência directa do
insistente pedido da actual direcção
do PS a que a tróica dê mais tempo e
mais financiamento!
Sempre afirmámos, e os trabalhadores e o povo português
constatam-no cada vez mais no seu dia a dia de luta, que o derrube deste
governo de traição PSD/CDS nunca poderia contar com a direcção pró-tróica de
Seguro no PS, uma direcção que faz do jogo de cintura, do tacticismo oportunista e da subserviência face aos grandes grupos
financeiros e bancários, bem como em relação aos centros de decisão que os seus
interesses defendem e representam, a marca da sua existência.
A frente democrática patriótica que é necessário consolidar
pode e deve contar com todos os militantes e simpatizantes daquele partido que
se revejam num programa político que, após o derrube deste governo, leve à
constituição de um governo democrático patriótico que suspenda de imediato o
pagamento da dívida e dos juros, nacionalize todas os activos e empresas
estratégicas, intervencione a banca para evitar fuga de capitais e prepare o
país para a eventual saída do euro.
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