domingo, 24 de março de 2013

Uma moção de censura…à consignação!


As dinâmicas no seio de um partido como o PS, que sempre foi uma federação de “partidos”, redundaram numa aberração política que é a apresentação de uma intenção: sujeitar o governo de traição nacional a uma moção de censura…num futuro próximo, num tempo por definir!

O crescendo da revolta popular, o cada vez maior isolamento de um governo que não pode explicar porque é que uma receita, supostamente destinada a resgatar o país do deficit e da dívida, bem pelo contrário agravaram, quer o deficit, quer a dívida, levaram as diferentes  sensibilidades e tendências no seio do PS, a querer algo mais, a acelerar um processo que levasse à queda deste governo, sem que, contudo, essa queda significasse uma alteração de paradigma, quer em relação à dívida e ao deficit  quer em relação ao programa que a tróica germano-imperialista, através do memorando que levou o PS, o PSD e o CDS a assinar, pretende impôr para Portugal e contra os trabalhadores e o seu povo.

Não menos displicente será o vislumbre da possibilidade de o Tribunal Constitucional, e as prima donas que nele confabulam, vir a considerar, face à impossibilidade de voltar a branquear – como o fez no passado recente –, ilegais e inconstitucionais várias das medidas propostas na Lei Geral do Orçamento de Estado para 2013, medidas que têm levado a um sistemático roubo dos salários e do trabalho e a um inaudito empobrecimento dos trabalhadores e do povo português.

Num contexto em que se tem de bater com várias tendências e sensibilidades dentro do seu próprio partido, Seguro e o seu núcleo dirigente começam por defender a tese de que existiria uma “tróica de esquerda”, claramente protagonizada pelo directório do Largo do Rato, em contradição com a política da “tróica de direita” protagonizada pela Buenos Aires e pelo Largo do Caldas, isto é, pelos traidores Coelho e Portas. Mas, esta posição pífia e hesitante não satisfaz, ainda, os gurus do partido que querem, agora, ver sangue. Ou seja, acreditam que o tempo das palavras já está esgotado, agora é tempo de acção e urge tomar o poder de assalto!

Surgem então várias figuras de proa, que tinham estado escondidas no armário a aguardar melhor oportunidade, desde o trauliteiro Jorge Coelho, ao sebastiânico José Sócrates, para evidenciar  que o PS estava preparado, uma vez mais, para assaltar o poder e formar, de novo, governo. São estas as razões imediatas do anúncio da intenção de apresentar uma moção de censura ao governo de traição Coelho/Portas.

Não vá a tróica não gostar da brincadeira, e até a considerar arriscada por comprometer o tão desejado consenso político que assegure que o negócio da dívida seja bem sucedido e a consolidação da ocupação e domínio sobre o nosso país uma realidade irreversível, Seguro não perde tempo a enviar uma missiva a Bruxelas, com conhecimento para o BCE, o FMI e, claro está, para a patroa deles todos, a fuhrer Merkel.

Uma missiva tranquilizadora, assegurando que não, que a censura a este governo reside na constatação da sua inabilidade e ineficácia em cumprir as metas traçadas pelo memorando da tróica germano-imperialista que o PS subscreveu e que está desejoso de demonstrar como é capaz de melhor o executar. Seguro faz questão de dizer à tróica germano-imperialista que se dispõe a ser o bombeiro que apague o fogo da revolta e contestação que a inépcia dos traidores Coelho e Portas atearam.

Ou seja, o facto de o PS parecer querer derrubar este governo nada tem a ver com a suspensão do pagamento da dívida, nada comprometerá o fluxo de pagamentos de juros faraónicos aos grandes grupos financeiros e bancários, que uns esquerdistas danados por aí andam a ameaçar.

Nada disso! O PS sob a direcção de Seguro sente necessidade de reafirmar a sua vassalagem à tróica germano-imperialista, assegurando que, venha ele a constituir governo,  continuará a ser o povo a pagar uma dívida que não contraiu, e da qual não beneficiou, só que…de forma mais suave! Com juros mais baixinhos, em prestações mais espaçadas, tudo isto para que, claro, haja crescimento! Crescimento que, segundo Seguro, ocorrerá, precisamente, à custa de maior endividamento, do alimentar perpétuo do pagamento de juros usurários, que são a consequência directa do insistente pedido da actual direcção do PS a que a tróica mais tempo e mais financiamento!

Sempre afirmámos, e os trabalhadores e o povo português constatam-no cada vez mais no seu dia a dia de luta, que o derrube deste governo de traição PSD/CDS nunca poderia contar com a direcção pró-tróica de Seguro no PS, uma direcção que faz do jogo de cintura, do tacticismo oportunista e da subserviência face aos grandes grupos financeiros e bancários, bem como em relação aos centros de decisão que os seus interesses defendem e representam, a marca da sua existência.

A frente democrática patriótica que é necessário consolidar pode e deve contar com todos os militantes e simpatizantes daquele partido que se revejam num programa político que, após o derrube deste governo, leve à constituição de um governo democrático patriótico que suspenda de imediato o pagamento da dívida e dos juros, nacionalize todas os activos e empresas estratégicas, intervencione a banca para evitar fuga de capitais e prepare o país para a eventual saída do euro.

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