quarta-feira, 27 de março de 2013

Conforlimpa: Lutar contra a exploração, o roubo dos salários e os despedimentos


conforlimpa 01Cerca de duzentos de trabalhadores da Conforlimpa (Tejo) concentraram-se, ontem, dia 25, na freguesia de Castanheira do Ribatejo, onde está a sede da empresa, para exigir o pagamento dos salários em atraso, cumprindo assim mais um dia de greve.
Os 7.230 trabalhadores não receberam o ordenado de Fevereiro e muitos deles aguardam ainda o pagamento do salário de Janeiro e do subsídio de Natal.
Esta situação surgiu depois de o presidente do grupo empresarial, Armando Cardoso, e mais dez arguidos serem acusados pelo Ministério Público dos crimes de associação criminosa e de fraude fiscal qualificada, que terão lesado o Estado em mais de 42 milhões de euros. Ao mesmo tempo, o pedido de insolvência da Conforlimpa (Tejo), com pedido de recuperação do grupo, foi aceite pelo Tribunal de Comércio de Lisboa a 7 de Março, e publicado cinco dias depois em Diário da República. Decorre agora o prazo de 30 dias para a empresa apresentar um plano de viabilização.
Os trabalhadores, que já realizaram várias paralisações desde o princípio do ano, contestam esta situação de indefinição que atinge dramaticamente as suas vidas e as suas famílias. Casos relatados são dramáticos, como a de Isaura Dantas de 59 anos, trabalhadora há uma década e funcionária de limpeza no Hospital de São João, "Há muitas colegas que passam fome”, disse Isaura Dantas, acrescentando que “temos colegas que estão a comer só sopa. Não têm gás nem água. Chegamos ao cúmulo de o hospital ter pedido às outras trabalhadoras para que trouxessem comestíveis para as pessoas mais carenciadas. É uma pobreza e tristeza total". Ao seu lado, Carla Henriques, que aguarda o ordenado de Fevereiro: "Vivo com os meus pais, mas eles não têm possibilidades. Estamos a ser ajudados pela minha irmã e pelo meu cunhado, que nos emprestam dinheiro. A minha mãe não tem gás para cozinhar", disse.
É importante denunciar que estes trabalhadores, na sua maioria mulheres, recebem salários de miséria de 300, 350, 400 euros. Ao mesmo tempo que se realizava esta concentração, em Coimbra, dezenas de trabalhadores da Conforlimpa, que cumprem um dia de greve, concentraram-se em frente ao edifício da Câmara Municipal, exigindo o pagamento de "dois, três e até quatro meses de salários em atraso". Os trabalhadores, que participaram num "dia de greve e de luta nacional" promovido pelo Sindicato dos Trabalhadores de Serviços, Vigilância, Limpeza, Domésticas e Actividades Diversas (STAD), reuniram-se ali por não terem dinheiro para se deslocarem a Vila Franca de Xira, constatação feita por uma dirigente sindical presente.
Os trabalhadores em luta denunciaram ainda o facto de o governo estar a dar orientações para os organismos e entidades públicas - principal cliente da Conforlimpa - adquirirem os serviços pelo preço mais baixo, sem se preocupar se as empresas escolhidas “pagam ordenados pela tabela legal, pagam os impostos e pagam as contribuições à Segurança Social”, acrescenta um dirigente do Sindicato.
Aos trabalhadores só existe uma saída, o combate contra esta actuação puramente terrorista do patronato com a cumplicidade e cobertura do governo e seus tribunais. Mas não bastam os objectivos imediatos, mais que justos, do pagamento dos seus parcos salários em atraso. É fundamental ter em vista a luta pelo derrube deste governo que deve ser imposto aos seus representantes sindicais, batalhando pela realização de uma ou mais greves gerais tendo como objectivo não simplesmente o “aumento do salário mínimo”, justíssimo, mas derrubando este governo de traição nacional, impondo em seu lugar um governo democrático patriótico, governo, este, que nunca aceitará que os trabalhadores sejam tratados como simples mercadoria.
Os trabalhadores vencerão!

Retirado de:
http://lutapopularonline.org/index.php/pais/92-movimento-operario-e-sindical/623-conforlimpa-lutar-contra-a-exploracao-roubo-dos-seus-salarios-e-os-despedimentos

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