Um dos Coelhos que mais tem ensombrado a vida dos
trabalhadores e do povo português e que se tem revelado um “bom aluno” e canino
serventuário dos interesses da tróica germano-imperialista, transformando o
nosso país num protectorado ou colónia, sobretudo da Alemanha, fez anunciar,
através do seu “xanax” de serviço, Vítor Gaspar, aquilo para o que o PCTP/MRPP,
há cerca de dois anos vinha a denunciar: que esta dívida – insistimos, que não
foi contraída pelo povo, nem o povo dela retirou qualquer benefício – era
IMPAGÁVEL (claro que o Gaspar e os seus chefes Coelho e Portas não colocam as
coisas assim) e que, fossem quais fossem as medidas que se adoptassem, a
fogueira ateada por ela nunca se extinguiria e seria o povo a sofrer na carne
os efeitos da onda de calor por si libertada.
Com juros faraónicos associados, com medidas adoptadas que
provocam recessão e nenhum crescimento se vislumbra, bem pelo contrário
agravando-se o desemprego e a precariedade, não surpreende que Gaspar, a mando
de Coelho, venha com aquele ar sorumbático que lhe é característico – rodeado
de “brilhantes” secretários de estado para caucionar a “excelência” das medidas
que anuncia – bater com a mão no peito e afirmar que a culpa dos sucessivos
erros de avaliação e previsão que efectuou e propôs, não era dele, mas sim de
factores que lhe eram estranhos e externos!
Nada mais falso! A situação que hoje os trabalhadores e o
povo português vivenciam tem um rosto e tem responsáveis. Desde logo, este
governo de traição nacional PSD/CDS. Mas, também, os governos PS e o em boa
hora corrido Sócrates. Todos eles responsáveis pela destruição sistemática do
nosso tecido produtivo, todos eles responsáveis pelas trafulhices
jurídico-políticas que são as PPP’s, todos eles responsáveis por autênticos
batalhões de corruptos a viverem à custa do orçamento de estado, isto é, dos
impostos que são roubados a quem trabalha.
Não há que ter ilusões! Mais de três décadas de sucessivos
governos de “bloco central” – PS e PSD, por vezes com o CDS pela trela –
demonstram à saciedade que o programa de ambos tem o mesmo conteúdo, apenas
deriva na forma e na linguagem utilizada. E, tanto assim é que, pasme-se, o PS
tirou ontem da cartola, na apresentação de José Junqueiro, como candidato à presidência da Câmara de
Viseu, o seu Coelho…o Jorge! O que faz correr o Jorge da Mota-Engil? O Jorge
que se “sente bem” em voltar às lides “públicas”? Desde logo, esta noção egoísta do “sabe-me bem”, que revela que, muito mais do que a preocupação com
a situação para a qual os trabalhadores e o povo português foram atirados, está
a sua vontade pessoal e egoísta de se sentir bem.
Depois, em nenhum momento da sua intervenção dedicou uma
palavra que fosse para fazer um balanço crítico àcerca do governo em que
pontificou o seu amigo Sócrates, percursor da invasão imperial e da subjugação
do país e dos trabalhadores e do povo português aos ditames da tróica
germano-imperialista, fazendo tábua rasa sob a circunstância de o seu partido
ser um dos subscritores do memorando com o FMI/FEEF/BCE. Pudera!
Ficou claro, até para o mais distraído, que o que moveu,
então, o Coelho Jorge, a voltar a vestir a pele de tribuno – e a “saber-lhe bem”
– não foi a preocupação com o facto de o povo estar a ser cada vez mais sujeito
a um empobrecimento inaudito e o país estar a ser exaurido dos seus recursos.
Nada disso! A sua preocupação, como representante dos interesses de um dos
maiores grupos da construção civil, e não só,
a Mota-Engil, é que, num orçamento de estado, todo ele estruturado em
volta do princípio de saquear o salário e o trabalho para queimar no altar da
dívida, uma fatia desse orçamento não se destine a beneficiar, como no passado,
“obras de regime” que tantos lucros e mordomias proporcionaram à sua empresa.
Demonstrativo de que entre estes dois Coelhos apenas uma
coisa os distingue: um dá pelo nome de Pedro e outro de Jorge!
O tempo de que com papas e bolos se enganam os tolos já lá
vai Coelho Jorge! A classe operária, os trabalhadores, o povo em geral, estão
cada vez mais conscientes de que a única saída para a sua luta consiste no
derrube deste governo de traição nacional e de todos os que apoiaram as suas
medidas e no isolamento de toda a cáfila de oportunistas que escamoteiam, como
o PS o faz, que são a favor da tróica e do seu memorando. Consciência que se
estende à necessidade de constituir um governo democrático patriótico cuja
primeiríssima medida seja a da suspensão do pagamento da dívida e dos juros
faraónicos que os grandes grupos financeiros e bancários, com os alemães à cabeça,
estão a impôr.
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